“PROCISSÃO DO SANTO OFÍCIO” (LA ROMERIA DE SAN ISIDRO)
“PROCISSÃO DO SANTO OFÍCIO”
(LA ROMERIA DE SAN ISIDRO)
VOCÊ PODE imaginar o que é passar a infância a viver sob influências deletérias. E na juventude, viver a garimpar o Inconsciente Coletivo Familiar e Social em busca de respostas para essas ansiedades e tensões alimentadas por aqueles que deveriam proteger os filhos delas, e não os lançar perversamente nelas.
A SEXUALIDADE tóxica daquele casal de pessoas espiritualmente negativas, empobrecidas em suas infâncias por comportamentos de terceiros que certamente lançaram-nas no ambiente sexualmente mórbido, característico das peças dramatúrgicas do jornalista e escritor Nélson Rodrigues.
GRANDE PARTE das pessoas jovens que foram criadas em situação de subdesenvolvimento mental, emocional e intelectual, ficaram impregnadas de insanidade dos pais, ignorando por toda a infância que eram vítimas dessas influências. Eu, não poucas vezes me surpreendia na situação shakespeareana de me ver em frente a um pai que não me ensinava nem me educava, ao contrário: Me incentivava a seguir o caminho da marginalidade. Caminho esse que, suponho, o dramaturgo inglês assim definia:
— “Quando um pai ensina ou educa seu filho, ambos riem. Quando um filho ensina ou educa seu pai, ambos choram”.
SE NÃO VIVÊSSEMOS num país atormentado pela corrupção, a pobreza, a fome, por políticos fabricantes de fantoches miseráveis, materiais, emocionais e intelectuais, não teríamos de estar sob a influência deletéria de um presidente que exalta o discurso antidemocrático, as estratégias de campanha mentirosas e arbitrárias...
... UM PRESIDENTE que chegou ao excesso de falta de honra e vergonha, que para ele não é um vexame, muito pelo contrário (ele se achou muito esperto) ao sequestrar as comemorações de rua do Bicentenário da Independência e canalizou as festividades desse dia para fazer discursos de campanha política da própria reeleição.
O BRASIL VIVE sob a influência da cidade fantasma de Brasília. Da Brasília que se quer uma dinastia de políticos com suas almas corruptas penadas, com representantes que investem nos portais de um Estado de submundo criado por eles, enquanto se locupletam das verbas bilionários do orçamento secreto, também conhecido por “emenda de relator”. Um político que há quatro anos não faz outra coisa exceto investir em reeleição.
NESSE SUBMUNDO de miséria material, moral, intelectual e fome que eles criaram, sem se ocupar em minorar o sofrimento de praticamente quarenta milhões de seres desumanizados pelo esquecimento de seus representantes congressuais em que votaram, eles se comparam achando-se, certamente, superiores em esperteza, em condições de sobrevivência, em condições materiais privilegiadas pelas mordomias do poder, enquanto reservam migalhas para a sobrevivência dos indivíduos considerados reles, separados deles pelo muro da vergonha da linha fronteiriça de indigência, humilhação e pobreza.
À TRAGÉDIA humana na qual eles investem, é motivo para se sentirem nobres representantes de um povo maltrapilho, desempregado, flagelado por uma inflação de bens de consumo de primeira necessidade, por uma educação para o tráfico e a prostituição: política social à qual dedicam horas, dias, meses e anos de governança hipócrita, desleal, astuciosa.
A CAPITAL federal sob a gerência presidencial do Capitão Cloroquina, é uma espécie de Vale ou Planalto de Hinom, símbolo de um lugar de horror e desprezo pelas populações indígenas, pelas mulheres, pela população LGBTQIA+, pela preservação da Amazônia.
O PLANALTO Brasília e o Palácio presidencial ocupado pelo Bozo Mussolini Bolsonaro, é um lugar de punição das populações ribeirinhas roubadas em suas áreas de pesca pela pescaria ilegal. O Capitão Cloroquina pune até mesmo a natureza, rios, lagos, aves, plantas, habitantes que margeiam os cursos de água contaminada pelos barões do garimpo com material pesado, mercúrio, em Munduruku no Pará. Seu lema, sua marca registrada é: “o Brasil poluído acima de tudo. O Deus trevoso do Bozo acima de todos”.
O CAPITÃO Cloroquina é associado dos poderosos interesses econômicos que devastam a Amazônia. O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no primeiro semestre de 2022 denunciou, através de dados coletados:
— “A área desmatada na região foi de 4.789 quilômetros quadrados. 20% a mais do que no mesmo período no ano passado”. E a devastação da floresta continuou em ritmo acelerado pelo governo celerado que parece odiar os recursos naturais e o meio ambiente.
BOZO POR VEZES quer parecer um sujeito palhaço bem-humorado. Mas só consegue mostrar seu menosprezo a grupos étnicos e às pessoas que dele participam, não as poupando de humilhações verbais tipo:
— “Eu fui a um quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas”.
EM 2017 O presidente Bozo Bolsonaro participou, em palestra no Clube Hebraica (RJ) e afirmou que pretendia acabar com as reservas nas terras indígenas e quilombolas. Orgulhoso e tentando fazer humorismo, foi dizendo:
— “Eles não fazem nada, acho que nem para procriar eles servem mais”. A PGR, na época Raquel Dodge, apresentou denúncia por racismo contra ele, Capitão Cloroquina.
“O QUE ESTÁ embaixo é igual ao que está em cima”. Este princípio de correspondência (Hermes, o Trismegisto) afirma que o que encontramos exteriormente é o espelho do que não conseguimos ver interiormente em nós mesmos”. Ou seja:
— “O que está fora é o reflexo do que está em seu interior”. Jorge Amado escreveu “Capitães de Areia”. Nele conta a história de meninos abandonados nas ruas de Salvador que roubavam para comer e sobreviver mais um dia. Eu me pergunto se eles não são semelhantes aos congressistas que roubam verbas públicas para mais se enriquecerem e forrar os bolsos com verbas do dinheiro público. Verbas saídas de conchavos internos tipo orçamento secreto ou emendas de relator. A diferença é que as crianças roubam por necessidade. Os congressistas roubam por perversidade.