AVARIAS DO AMOR 12

Um carro pára frente ao portão da residência de Dan, deste desce um homem nos seus 40 anos e Florice que olha ao redor, vê suas lembranças de criança, jovem até o dia que decidira por sair dali e seguir nova fase em Prudente.

- Daniel.

- Oi, já vou.

Dan abre o portão e vê sua amiga ali com aquele homem desconhecido.

- Trouxe um amigo, Kaique, ele é o novo cardio do hospital.

- Que bom amiga, significa que o dr Régis se aposentou de vez?

- Sim amigo, houve uma média contratação em vários setores, o hospital esta decidido a tomar ar de capital.

- Que bom, antes tarde do que nunca.

- Foi o que eu disse ao Ka.

- Ka?

- Me desculpe, é que ele é tão jovem que não consigo usar tantas formalidades.

- Entendo, vamos gente, entrem.

Assim que entram na sala, Florice ressalta os elogios pela casa que Dan alugara.

- É lindo, bem confortável.

- A proprietária vai vender, acho que vou compra-la.

- Sério, isso significa que quer mesmo ficar?

- Sim Florice, sabe, estou muito bem por aqui.

- Em todos os sentidos?

Nisto Edú surge de short sem camiseta com um copo com sobremesa a degustar, Dan olha para ele e o casal.

- Edú, estes são Kaique e a minha amiga Florice.

- A sua colega do hospital?

- Sim, minha colega de trabalho por anos.

- Nem foram tantos assim. Diz Florice em repreenda e piscadela devido Kaique estar ali, a mulher sorri para Dan que entende e a chama na cozinha deixando Edú e Kaíque a papearem.

- Seu louco, pegou o boy mesmo.

- Ele é que me pegou.

- Como assim? Dan conta os detalhes de forma rápida enquanto com ajuda de Florice preparam drinks e petiscos.

- Obrigado.

- Nossa, como sempre amigo, a excelência em receber.

- Realmente, a Flo fala muito de você.

- Sei, a Florice sempre soube mimar seus amigos.

- Só digo a verdade. A conversa com os 4 fluem de forma agradável até que Kaíque dá o sinal.

- Temos de ir, ainda vamos na casa da madrinha dela.

- Nossa amiga, eu havia me esquecido que sua madrinha mora por aqui.

- Sim, dona Herculana, acho que a duas ruas daqui.

- Me passa depois por zap o endereço dela, quero ir lá ve-la?

- Passo sim, então vamos Ka?

- Sim.

O casal sai e num movimento de mãos Dan flagra o doutor segurando a mão de sua amiga com tanta amabilidade.

- Graças, ela finalmente encontrou o seu par.

- Igual a nós, amor.

- Sim Edú, suas coisas em Prudente, como ficaram?

- Vou pra lá hoje á noite, mais volto pra você de vez viu.

- Bom mesmo por que já não sei o que faria sem você aqui comigo.

- Acha mesmo que vou desistir, deixar o grande amor da minha vida assim, ao léu?

- Sabe que eu te amo?

- Sempre.

- Já que vai a noite, o que faremos até lá?

- Tenho acho, umas mil idéias.

- Bastante hein, por onde começamos?

Edú segura a cintura de Dan e lhe beija enquanto o portão é fechado, ali no caminho para a casa, roupas são tiradas e o amor acontece na varanda, com direito a beijos e línguas atrevidas pelos corpos nús e sedentos.

Eurico termina o almoço ali no restaurante que trabalha e confere as mensagens no celular, nada de Dan, entra nas redes sociais e quase todas foram desativadas até que procura por Edú, ali vê fotos do novo casal.

- Então é isso, você me deixou para ficar com um moleque.

Eurico sente um calor lhe inflamar e ele deixa o prato com talher na cozinha e segue para a área externa onde vê um bar a duas quadras, vai até o mesmo e toma duas doses de cachaça.

Retorna para o restaurante e fica no auxilio de retirar o serviço das mesas já que o rapaz que o faz foi para o almoço, ali ele deixa alguns pratos cair e derruba vinho em um dos clientes que inicia um bate boca com ele.

Ao fim Eurico perde o emprego e retorna para o bar onde enfia o pé na jaca e na pinga, no hotel ao pegar sua chave descobre que uma moça funcionária dali esta a mexer em suas coisas.

- O que faz aqui?

- Sai fora, velho safado.

- Quem é velho e safado aqui, sua piranha ladra.

- Tia. A mulher grita e logo o quarto é tomado pela gorda e três homens que retira Eurico aos socos jogando ele e seus pertences na calçada do outro lado da rua.

- Seus patifes, eu paguei pra essa gorda vigarista, não podem fazer isso comigo.

- Cale a boca. Eurico recebe um chute no rosto que o deixa desacordado, quando retoma o sentido, suas malas foram abertas e tudo jogado ao longo da calçada e rua.

Sem ter onde ficar, Eurico passa a noite na guarita do estacionamento do clube de forró, ali se entrega as bebidas, prostitutas viciadas em crack e vai descendo o nível.

Dois meses depois, Edú fora morar com Dan e eles vivem todos os dias em extrema lua de mel, Edú arrumara um trampo no mercado de motorista fazendo entregas nos domicilios.

- Nossa, meu amor esta cansadinho?

- Nem imagina o quanto.

- Vou preparar sua roupa, vá para o banho.

- Você vem comigo?

- Vou entrar de plantão daqui mais ou menos umas duas horas.

- Dá pra gente ser feliz mais ainda.

- Sabe, você é bem safadinho.

- Adoro quando diz isso.

- Vem.

- Agora, te amo. O casal segue para o banho e transam ali, logo estão a lanchar um pão com molho em carne moída, refri e beijos.

- Você me ensinou o quanto a vida pode ser melhor do que já é.

- Nossa Edú, você esta muito romântico.

- Sua companhia, colo, corpo, alma, não consigo ficar mais um dia longe de você.

Terminado o lanche, Edú vai assistir tv, Dan vai ao quarto e coloca seu uniforme para o trabalho, ao sair não vê Edú na sala e já perto do portão vê Edú ao telefone.

- Amor.

- Oi. Edú desliga e coloca o celular no bolso de forma rápida.

- Atrapalhei sua ligação?

- Não, imagina amor, era da operadora.

- Vou trabalhar.

- Vem aqui, quero te ver. Dan vai até o cara que o abraça e lhe beija.

- Bom plantão.

- Obrigado amor. Dan sobe na moto e segue para a UPA 24 horas que fora inaugurada a menos de dois meses, ele trabalha ali com todo cuidado e atenção no atendimento aos pacientes, porém em horário de janta ele fica a remoer o fato de Edú ter guardado o aparelho em tanta rapidez.

- Quem será que poderia estar falando com ele, mais por que ele não quis que eu visse, bem disse que foi a operadora, deixa eu trabalhar, afinal sou pago para cuidar dos pacientes.

080822..........................

Dan termina o seu turno e entrega para a colega do dia, ali ele vai ao banheiro, saindo no vestiário coloca sua roupa e guarda seu uniforme para lavar em casa, se despede de quem entrou e segue, no estacionamento liga a moto e segue para casa, menos de cinco minutos esta frente ao portão que abre e guarda a moto na varanda dos fundos, abre a porta da cozinha entrando, deixa suas coisas em uma cadeira ao lado do refrigerador, abre este e come um pedaço de pizza e bebe suco de maracujá que Edú deixara, no quarto ele vê as roupas de Edú jogadas no canto enquanto seu boy esta dormindo ali nú na cama, Dan pega as roupas e leva para a cozinha onde deixa junto com suas coisas na cadeira, nisto sente cair algo e olha para o chão um pedaço de papel e ele pega, lê aquilo e leva a mão a cabeça.

- Não pode ser.

- Amor, você chegou?

Dan guarda o papel no armário e segue para o quarto, ali Edú esta saindo da cama ainda sonolento.

- Por que não veio dormir?

- Depois, olhe volte a dormir.

- Quero você comigo.

- Sim.

Dan vai junto de Edú, deitam ali grudados e minutos depois seguem para o banho onde os dois se beijam e transam enquanto a água quente os molha, Dan sai primeiro, Edú continua no banho, ali no quarto Dan pensativo ignora alguns conceitos próprios de convivência que ele absorvera e decidira ser fundamental para si e pega o celular de Edú, na agenda ele descobre o que desconfiava, Edú sai do banho e entra no quarto.

- Amor.

- Edú, por que tem o contato de Edmundo Galvez?

- Quem?

- O de Edmundo Galvez?

- O doutor?

- Sim.

- Ele é conhecido do meu pai.

- Pensei ter dito que estava de relações cortadas com sua família.

- Eu estou sim, mais é que.............

- Diga a verdade. Dan sai do quarto e vai a cozinha e logo retorna com o papel que pegara do chão.

- Por que tem anotado aqui dados meus.

- Como amor?

- Pare Edú, eu conheço essa letra, esta letra é de um parente meu.

- Seu avô, dr Edmundo Galvez.

- Você o conhece então?

- Você não quer saber.

- O quê, diz logo, quer que eu grite?

- Ele me contratou.

- Como?

Ali na sala, Edú olha para Dan que já demonstra o choro a vir.

- Antes de tudo, me perdoe, eu te amo.

- Fale Edú.

- Eu tive de sair de casa, quando meus pais souberam da minha condição.

- Ser gay, continue.

- Fui morar com um tio, bairro carente em Prudente.

- E...........?

- Ele tem várias mulheres e eram brigas intermináveis, ele bebia e me jogava na cara o fato de meus pais ter me colocado para fora.

- E..........?

- Certa noite na saída da faculdade do cursinho gratuito eu conheci um cara.

- Cara, que cara?

- Um amigo, acho, ele falou de um jeito de levantar grana fácil e rápida.

- Que tipo de jeito?

- Fazer programas.

- O quê?

- Ele me disse que se eu criasse uma fantasia só minha seria melhor e teria mais ganhos.

- O skate?

- Sim, isso mesmo, decidi ser o garoto do skate.

- Quer dizer que quando te conheci naquela praça você estava fazendo ponto?

- Não, eu já tinha arrumado meio que um trampo novo.

- Qual?

- Por favor amor.

- Qual?

- Me aproximar de você e ser o cara que............

- Foi tudo planejado eplo meu avô?

- Ele só queria saber noticias suas, saber se seu casamento estava indo bem.

- Droga, lógico que queria, por isso contratou um michê?

- Por favor Dan, não me trate assim, eu realmente gosto de você, eu te amo.

- Como você conheceu meu avô?

- Duas noites antes de te conhecer eu estava naquela praça a espera de um programa que este cara, meu amigo, arranjou.

- Era o meu avô?

- Sim, o motorista me lvou a um clube de alta classe e lá fui apresentado ao doutor Edmundo.

- Quanto ele te pagou?

- Por favor.

- Quanto Edú?

- O suficiente para que eu pudesse sair daquele inferno da casa do meu tio e alugar uma kit num outro bairro melhor.

- E?

- Quando ele soube que eu viria para cá e ficar com você ele não gostou e me demitiu.

- Mais você veio.

- Por que eu te amo e quero ficar com você. Edú tenta abraçar Dan que sai do lugar e segue para a cozinha.

- O que foi, vai me ignorar, jogar na rua com todos fizeram?

- Não Edú, sabe, eu gosto de você, mais eu quero ver meu avô.

- Como?

- Liga para ele.

- Eu?

- Sim, ligue para ele e diga que eu o rejeitei.

- Por quê?

- Marque um encontro.

- Mais.

- Se quer ficar comigo, faça isso.

- Farei, eu juro, de agora em diante, sem segredos.

- Eu sei, eu sei, ligue.

- Tudo bem. Edú liga para Edmundo e faz de acordo com o dito de Dan, o encontro é marcado para dali 3 horas.

- E agora?

- Vamos nos arrumar, já faz tempo que não olho meu avô, acho que o destino nos quer frente a frente, talvez uma última vez.

- Sim, vamos.

Luciana lava a calçada ao redor da casa e rega as plantas no jardim, aos fundos Hélio semeara algumas sementes de girassol, mamão, limão rosa, logo as mudas brotarão, ele brinca com o gato ali e sua mãe termina lá fora indo para a cozinha no preparo do almoço, mais tarde entrará no serviço e só sairá ao final das aulas noturnas.

- Mãe, o que vamos comer hoje?

- Almôndegas, batatas fritas, arroz, salada de alface.

- Nossa, que delicia.

- Depois o sr vai ao mercado e traga feijão, viu, esta me enganando a mais de 3 dias.

- De hoje não passa, pode crer. Risos.

Uma palma é ouvida e Hélio corre até o portão, da cozinha Lu grita ao filho quem é, sem resposta ela sai a porta e vê ali Gomes ao lado do filho.

- O que faz aqui?

- Bom dia Lu, vim ver vocês.

É visível a forma de desgasto do homem ali na frente dela.

- O que quer Gomes?

- Só vim visita-los, eu juro.

- Sei.

- Posso entrar?

- Entre. Gomes senta na cadeira ali na varanda, Lú termina o almoço sempre a rodear de olho em seu ex que admira a horta e as plantas no quintal, Hélio lhe mostra porém sem tanta empolgação.

- Vem almoçar.

- Acho que não devo recusar.

Ali a mesa, Lu e o filho olhando embasbacados a forma como Gomes devora o terceiro prato com porção bem prensada ali, bebe quase um litro de suco de cajú e só então olha para os dois.

- Esta tudo muito delicioso.

- Estava, no caso.

- Olhe, posso lavar tudo.

- Não precisa, eu limpo, depois vou para o trabalho.

- É perto daqui?

- Por que quer saber Gomes, já não somos mais casados?

- Eu sei, foi só por curiosidade.

- Sim, não é longe.

- Que bom para você, não precisa andar tanto.

- E daí Gomes, decidiu o que queria para sua vida, já arrumou uma mulher?

- Não, eu espero a mulher que sempre cuidou de mim.

- E seus pais?

- O que tem eles?

- Como estão?

- Bem, minha mãe pergunta direto de você.

- Dúvido muito, mais quando ver eles mande lembranças.

- Olha, a gente pode conversar um pouco, só nós?

Lú olha para o filho que sai dali, agora só os dois, Gomes desaba num choro.

- Depois que você foi embora, tudo de ruim aconteceu.

- Tipo, você se entregar as bebidas, perder seu caso com a Helena?

- Como assim?

- Gomes, eu te conheço, sei que tudo ia ser assim por que eu te conheço.

- Olhe..........

- Você veio bater aqui por que se viu na estrada escura.

- Olhe como diz.

- Chega Gomes, eu não vou mais ficar calada quando agora sim, eu posso falar e falar tudo que sempre tive vontade.

- Vendi nossa casa, te dei sua parte.

- Sob as ordens do juiz, senão você teria estragado tudo em bebidas e cabarés.

- Eu sou teu marido.

- Foi, já não é mais.

- O que é isso?

- Nunca mais levante a voz para mim, por anos eu engoli essa tua arrogância, machismo e soberba, agora sou uma mulher livre.

- Como vai criar nosso filho?

- Deste jeito maravilhoso que esta vendo.

- Eu perdi tudo.

- Mentira Gomes, não se perde o que não se conquista, você era você na minha sombra.

- Não vou deixar você desmerecer minha pessoa.

- Vai embora agora.

- Eu tenho direito, eu exijo.

- Você não manda em mim, você não mora aqui, sai agora por favor.

- Eu.............

- Vai embora. Lú grita ali na cozinha.

- Eu...........

- Pai, sai, não vê, a gente esta muito bem sem você. Hélio olha para ele.

- Filho.

- Pai, vai logo, os vizinhos vão chamar a policia se já não chamaram.

- Eu sou teu pai, filho.

- Eu sei, mais eu não aceito o senhor gritar com a mãe, a gente já sofreu muito com o senhor.

- Filho.

- Pai, se o sr realmente gosta de mim, vai embora por favor.

Gomes levanta da cadeira, encara os dois, seus olhos lampejam raiva mais logo tornam se lágrimas, ele coloca o boné e sai, na rua liga a camionete e segue para Caiuá SP.

- Mãe.

- Filho. Os dois se abraçam, Lu chora ali agarrada ao filho.

O táxi pára no estacionamento do posto na rodovia, logo um carro executivo vai até Edú que sai do táxi.

- O que quer com o patrão?

- Falar com ele.

- O que houve?

- Só com ele.

Um dos homens vai até ocarro e logo desce do banco traseiro um senhor de idade com bengala em madeira de lei e apoio no puro marfim.

- Seu Edmundo.

- Espero que seja algo muito importante, afinal eu te disse que não queria mais ve-lo?

- Oi vô. Dan desce do táxi e fica ali frente ao seu avô.

- Daniel.

- Como o sr está, dr Edmundo?

Edmundo pigarreia ali jogando o resto do charuto no chão.

- Daniel.

- Então vô, já que decidiu ir ao ponto de colocar um jovem atraente em meu encalço, quis agradecer pessoalmente este exímio presente do céu.

- Garantindo junto o sotilégio de um deboche cheio de criticas bem fundamentadas.

- Acho legal isso.

- Igualzinho sua vó.

- Sim, vó Zuleika, que Deus a tenha na santissima paz.

- Amém, querido neto.

- O que quer dr Edmundo?

- Reaver algo tão precioso quanto á maior riqueza, minha família.

- E a Doroty?

- Aquela garota fugiu, com certeza com outro inglês.

- Deve ter sido isso, ela sempre amou a língua inglesa.

- Em vários pontos.

- Isso também é certo.

- Soube do Eurico.

- Sei que soube, como deve ter resumos, laudos, documentos enfim, tudo que te faça assim, criar o engodo para fortalecer seu ego.

- De novo não.

- Quando me expulsou de sua casa, de sua vida, me disse que nunca mais queria me ver, nunca mais por perto de ti, vô.

- Eu estava louco.

- Sua loucura é flutuante sempre fora, qualquer detalhe por minimo que seja, te faz criar formas de persuadir, vigiar, impôr sua política de viver.

- Eu não quis que fosse daquele jeito.

- Mais foi, você me jogou na rua, eu agradeço, aprendi muito e consegui com meu esforço levantar.

- E com o dinheiro da sua vó.

- Não vou negar, usei quase todo o que ela me deu, paguei meus estudos e fiz algo para este dia.

- Como?

Dan vai ao carro e retorna frente ao homem e tira de um pequeno caderno um cartão de banco.

- Tome, por favor, nesta conta esta todo valor, tudo que minha vó me dera eu depositei nesta conta assim que começei a trabalhar, não lhe devo mais nada vô.

- Por que esta a agindo deste jeito?

- Do mesmo jeito que agiria qualquer neto escurraçado pelo vô.

- Me perdoe.

- Por favor, pare.

- Eu estou morrendo.

- Chega doutor, eu já lhe dei, fiz o que tinha de ser feito, me deixe em paz, nos deixe viver.

- Por fav...................... Edmundo cai ali sendo amparado pelos seguranças, Dan ao ve- lo ali naquela situação corre até o avô e o ajuda, no carro seguem para o hospital, todo momento Edmundo é cuidado e amparado por Daniel.

Luciana acorda com o filho lhe alisando.

- Dormi muito?

- Um pouco.

- Vou preparar algo para a janta.

- Não precisa, a tia esteve aqui e trouxe comida.

- Ela esteve aqui?

- Sim, trouxe canja e arroz com legumes.

- Você comeu, meu filho?

- Um pouco, estou na sua espera.

- Filho, não sei o que faria sem ti.

- Te amo mãe.

- Eu é que te amo, meu garoto mais lindo do mundo.

- Mãe.

- O quê?

- O pai vai querer voltar para cá?

- Ele não tem mais nada aqui, somos livres.

- Graças.

- Filho, será eu e você, vamos nos cuidar e sermos felizes.

- Mais a senhora vai querer ter outro marido?

- O que é isso meu filho?

- Mãe, você merece ser feliz.

- Eu já sou do seu lado.

- Sério mãe, não quero que fique presa a mim, um dia também vou me casar.

- Mais vai demorar bastante viu.

- Talvez sim, talvez não.

- Que garoto sapeca é esse que me deixaram aqui, este não é o meu filho não viu. Risos.

Edmundo é levado a um hospital em Prudente, Dan entra junto, logo ele é levado para um apartamento, vários exames feitos e quase duas horas um doutor vem a sala.

- E então doutor?

- Ele vai ficar bem, esta sendo medicado.

- Ele disse que tem um problema sério.

- Sim, seu Edmundo, melhor, o doutor Edmundo esta com um problema coronário.

- Coração.

- Um tanto grave.

- Sabia, aquele velho sempre fazend suas artes e agora por fim, me seguindo.

- Seu mau uso a saúde também reflete nisso, o abuso com gorduras e seus famosos charutos.

- Já deveria te-los abandonados.

- Sim.

- Haverá tratamentos cirúrgicos doutor?

- Não, em sua idade já não é aconselhavel, ele terá de criar sim bons costumes daqui pra frente.

- Com a vida que ele leva e seus subordinados, nunca.

- Não há um familiar que possa cuida-lo?

Dan pensa rápido, sabe que não poderá deixar seu avô ali aos cuidados de seus funcionários pois nenhum deles irá desobedecer ao velho e faze-lo criar hábitos sadios, decide por então assumir o cuido de Edmundo.

- Sou enfermeiro e neto dele, vou cuidar de meu avô.

- Que bom, sabendo disso, sei que estou deixando o doutor em excelentes mãos.

- Sim doutor, pode ter certeza de que irei cuida-lo com todo zelo.

- Eu sei que sim. Ao amanhecer, Edmundo recebe alta e segue para Regente, Edú dirige o carro junto de um funcionário do doutor.

Já instalado no quarto do casal, Edmundo olha tudo ao redor.

- Não quero dar trabalhos.

- Á partir de agora esta sob meus cuidados, não vou te fazer o que me fez viu.

- Se for para jogar em minha cara, eu saio agora mesmo.

- Para onde, sabe que se sair por aquela porta não vou atrás e aqui vai ter o cuidado que merece e ser tratado como deve ser.

- Vida de chatices.

- Sem charutos sim doutor Edmndo, acabou seus luxos, agora esta de nova vida e será vigiado o tempo todo, fique sabendo, não vou dar mole não.

- Não disse, chatices. Edú entra no quarto e Dan o abraça e o beija na face.

- Este homem é o grande amor da minha vida vô, quero que o aceite sem perguntas e objeções afinal ele faz parte da nossa família.

- Se você diz, por mim tudo bem.

- Olha que a vida esta te deixando mais flexível.

- Não quero mais ficar longe de você, meu neto.

- Obrigado vô e que bom que estareavendo seus conceitos tolos.

- Sim.

Os dias passam e Dan trabalha na Upa e nas folgas cuida pessoalmente do avô, o leva a diversas consultas e passeios, Edmundo passa por baterias de exames e após 5 meses ali vividos ao lado do neto, ele vem a óbito, numa manhã como as outras ao ser visitado pelo neto, percebe-se que o avô dormira e não mais acordará, o desespero que deveria tomar conta do ambiente se tornara em sentimento do dever cumprido e um amor de anos travados em distanciamento sendo agora selado no amor.

No enterro do doutor Edmundo, Doroty manda de Paris um cartão de condolências.

- Essa mulher, como sempre, nunca muda, a se divertir com os seus europeus que ela aprendera a cultuar desde sua tenra juventude tardia.

- Por que tardia?

- Edú, Doroty fora criada em diveros colégios de freiras e quase não podia ter amigos, qualquer pessoa que se aproximasse dela era um perigo eminente as ordens do doutor Edmundo.

- Nossa, ela deve ter sofrido.

- Sem contar que ela teve uma feber que a deixou de cama por mais de dois meses e depois 3 anos sem se locomover, passou por diversos médicos e nada, fizera milhares de exames e nada, sessões de terapias ortopédicas até que aos poucos retornara a ter movimentos.

- Por isso decidiu por enfermagem?

- Sim, técnico e depois me aperfeiçoei em assistência a anestesista e instrumentação, agora quero fazer a padrão.

- Vai ser o enfermeiro responsável pelos outros?

- Sim, é isso que quero e vou conseguir.

- Por que não faz medicina?

- Não, eu amo o que eu faço e só quero me aprefeiçoar mais.

- Eu nunca te falei o que eu quero fazer, na verdade não disse a ninguém.

- E o que é?

- Odonto, quero curar bocas, acho incrível.

- E por que cargas você não faz?

- Custa caro, não posso me dar ao luxo e.............

- Pare com isso, olhe vamos olhar se há algum vestibular aberto e vou te ajudar nos estudos.

- Jura, vai me ajudar?

- Lógico amor, se você quiser.

- Eu quero e muito, tudo com você é maravilhoso.

ricoafz
Enviado por ricoafz em 30/08/2022
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