AVARIAS DO AMOR 11
Aline sai do laticinio e faz os rapazes da fabricação assoviar e proferir diversos galanteios ali até que Galego surge e num grito espanta todos.
- Vamos trabalhar cambada de sem noção.
Ela segue ao riso até a camionete de um vizinho sitiante que lhe dera carona, já na Agro ela compra tudo que lhe fora pedido por sua tia, passa no mercado e compra produtos de higiene e feminino e segue de volta para o sítio.
- Obrigado seu Lisboa.
- Eu é que agradeço ter tido a companhia de uma bela dama rural, sabe, me cansei e até tenho calafrios de ter de levar meus peões sujos e cheirando a machos mau lavados. Risos.
Júlia bate na porta de Luciana que abre.
- Oi.
- Oi eu estava por aqui e decidi...........
- Entra.
- Posso?
- Por favor.
Ali Lu oferece salgados fritos, chá e chocolate, Júlia aceita o último e fica a olhar tudo ao redor.
- Ficou perfeito.
- Esta bom né, aproveita o feriado para resolver algumas coisas e amanhã vou com meu filho na exposição do museu do livro.
- Faz bem, é lindo, eu fui da última vez que teve.
- Que bom.
- Olha, se eu estiver atrapalhando é só dizer.
- O que eu quero saber é, qual será o recado de Helena?
- Como?
- Ela esta enfurecida, não, com certeza feliz por agora ter o meu ex só para si.
- Como?
- Eu sempre soube Júlia, fique tranquila, sei que você é o olho dela, era no caso, sobre mim e Gomes.
- Lú.
- Por favor Júlia não me faça ser rude, não tenho raiva de ti, somente acho um tanto sujo isso.
- Só fiz por que ela me ameaçava.
- Não me importo com isso, não mais.
- Me perdoe.
- Já lhe disse, agora estou livre e sua amiga pode engolir ele todo se quiser.
- Então vai mesmo para Regente?
- Lógico, daqui um mês, houve desistências.
- Que sorte a sua.
- Não, é a mão de Deus, eu estou coroada no fogo santo.
- Não sei o que dizer.
- Amém, já serve.
- Amém.
Eurico olha Dan ali no sofá afastado dele.
- Ainda tem receios?
- Sobre?
- Olha, eu sei, fui covarde, insano.
- Você foi um monstro.
- Me perdoe.
- Eurico, estou te deixando ficar somente em respeito ao tempo que passamos juntos.
- E foi tanto tempo bom.
- Foi, mais terminou, agora depende de você se fica a amizade.
- Vou me comportar.
- Eu sei que vai, até por que há medida de restrição para você, eu não a cancelei, só deixei de espera.
- Eu agradeço.
- Eurico levanta a cabeça e começa a se mover, procura uma nova colocação por que não vou ficar aqui por tanto tempo.
- Quer mesmo assumir para lá?
- Eu já estou quase no término por aqui, logo, daqui poucas semanas vou embora.
- Vai ter lugar para mim por lá?
- Como visita de pouquissimos dias, sim.
- Você realmente mudou Dan.
- Acha, eu somente acordei para a terrível realidade que me acercara.
- Te acho lindo, sabia?
- Vou trabalhar, olhe tem comida no refrigerador, esquente e coma, não esqueça, ajeite o quanto antes a sua vida, por que não vou estar por perto assim por tantos dias.
Dan sai dali, Eurico olha para ele saindo, ao fechar da porta ele se joga no sofá, liga a tv e abre o refri em lata que deixara no chão, ali aos goles ele olha o canal esportivo, logo seu celular recebe mensagens.
- Opa, tem cria nova na área. Ele liga para o contato.
- E ai gata.
- O que foi gato, tá sumido?
- Me guardando para você.
- Vamos se ver?
- Tá quanto ao custo da brincadeira?
- Pra você, 100, cliente especial.
- Marca o lugar.
- Posto 40.
- Vou estar lá, daqui 20 minutos.
- Fechou coração.
Eurico toma um banho rápido já vestido se perfuma e sai deixando a tv ligada, o ar funcionando e a porta só encostada.
Em um quarto de uma casa comum, Eurico aproveita com uso de cigarro eletrônico enquanto mete em Karen, uma garota de programa que ele conhecera há 3 anos.
- Nossa você ainda esta tenso.
- Se soubesse como anda a minha vida.
- Problemas?
- Não que eu não solucione.
- Quer falar sobre?
- Acho melhor, não, estraga a quimica aqui.
- Como quiser, afinal você nunca foi falar, foi sempre de fazer.
- Você me conhece bem, garota sapeca.
- Vai, faz bem gostoso.
- Pode deixar, disso eu entendo e curto pra cacete.
Os gemidos são audíveis de longe pela casa, fazendo a proprietária bater na porta exigindo silêncio necessário.
Quatro horas depois, Eurico retorna a kit e encontra Dan ali no sofá.
- Amor, aconteceu algo, o quê?
- Você saiu e deixou tudo aberto, por conta dos outros, isso?
- Não quis dar trabalho.
- Cara, você não melhora, só piora.
- Esta brava.
- Pare com isso, me respeite Eurico.
- Me perdoe, eu brinco por que ainda acredito na gente.
- Acho que não vai dar certo.
- Esta me expulsando?
- Como?
- Você esta nervoso amor, vem aqui eu vou cuidar de você.
Dan sente o perfume barato vindo de Eurico.
- Arrumou um trampo?
- Tá dificil cara, eu estou na luta.
- Sei, sei muito bem o tipo de luta sua.
Eurico degusta bolachas, vinho tinto, Dan arruma suas coisas em caixas com ajuda de Florice.
- Quando vai ser o grande dia?
- Depois de amanhã Eurico.
- Ainda tem chão.
- Olha, Eurico, já arrumou lugar para ficar?
- Sim, com você, meu amor.
- É sério Eurico, não posso acreditar, você ficou 3 meses aqui e nada de nada.
- Acha que é fácil assim arrumar um bom emprego, para o meu perfil?
- Quando se esta na merda, não há este negócio de perfil.
- O que te fizeram coração, este dodói.
- Pro inferno Eurico, já lhe disse, depois de amanhã eu vou sair daqui, o dono vai estar ali fora e pegar as chaves, portanto ache logo um lugar para você e suas coisas.
- Vou arrumar, acredite, eu vou.
Florice olha para Dan, logo para Eurico, sacode a cabeça e continua no auxílio de empacotar.
Luciana assina o seu contrato na prefeitura de Regente, ali no setor pessoal ela recebe o documento que leva até o gabinete do prefeito onde este lhe dá a portaria sonhada, agora ela é funcionária estadual, só terá de assumir o cargo em uma escola municipal por ainda não haver um colégio estadual, este esta em construção, portanto irá trabalhar neste com salário superior ao seu antigo.
Hélio já sabe onde vai estudar e a casa que a tia de Lu lhe conseguira é bem ampla, quintal arborizado com um pequeno pomar e uma hortinha aos fundos, o garoto se diverte no cuido da terra e ela lhe diz que vai comprar dúzias de pintinhos para cria.
- Nossa mãe, vai ser a nossa fazendinha.
- Que bom meu filho que gostou.
- Mãe, a senhora é a melhor mãe do mundo.
Um abraço deles e Lu ali tem a certeza de que fizera a melhor escolha, nova esperança, um recomeço para uma vida feliz.
Gomes se entrega ao álcool deixando até a fazenda de seus pais em segundo plano, Helena já não sai mais com ele e a noite se tornara um tormento ali naquela casa vazia ele chora em descontrole, os dias passam e a casa é vendida, o valor repartido com Lú que não dá sinal de volta.
Dan termina de colocar a última caixa no caminhão, Eurico assiste a tudo sem ajudar em nada, Florice abraça o amigo.
- Coragem amigo, te desejo o melhor sempre.
- Obrigado amiga, vai dar sim.
- Olha, me liga quando chegar.
- Vou te ligar e esperar sua ida, de vez.
- Sabe que posso não ir, amo Prudente.
- Você só quer é fugir de sua origem.
- Tá certo, quem sabe eu apareça nas férias.
- Já é um inicio. Risos.
Florice olha para Dan e ali em abraço se despede, olha para Eurico e sente um nojo lhe tomar a garganta.
- Adeus.
- O que foi bebê, a gente vai ser muito feliz na nova casa.
- Mergulhe em sua realidade Eurico, você vai sofrer bastante se continuar atuando dessa forma deplorável.
- Sempre soube, você é péssima companhia para o meu Dan.
Daniel vai até Eurico e acena para Florice que sai de carro.
- Já arrumou suas coisas?
- Sim.
- Então, tchau, o dono da imobiliária é ele, entregue a chave o mais rápido possível.
- Quer dizer, vai mesmo?
- Adeus Eurico.
010822...................
Eurico anda pelas ruas prudentinas, quase anoitecendo ele pára frente a um velho prédio de dois andares.
- Tem quarto vago?
- Pra você?
- Sim, quanto?
- Costuma ser 300 para quinzena, faço 400 o mês.
- Vou deixar pago dois meses.
- Assim que eu gosto. A mulher gorda de meia idade leva Eurico ao segundo andar, último quarto, porta quase caindo, ao abrir o horrível cheiro de baratas, fezes de gato e outros péssimos odores toma conta dali.
- Isso tá nojento.
- Realmente para um príncipe como você, esta bem ruim.
- Vai ser limpo?
- Lógico amor, me acompanhe. Ele acompanha a mulher que abre o cadeado de um banheiro desativado, ali tira a vassoura, rodo e sabão, desinfetante.
- A seu dispor príncipe.
- O quê, vou ter de limpar?
- Isso ou fica no corredor, não te inspiro a isso, houve um quase assassinato ante de ontem.
- Você é louca?
- E você um sem teto que pelo jeito mau tem a grana desses dois meses, um fudido que não sabe o que vai comer ou como ganhar o seu pão.
- Só estou em um momento nada fácil, só isso.
- Limpe e fique de boa.
- Obrigado. Eurico usa a camiseta como máscara para realizar a limpeza dali, 3 horas depois tudo limpo, ele joga um lençol que trouxera junto com suas roupas e outros pertences da kit na cama velha quase ruindo.
- A que ponto cheguei. Uma leve batida a porta, ele se levanta e abre.
- Olha só quem a vida deixou cair.
- O que quer?
- Nada fofo, ver o teu declinio ja me bastou, imagina que quase surtei quando soube de sua vinda para cá.
- Quem te contou?
- A gorda, ela é minha tia.
- Fique feliz você conseguiu, me quebrou de todas as maneiras.
- Acho que te devo algo.
- O quê?
O homem joga no chão a carteira com documentos e cartões de Eurico.
- Obrigado.
- Pelo quê?
- Por poder ver um tubarão, antipático, narcisista como você cair.
- Quer me bater de novo?
- Não, só levante a cabeça, a vida não acabou, siga pra frente.
- O que é isso agora, pena por provocar um pobre?
- E você imagina em sua sã consciência que sabe o que é ser pobre, ainda não querido?
O homem se despede de um gesto ali, Eurico recolhe a carteira e pertences, fecha a porta retornando para a cama.
Daniel se sente alegre ali na casa de 3 peças, quintal pequeno, muro alto, portão fechado, ele termina de arrumar tudo e decide por fechar a noite com um churras e refri ali na varanda, seu celular toca.
- Oi Edú.
- E ai, como esta de vida nova?
- Adorando.
- E o trampo novo?
- O mesmo caos e tudo que eu amo.
- Você realmente gosta disso?
- Eu amo, sabe é como um sacerdócio.
- Que legal.
- E você, como está, fazendo coisas legais?
- Sabe, eu estou querendo ir ai te ver, posso?
- Lógico, por que não.
- Então vem até o portão.
- Não creio.
- Vem. Dan vai até no portão, ao abrir, Edú ali com sacolas, rosas e vinho.
- Vim te ver.
- Seu louco.
020822........................
Eurico arruma emprego de gerente de Selfservice num restaurante popular, á noite faz bico de manobrista por 3 vezes na semana em um clube de forró.
- Quem diria, onde fui parar.
- Oi boa noite.
- Boa.
- Meu carro.
- Número?
- Vinte e três.
- Vou busca-lo.
- Por favor. Menos de minutos e ele pára o veiculo ao lado da morena que lhe sorri.
- Obrigada.
- Nada.
- Sabe, você é bem bonito.
- Obrigado.
Ela anota o número de seu celular em um guardanapo e entrega para ele.
- Me liga, quando quiser.
- Vou ligar sim.
- Tchau.
- Tchau.
Horas depois ali no seu quarto na pensão, eles transam loucamente e Eurico tem Dan na lembrança, ele desaba nas lágrimas recebendo o consolo da mulher do estacionamento.
- Você é um ser formidável.
- Sabe, eu me lembrei de alguém muito especial.
- Imagino, tomara que essa pessoa saiba o quanto é importante para você.
- Sabia, mais eu fiz algo muito ruim a ele.
- Nada que um perdão se resolva.
- Pode ser, mais nunca vai ser o mesmo.
- A perda tem várias faces.
- Como assim?
- Fui casada e perdi um filho com 3 dias de nascido, meu marido me largou e cá estou, seguindo o que devo seguir.
- Acha que posso ter uma segunda chance?
- Isso eu jamais irei dizer por que não conheço os lados da história, mais sei que é prejuizo demais deixar tudo para trás.
- Vou atrás dele.
- Nossa, é um homem?
- Sim, o cara mais incrível que já conheci.
- Não tenha medo do que já foi, tenha a certeza do que virá.
- Ainda não entendi direito.
- Só vai, deixe o tempo estabelecer tudo.
- Isso, vou ser feliz.
- Quer ajuda?
- Você nem imagina o quanto ajudou. Eles riem ali.
Dan ali deitado olha para Edú a seu lado na cama, ele passeia com os olhos no corpo desnudo do boy e sente um alegrar lhe tomar o seu íntimo.
- Sim, estou pronto para o que for.
- Amor.
- Oi Edú.
- O que foi, esta bem?
- Estou maravilhosamente bem.
- Vem mais perto de mim.
- Edú.
Dan é puxado para junto de Edú e ali aos beijos ele se aninham e ouvem a seleção de românticas que Edú gravara em um pendrive e dera de presente para seu love.
- O que mais a vida irá me trazer?
- Só amor, eu te garanto.
- Será, será que todos estão nessa sintonia?
- Fala sobre seu ex?
- Me desculpe é que eu............
- Tudo bem, tenho tempo todo para te fazer me amar.
- Vou lhe confessar algo, eu já te amo.
- Como?
- Sério, ou acha que deixaria um cara lindo assim dividir esta cama comigo só por sexo?
- Talvez?
- Por que me toma, seu bobo.
- Quero ser isso, o seu bobo particular.
- Cara, não imagina o quão bem me faz.
- Quero ser tudo que for de melhor, só para você.
- Garoto, quem diria que iria ser encantado por um rapaz assim..........
- Gostoso?
- Bem educado, gentil, harmonioso....
- E...............
- Lindo, tesão, bom para porra. Risos.
Ali o amor se renova e os dois decidem por fazer uma transa mais louca.
Luciana olha para o filho ali brincando com o gato que ganhara da tia dela.
- O menino ama o gato.
- Ele gosta muito de bichos.
- Por que não coloca ele nos escoteiros.
- Tem aqui?
- Sim, vou te passar o número dele.
- Obrigada tia.
Elas papeam até que Lu visualiza as mensagens no celular, quase todas de Gomes.
- O que aquele cretino ainda quer?
- Dê tempo ao tempo, tudo vai dar certo.
- Tomara tia, tudo que mais quero é que ele arrume logo um lugar para ele e uma mulher.
- Ele vai se arranjar, vai ver.
- A senhora não conhece o traste, eu sei o que passei com ele.
O celular da tia de Lú toca e ela atende.
- Oi Cris e ai como esta?
- Tudo bem e você?
- Acredita, quem veio morar para cá?
- Quem?
- A Lú, nossa sobrinha. Luciana olha para a tia ali, esta lhe passa o aparelho e do outro lado Cris.
- Oi tia.
- E ai, o que aconteceu?
- Larguei do Gomes, vim para cá, estou trabalhando numa escola.
- Finalmente criou coragem e largou aquele pulha.
- Sei, entendo, a senhora nunca gostou dele.
- Me diz ai, quem por favor vai gostar de ver seu sangue sofrer na mão de um galinha desgraçado.
- Ele é o pai do Hélio.
- A única coisa boa que ele fez, e não foi sozinho, os genes bons são teus.
- Tia.
- Quando vai vir me ver?
- Quer que eu vá ai?
- O que foi, ele te deixou surda?
- Assim que eu me instalar melhor, num feriado prolongado.
- Vem para cá no final de ano, quero ver o meu garoto, sabe que eu gosto muito dele.
- Ele era bebê.
- Mais ainda tem nosso sangue, vai vir?
- Farei o possível.
- Faça mesmo, não quero desculpas de última hora.
- Obrigado tia.
- Por................
- Não me rejeitar.
- Olha, sempre gostei de você, é minha sobrinha, te amo e a seu filho também, todos cometemos erros, o seu foi o maldito do seu marido.
- E a Aline?
- Quando chegar falaremos disso, fique tranquila, ela já tomou os esporros dela pelo tempo e o velho destino.
050822....................