AVARIAS DO AMOR 6
Eurico ali na frente da casa, 3 malas no chão, uma mochila nas costas.
- Tem certeza disso, amor?
- Por favor Eurico, vai.
- Tchau.
- Adeus.
Eurico guarda tudo no porta malas e entra no veiculo.
- Você vai me ligar?
- Depois Eurico.
- Te amo.
- Tá certo, adeus. Dan bate a porta e vê Eurico se afastar, agora na sala ele olha ao redor e sente uma dor forte lhe tomar o estômago e subir ao peito, ali ele procura o sofá onde senta e chora tudo que tivera retido por meses.
- Será que estou fazendo o que é certo?
Ali ele deita em choro e minutos depois seu celular toca.
- Oi.
- Dan, o que você tem, sua voz tá rouca?
- Florice, acho que eu e o Eurico, acabou.
- Fica ai, não faz bobeira alguma, já estou chegando.
Ele derruba o celular no tapete e olha para o gesso decorado no teto.
- Por que meu Deus, por que, logo eu, por que.
Luciana guarda as roupas que passara há dois dias no armário, Gomes entra no quarto.
- Tem alguma comida pronta?
- Na geladeira.
- Você esquenta?
- Depois de eu guardar isso.
- Tá certo.
Ele vai de um lado a outro, coça a barba olhando para ela.
- Por que você esta assim?
- Assim como Gomes?
- Diferente.
- Eu, sou a mesma, a louca tonta, que trabalha e cuida de tudo, sou eu.
- Mais...........
- Mais o quê Gomes?
- Na cama..........
- Ah, é isso, por que não quis abrir para ti, é esse seu grande problema, a questão fundamental do meu marido?
- Nossa pra quê tanta ignorância?
- Olha Gomes, eu tenho feito tudo sozinha, ás vezes eu preciso de ajuda.
- O que quer?
- Que cumpra seu papel de pai.
- Mais eu tenho cumprido, eu.............
- Por favor Gomes, olha o Hélio, o garoto tem medo, paúra, raiva da gente.
- Da gente ou de mim?
- Pois é Gomes, eu ainda não tenho essa certeza.
- Quer que eu fale com ele?
- Sim, que fale e compre o que ele precisa.
- De novo, o danado do dinheiro, porra meu.
- Olha Gomes, sou tua mulher não teu colega de bar.
- Eu sei bem.
- Já te disse odeio apelidos.
- Tudo bem Lú.
- Vai comprar o tênis e a roupa para o garoto?
- Amanhã.
- Certeza.
- Sim, certeza.
- Então, tudo bem.
Luciana termina de guardar e passa por ele indo na cozinha onde esquenta a comida para Gomes que pega o prato ja feito e vai para a frente da tv.
- Hélio, vem meu filho.
- Tô indo mãe. O garoto sai do quarto e segue para a cozinha onde come junto com Lú.
Terminado a janta, Gomes se ajeita no sofá de modo a quase deitar ali, logo seu celular toca.
- Oi, tudo bem, tá, tô indo, só esperar, valeu, até daqui a pouco, falou.
Ele desliga e sai para o quarto.
- Vai sair?
- Tenho que resolver algo.
- Vai na fazenda?
- Não, aqui na cidade mesmo.
- Vai demorar?
- Acho que não.
- Cuidado.
- Beijo. Ele se aproxima dela, Lú lhe beija e ele vai.
Na camionete ele liga para Helena.
- Ficou louca, quer que ela nos pegue?
- Ela já pegou, safado, viu seu número no meu celular.
- Como assim?
- Hoje, lá na sala da diretoria.
- Puta que pariu.
Gomes para na frente da lanchonete da saída da cidade, Helena entra no carro, Luciana fotografa tudo na rabeira da moto táxi.
- Podemos ir?
- Sim moço por favor.
A moto segue com ela, Gomes sai com Helena para o motel, onde Lú filma a entrada dos dois, sem perceber do outro lado da estrada Ronam faz outro video.
Na suíte do motel, Helena tem a roupa arrancada por Gomes ali aos beijos com champa, bombons, porções de fritas, eles comemoram um acréscimo no salário de Helena.
- Você sim, mulher que procura subir.
- Mais logo tua mulher também vai ter um prêmio.
- Vai?
- Sim, bem menos que o meu, mais vai.
- Mais ou menos quanto?
- Isso eu não sei, tenho que olhar na tabela.
- É bom, só que tirar grana daquela trouxa é ruim pra cacete.
- Vai achando que ela é tão trouxa assim, deve ter uma poupança.
- Isso eu sei que não, gasta com a casa e o filho.
- Você não se envergonha de admitir isso?
- Mulher minha não tem que fazer pé de meia, afinal esta comigo ou não.
- Togrodita, sabe, graças a Deus, Ronam não pensa desse modo tão arcaico.
- Por isso que é corno.
- Se esquece que também pode ser. Ela termina a frase e tem a mão de Gomes presa ao seu pescoço.
- Nunca mais fale uma sandices dessas.
- Me solta.
- Ouviu bem?
- Me solta.
- Vaca. Ele a solta, Helena lhe dá um tapa e recebe um outro bem mais forte.
- Desgraçado, olha o que fez.
- Sua puta, o que pensa que é, me respeita e respeita a minha mulher que é a mãe do meu filho.
- Idiota, sai daqui. Aos gritos ela expulsa ele dali, Gomes recolhe suas roupas e se veste no reservado da garagem, logo o interfone da suíte toca e Helena é informada pelo barulho que pode ser acionado a policia ali.
- Não, me desculpe, eu me alterei, coisa de casal, esta tudo bem, obrigado.
Ela se veste e sai, já não vê Gomes que sai na camionete, sendo seguido por Ronam a distância, Helena pede um táxi e vai embora.
Nova Casa Verde MS, Aline dança o piseiro com alguns peões de um rodeio que esta sendo realizado no recinto ali próximo do bar, ela e outras 8 moças de vida festeira em roupas curtas, fazendo uso de cigarros e doses se divertem ali, o gerente e dono, Reginaldo, serve as mesas e limpa os copos, logo uma ou outra vai a ele que entrega uma chave, esta pega seu par e segue para um dos 3 quartos ao fundo dali.
Na sombra de um pé de jaca ela recebe carinho de um homem que com certeza não o verá outra vez, é um peão de trecho, um itinerante que segue as festas, na busca do sonho de vencer e ser o número um nos rodeios daqui do país e do mundo.
- Você é bem linda.
- Obrigada.
- Faz tempo que esta aqui?
- Uns 3 meses.
- Você é igual a mim.
- Em quê?
- Não tem paradeiro.
- Não, eu tenho sim.
- Onde?
- Não precisamos falar disso, melhor a gente se divertir, quem sabe num lugar mais privado.
- Safadinha.
- Do jeito que você gosta.
O casal sai da sombra e ela pega a chave com Reginaldo, entra no último quarto, roupa de cama ja usada por outra colega, ela tira o lençol que cobre o colchão e troca por um limpo, já deitados ela se entrega ao homem que sacia seus desejos do corpo faminto de prazer.
Cinquenta minutos depois, ela sai de cabelos molhados, uma saia curta jeans e bluzinha azul.
- Obrigado moça.
- Eu é que agradeço, garotão.
- Olha que acabo me apaixonando.
- Dificil, vou tentar acreditar nisto viu. Risos.
O homem se despede e segue com outros de volta ao rodeio, ali de canto sozinha, Reginaldo vem a ela.
- É, esta festa tirou o bar do vermelho.
- Já sabe, amanhã eles vão embora.
- Sei, estou sabendo, vou deixartudo limpo e seguir pra Campo Grande.
- Faz bem.
- Vem com a gente?
- Acho que não, tenho que ver a minha tia, faz um tempinho né.
- Resolveu voltar as origens?
- Tenho que ir.
- Sempre sabe mais reforço, Campo Grande esta de porta aberta a ti, viu.
- Eu sei, te ajudei a abrir. Risos.
- Tá, vou arrumar umas coisas e acertar outras, vou precisar de uma mente pra me ajudar no fechamento do caixa.
- Lógico que vou te ajudar, é só me chamar.
- Te amo.
- Pena que não curte a fruta né love?
- Cruzes, me da alergia. Mais risos.
- Regi você é tudo de melhor que possuo, um grande amigo acima de tudo viu.
- Digo o mesmo de ti, sabe, eu agradeço todos os dias ter te encontrado quase morta naquela rodovia em Roraima.
- Nossa que fúnebre garoto.
- É sério não sei o que faria sem você por perto, amiga.
- Pois é, você vindo de um cara louco que usava uns troços e não tinha controle de nada, eu vindo de uma história da qual desejo esquecer mais ainda insiste em me visitar.
- Você nunca me disse o por que fugia?
- Deixa pra lá, são coisas pesadas demais até para mim.
- Te respeitei lá, te respeito agora e sempre, quando quiser falar, estou aqui, sabe disso?
- Por isso que também te amo, meu grande amor amigo.
- Acho lindo o jeito como usa as palavras e me deixa assim, apaixonado por ti.
- Eu é que amo meu gatão, miauuuuuuuuuu.
- Só não te agarro por que estou me guardando pra um gato moreno jambo que sei, esta me esperando por momentos maravilhosos naquele vesúvio hotel. Risos.
170722.................
Área rural de Mato Grosso do Sul, Distrito de Nova Casa Verde, Aline desce de um táxi, o motorista a ajuda com suas 8 malas e bolsas, no banco traseiro um microondas novo e uma caixa de som.
- Obrigado.
- Eu é que agradeço, precisando.
- Sim.
- Sua tia vai ficar muito feliz com sua vinda.
- Obrigada. O homem entra no carro e sai, Aline leva a última mala pra varanda orestante ja esta na mesa e ao redor.
- Tia.
- O que foi, te expulsaram do inferno?
- Bom dia.
- Não vejo nada de bom, ainda mais agora.
- Quer que eu vá?
- Tanto faz, adianta o que eu desejo?
- Por que é tão cruel assim?
- Acho que é por que sei, a minha única sobrinha se tornou quenga e fica de zona em zona.
- Não vou discutir com a senhora.
- Fiz café.
- Vou tomar.
Horas depois ali na sala, Aline de cabelos limpos com a chuveirada que tomara no quintal num reservado rodeado de trepadeiras e o teto de parreiras de uvas, ela vê sua tia Cristina no cuido da casa, sempre limpa, asseio em todo canto, segue para o quarto onde sente o cheiro de roupas de cama limpissimas e cheirando a floral, ali escova seus cabelos diante a penteadeira que fora da mãe de sua vó.
- Quer comer feijão de corda?
- Nossa tia, eu adoro.
- Vou cozinhar.
- Quer que eu peça algo para a senhora, seus remédios estão em dia?
- Não precisa.
- Esta tomando todos como o doutor receitou?
- Sim.
- Esta mesmo?
- O que foi, não sou tua filha não preciso de seus mimos viu.
- Só quero que.............
- Termine de se arrumar, coloque suas roupas no roupeiro, logo o almoço estará pronto.
- Obrigada. Cris vai a pia da cozinha, Aline olha ela ali a caminhar lentamente, tomada pelas dores de sua artrite, coração, pressão arterial, enfim seus problemas de saúde, nada que interfira no cuido da casa e ainda na lida do campo junto de seus dois peões de confiança ela acompanha o cuido do gado leitero e de corte.
- O cara do laticinio esta vindo no horário certo?
- Daquele jeito de sempre.
- Vou falar com o galego.
- Obrigado dona Aline.
- Tudo bem. Ali diante ao peão ela monta no seu cavalo e sai em galopes pelo pasto, logo ouve sua tia a gritar pelo almoço pronto enquanto estendeumas roupas no varal.
- Quer ajuda tia?
- Vá logo comer, desça daí e coma.
- Tá. Ela desce e logo esta se fartando de arroz, feijão, salada de tomate, alface, ovo frito, torresmo, filé de peixe.
- Esta uma delicia tia.
- Que bom que ainda gosta de minha comida.
- Sabe por onde ando, a gente come bem mais não tão gostoso assim.
- Não me interesso por suas andanças.
- Me desculpe.
- Você é uma cópia perfeita de sua mãe.
- Por que esta falando dela agora?
- Tem razão, vamos esquecer disso, não vale a pena.
- Ela ainda esta em São Paulo?
- Andou mexendo em minhas coisa de novo?
- Só estou perguntando.
- Termina logo de comer e me ajude com a louça.
- Sim senhora.
- Vou cuidar das roupas e quero tudo bem limpo aqui viu?
- Tá bom, tia.
- Sei e olhe como lida com os dois lá fora, não quero falatório por aqui viu?
- Sempre soube me comportar tia.
- Espero que sim.
- Quando eu terminar aqui, vou ao laticinio.
- Aproveita me traz ração e remédios lá na agro.
- Trago sim tia, mais alguma coisa?
- Se comporte enquanto estiver em meu teto, só isso.
- Tá, tudo ok.
Ronam olha Helena ali adormecida no sofá da sala.
- Amor.
- O que foi?
- Não vai retornar ao serviço?
- Que horas são?
- Duas.
- Por que não me chamou antes, não gosto de me atrasar, tenho que ser o exemplo ali.
- Eu te levo.
- Por isso que te amo.
- Sei.
- O que foi Ronam?
- Nada coração. O casal segue de carro para a escola, Luciana coloca a cozinha em ordem e ajuda Abner na limpeza dos banheiros dos alunos.
- Nossa, senão fosse você eu não saberia se terminaria tão rápido.
- Abner quero que saiba que............
- Pode parar, já sei o que você vai dizer, eu entendo e respeito tua decisão.
- Sou casada.
- Por mim, tudo bem.
- O que foi, se arrependeu e............
- Eu gosto muito de você, Lu você tem que saber o que quer e quando quer.
- Não estou entendendo bem isso e............
- Você só sabe seguir um roteiro, não faz desvios, não vê o óbvio ou finge não ver, assim acha que esta fazendo o certo.
- Não te dei essa ousadia, o que quer dizer com tudo isso?
- Siga tua vida do jeito que bem quiser, eu vou seguir a minha e de boas tá.
- Mais..........
- Eu estou namorando.
- Como?
- Conheci uma garota, não tão linda quanto você mais descomplicada e que não faz da vida um subterfúgio de si mesma.
- Boa sorte.
- Eu terei Lu, eu terei e desejo que tenha também apesar de saber que será muito dificil.
O rapaz termina ali saindo deixando Lu sem muito o que falar diante a reação e palavras dele.
Gomes sai da Agro e pára num boteco onde bebe duas doses de pinga enquanto olha duas mulheres na sinuca.
- E ai, querem ganhar fácil de um pato que sou eu?
- Por que não, vem aqui. Ele se junta a elas e joga duas partidas, desistindo depois do toque do celular, tem de voltar pra fazenda.
190722.............