A MOÇADA DA PERCEPÇÃO BLUE (REVELA AÇÕES) — XLVIII—
A MOÇADA DA PERCEPÇÃO BLUE (REVELA AÇÕES) — XLVIII—
MÃEZONA COSTUMAVA falar que estamos na vivência da era da Kaly Yuga. Era de Ferro. Sua duração é de 432 mil anos, tendo passado 5 mil anos, segundo a Sidanta Surya. Quer dizer, ela teria ainda muitas milhares de reencarnações para disseminar o inferno interior que representava. Ela gostava de ser uma rainha familiar desse inferno. Repetia vezes sem conta essa afirmação sobre a Kaly Yuga. Em parte, por influência da vizinha enfermeira nazista do campo de concentração de Auschwitz. Em parte, para justificar sua inacreditável e maligna crueldade. Ela sabia de minhas necessidades, mas agia como se não soubesse. Ela havia zerado por várias vezes minha caderneta de poupança na cooperativa próxima à casa antiga, situada próxima à “Farmácia do Odorico”, esta, em frente à antiga Casa Almendra. Ela me roubava descaradamente o presente e o futuro. Sabendo do quanto é importante o tempo na vida de qualquer pessoa.
MÃEZONA QUERIA mostrar que sabia, mais do que eu, o que era bom para mim. E que se eu não quisesse mostrar que deveria ficar ao lado dela, ela ia fazer tudo que estivesse a seu alcance para puxar o tapete de minha vida de debaixo de meus pés. Ela se alimentava claramente de minhas aflições por desejar sair da proximidade dela. Eu sentia na pele, no ar, a força poderosa de sua malignidade.
ELA ERA UMA assassina em série da dignidade existencial dos filhos. Tendo a mim como epicentro de sua dominação materna, totalmente peçonhenta, truculenta, mas sempre camuflada por uma conduta dissimulada, furtiva, autoritária, cheia de si. Ela vivia em estado de suspensão da consciência familiar de sua extrema e polarizada maldade. A perversa dominação que ela impunha, para mim era simplesmente sobrenatural. Vinha de longe, muito longe no tempo cósmico. Eu a via como se fosse um robô trazido a esta Terra por forças maquiavélicas, terríveis, satânicas.
UM PODER acima da compreensão humana a dominava e a fazia ter orgasmos ao fazer acontecer a força de instalação de sua dominação materna, familiar. Ela amava a maldade com entusiasmo dionisíaco. Os ciclos da Kali Yuga que ela não cansava de mencionar, a repetir a mesma ladainha:
— Estamos a viver a era da Kaly Yuga.
A FORÇA dessa afirmação visava apenas confirmar a extremada reinação familiar de sua selvageria e animosidade para comigo. Ela fazia questão aberta de estar me boicotando e à minha vontade de seguir minhas intuições e afirmar minha vida segundo minhas ideias, sentimentos e instinto. Para ela eu cometia uma heresia imperdoável ao querer sair da proximidade dela. Afinal, para ela, eu não passava de um escravo familiar, um cão que deveria me contentar com a casa de cachorro e os restos o investimento familiar. Para ela eu tinha de aceitar ser o “Bode Expiatório” das misérias dela, do marido, de seus muitos filhos. E filhas.
E TODOS na família haviam embarcado nessa realidade madrasta que me queria passivo, a navegar no barco de Caronte, o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos recém-falecidos sobre as águas do rio Estige. O rio que divide o mundo dos vivos e dos mortos. Uma metáfora da existência de uma dimensão que separa a vida entre mundos. Mãezona me queria um morto-vivo. Daí ter soprado o pó do zumbi sobre minhas faces de criança, após ter tentado me convencer que isso era uma coisa boa, dizendo:
— Meu filho, você quer mesmo ficar para sempre com sua mãe??? Não há lugar melhor para um filho que gosta da mãe do que perto dela. Perto de mim você tem tudo. Não lhe vai faltar nada. Você sabe: “formiga quando quer se perder cria asas”.
TUDO QUE EU mais queria na vida era poder, mais dia menos dia, sair fora da proximidade daquele ser desumano que havia me parido para ser encabrestado por sua ignorância, por sua maldade, por seus traumas, por suas muitas misérias. Parece-me que a amizade que ela devotava à doutora Rosen, que não era realmente doutora, porque ela mesma havia me dito que era uma enfermeira de um campo de concentração nazista durante a IIª Guerra Mundial, estava reforçando sua alienação de descendente dos deuses nórdicos e seus poderes de dominação das demais raças.
AS ABOMINAÇÕES da “raça superior” nos campos de concentração, eram afirmativas de uma superlativa e perversa truculência fundamentada numa metódica e sistemática crueldade. O doutor Mengele foi o mais famoso ogro das aberrações experimentais médicas nos campos de concentração. Mengele injetava tinta nos olhos de crianças gêmeas com o objetivo de alterar a pigmentação da íris. Desejava ele determinar se caracteres humanos genéticos podiam ser modificados.
QUANDO NÃO mais eram úteis a seus experimentos, o doutor Mengele simplesmente as matava, após arrancar-lhes os olhos e os espetarem numa mesa ou parede na sala. Ele forçava as crianças a chamarem-lhe “titio”. As abraçava e depois colocava meninos e meninas em jaulas para serem usadas posteriormente em seus estudos teratológicos. Seus crimes hediondos eram vistos por generais nazistas, como um avanço na pesquisa médica.
O DR. MOREAU dos campos de concentração na Alemanha nazi injetava clorofórmio no coração dos pirralhos e adolescentes, para verificar nos diferentes órgãos de cada uma das cobaias em quanto tempo o coração parava e o sangue coagulava??? Por vezes o doutor, com a ajuda de suas enfermeiras e demais assistentes, amputava órgãos em crianças ainda vivas, sem anestesia, para verificar quanto tempo resistiriam vivas.
MENGELE INJETAVA em um de dois pacientes gêmeos, agentes causadores de tifo e tuberculose com vistas a comparar a degeneração da vítima, em relação ao paciente saudável. Alterava o sexo de uma criança para registrar como seria seu comportamento posterior à conduta e peculiaridades do irmão ou irmã.
ERA SOBRE essas atrocidades que Mãezona tentava justificar que estamos a viver a “era da Kaly Yuga”??? Dessa forma ela buscava justificar as atrocidades cometidas contra minha integridade física e mental??? Restava para ela saber se eu resistiria às suas investidas e às afrontas de Paizão Coisinha. E por quanto tempo eu poderia resistir.