A MOÇADA DA PERCEPÇÃO BLUE (REVELA AÇÕES) — XLV—
A MOÇADA DA PERCEPÇÃO BLUE
(REVELA AÇÕES) — XLV—
EU NÃO mais me reconhecia pelo nome original de nascimento. Usava nomes literários para escrever meus textos, meus livros que eu comercializava em feiras de livros, bienais, bares, filas de pessoas que se amontoavam para comprar ingressos em cinemas e teatros. Eu pagava o preço de uma sobrevivência difícil. Não me sentia filho de um lugar ou pertencendo à uma família. Semeei meu espírito nutrido fora do tempo do consumismo. Eu não queria ser apenas mais uma mercadoria que compra outras.
A EXPERIÊNCIA fora do Templo do consumo, das Sinagogas de hambúrgueres, me criou, e ainda cria, opositores gratuitos que hostilizam contra mim sem mais nem menos. Não posso dizer, eu tenho irmãos de sangue, porque esses irmãos nunca agiram como se fossem meus próximos. Nunca houve neles disposição para a troca de ideias e ideais. Era como se eles esperassem de mim uma atitude subalterna, a partir da qual eu poderia fazer parte da confraria de suas mordomias familiares e sociais. Mas, eu aprendi alguma coisa essencial com Marcel Duchamp ao frequentar museus e salas de cinema nas cinematecas do Rio de Janeiro.
ACREDITO QUE o ser humano, se não lutar para humanizar-se, se torna nada mais do que um serviçal do poder terrenal dos supremacistas, dos globalistas, dos que usam as pessoas para delas tirar proveito próprio: explorando suas necessidades, suas misérias, suas privações, suas falhas, em proveito da ordem e do progresso das ilicitudes. Legitimando o Centrão dos pastores do Bozo, numa fanfarra pública de utilidades PECaminosas que visam contabilizar para ele votos para uma impossível reeleição. Mas, sabemos, Bozo é louco, sabe que nas urnas não possui chance. Por isso prepara um evento antidemocrático tipo aquele da invasão do Capitólio pelo Trump trambiqueiro se perder a reeleição.
SER LIVRE talvez se pareça ao movimento rotativo daquele satélite ao qual chamam de “Cavaleiro Negro”. Como se estivesse a monitorar ações dos terráqueos que carecem de motivação racional, numa rota que contraria os demais artefatos tecnológicos que giram em órbita da Terra. Se você não nasceu também do espírito, mas valoriza apenas e exclusivamente os bens materiais que favorecem a carne, você grava nele suas digitais: seu carma material. Sua mala que carregará no astral.
SER LIVRE do carma comercial que acredita poder comprar sua força de trabalho, é poder saber seguir os passos da multidão em sentido contrário às suas metas apenas de enriquecimento. Bens materiais precisam ser conquistados, mas o objetivo de uma vida, suas metas e intentos não devem, presumo, incluir apenas a compra de um Mercedes Benz, de um carro do ano e de um apartamento frente a orla marítima urbana de Ipanema, Leblon ou Copacabana.
NÃO NASCEMOS apenas para a carne. Penso, logo sou também espírito. O nome que a mim foi dado no registro de nascimento para mim não mais servia. Escrevi livros, os revisei, subscrevi contratos de edição, os editei, distribuí e vendi mano a mano. Porque se fosse esperar por uma editora se interessar por eles, eu ainda estaria sem nenhum exemplar editado. Esse é um país que elegeu para presidente um sujeito sem nenhuma competência moral, intelectual ou humanista. Um sujeito que não vê o Brasil, mas apenas e exclusivamente a reeleição.
MEUS SOBRENOMES e nomes os despi como se fossem roupas sujas e velharias que não mais mereciam de mim, senão o lixo. Me Inconsciente Pessoal, Familiar e Social tive de excluir-me deles para poder ter a chance de me promover enquanto consciência de mim mesmo no que diz respeito à compreensão de onde vim, para que estou aqui. O que é ser um ser humano??? Não há escola ou universidade que responda por você a criação de suas competências neste sentido. E você não pode descobrir-se se está atrelado, acorrentado às solicitações da educação familiar e normativa nas escolas e universidades.
SE VOCÊ serve a um senhor, desserve outro. Se desserve um, serve ao outro. E quem vai servi-lo a si mesmo, se passar a vida ocupado entre servr ou desservir um e outro??? Os cristãos, os judeus, os muçulmanos, os Hopi, os Tembé, os Maias, os Hixkaryanas, os Bororos, os índios do sudeste americano, os Cherokees, os Iroqueses, os Algonquianos, os Comanches, os Apaches, os Esquimós, os Sioux, Guaranis, Ticunas, Caingangues, Macuxis, Terenas, Guajajaras, Ianomamis, Xantes: todos têm associações com divindades Ets. O Senhor ao qual tenho o dever de servir, está em mim mesmo: em meu coração e em minha mente, alma, espírito.
TODA A TRIBO Aldeia Global, habitat do Homo sapiens sapiens está sob a supervisão de um poder soberano que não possui suas fontes nessa Terra. Os supostos deuses todos poderosos dos germanos, dos povos bálticos, descendentes das tribos indo-europeias, a nordeste da Europa (Suécia, Finlândia, Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Polônia, nordeste da Alemanha, Leste da Dinamarca e suas ilhas), não são mais poderosos do que os demais deuses dos demais povos da Terra.
NÃO VAMOS nos dispersar, como diria aquele político da redemocratização: eu não tinha ilusões de posse sobre a Helena da Barão da Torre. Ela se afirmava muita areia para meu caminhãozinho. Uma burguesa com tudo em cima, e eu, um hippie, habitante de uma realidade de jovens ignorados pelo resto do Brasil. Ela me queria funcionário de uma grande loja de varejo da qual era gerente e sócio um de seus amigos. Eu não tinha condições de concorrer com ele pela posse dela. Talvez nem fosse isso. Não sei ao certo.
O CONTATO com ela me fez nascer para a carne e seus prazeres num grau de competência sexual que ainda não havia experimentado. Helena Barão da Torre era minha Helena de Troia. Eu não era nenhum príncipe Paris, mas compreendi por que o príncipe troiano por ela havia começado a guerra mais sangrenta da Antiguidade. A carne, manifestação humana mais evidente, alimenta o espírito de uma energia que incita à uma espécie de transcendência às avessas.
A FÊMEA possui a fresta, a fenda que capta o homem em direção a essa dimensão que imaniza e polariza a atenção do desejo por uma satisfação maior ilusória. A Helena Barão da Torre, minha querida de oportunidade, meu Violino de Ingres, sabia que, por mais desejada e bela fosse, não poderia manter por tempo indeterminado aquela intensidade voluptuosa de motivações da carne. Não sei por quanto tempo poderíamos ter continuado nossa aventura carnal, não fosse a intervenção policial dos esbirros da ditadura.