PEGANDO CARONA NO BONDE ANDANDO

PEGANDO CARONA

NO BONDE ANDANDO

Frequentemente, ouço alguém dizendo, ah! Fulano e sicrano são mestres para pegar carona bonde andando, por isso, quase sempre não sabem onde estão, e nem para aonde vão. Tenho que confessar uma verdade, ainda que doa muito na minha consciência! Honestamente, também já fiz isso, e, muitas vezes! Aliás, para ser mais exato, ainda faço, mas, de forma esporádica, é claro. Em geral, pego a primeira carona que aparece pelo simples fato de já estar perdido. Uma vez que, alguém que não sabe para aonde ir, além disso, encontra se muito cansado de tanto procurar alternativas, é melhor embarcar na próxima oportunidade, mesmo vá parar num lugar qualquer, desconhecido e muito distante.

Às vezes dá certo, pois, quando estamos com sorte pegamos, especificamente, aquela condução que nos levar para o lugar ideal. Dessa forma, chegamos milagrosamente onde nunca chegaríamos se ficássemos perdidos e girando no mesmo lugar feito uma barata tonta.

Sou um sortudo! Então, não posso negar que a sorte já esteve comigo e do meu lado diversas vezes. Por isso, já saí de várias enrascadas terríveis, onde eu estava preso e completamente sem qualquer saída.

A última vez que isso aconteceu, eu caminhava preocupado e muito tenso nas margens da malha ferroviária. Assim sendo, não sabia o que fazer para sair de uma situação muito delicada, além do mais, complicadíssima que estava queimando todos os meus neurônios. De repente, avistei um bonde solitário vindo ainda distante, aproximei dos trilhos depois de alguns passos encontrei um lugar ideal para a tocaia.

O bonde nuca pararia ali, pois não havia ponto de embarque e de desembarque naquele exato local. Mas, naquele esconderijo específico, eu entraria no bonde com muita facilidade, mesmo se ele percebesse a emboscada e acelerasse a 200 km/h para fugir da armadilha.

Nesse momento, aquele bonde seria a minha única possibilidade de salvação. Acompanhei com o olhar todas as curvas daquela locomotiva que se aproximava cada vez mais. Entretanto, a medida que aquele amontoado de ferro-velho chegava mais perto de onde eu estava à espera, apenas, esperando momento certo para o salto que me colocaria dentro de um daqueles vagões, o barulho aterrorizador do atrito das rodas de ferro com os trilhos aumentava na mesma proporção.

Quando faltavam poucos metros para o bonde cair na minha pontaria certeira, tive que afastar-me. Pois, aqueles sons de ferros sendo triturados violentamente me deixou enlouquecido, além disso, desnorteado, a ponto de querer pular na frente desse bonde barulhento e força-lo a parar de qualquer jeito, apenas com as forças de meus dois punhos fortes.

Bom, no momento em que afastei com às duas mãos tampando os ouvidos para evitar uma surdez total e definitiva, o bonde passou rapidamente em alta velocidade. No instante seguinte, tudo estava calmo outra vez, onde era possível ouvir até mesmo os sons quase imperceptíveis e inaudíveis das folhas das árvores balançando ao toque leve do vento que soprava bem devagar.

Quando, olhei novamente para o horizonte vi o bonde que passara ainda pouco, seguindo firme o seu caminho. Nessa hora, o meu desejo era de estar dentro de um daqueles vagões, mesmo com aquele barulho todo. Mas que, aqueles problemas terríveis os quais me consumia ficassem perdidos naquelas margens onde eu estava preso com os meus conflitos aterrorizadores.

Como não tinha mais opções continuei a andar, mesmo sem rumo nas margens daqueles trilhos enferrujados e já gastos pelo tempo. Dessa forma, a minha direção era determinada por esses dois filetes de ferros, estendidos no chão sob os dormentes de madeiras frágeis, além disso, alguns deles em estado de degradação muito avançado, mas, ainda suportava temporariamente o peso daquele bonde.

Caminhei, caminhei até a exaustão! E, não cheguei a lugar algum. Também, não passou mais nenhum bonde. Mais adiante, notei falhas nos trilhos, pois, eles se desprenderam do suporte de madeiras que se apodreceram, além do mais, foram consumidos pelos cupins. Um pouco mais adiante, não havia mais trilhos por onde me guiar, pois, foram retirados. Além disso, no lugar deles cresceram grandes arvores que tampou completamente os resquícios da antiga estrada de ferro.

Por fim, aquele bonde que perdera, era a minha última salvação, e também o derradeiro bonde que por ali passara.

FrasesFeitas $ FilosofiaColoquial 08/09/21

Autor PaginaUnica

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