MANDY VII - NOVO DESAFIO - PARTE 1
I – NOVO DESAFIO
No dia seguinte, de manhã, Marco entrava no consultório do doutor Guilherme e cumprimentava a recepcionista.
- Bom dia, Lúcia. Tudo bem?
- Oi, Marco. Tudo bem. Pode entrar, ele está te esperando há dez minutos.
- Eu sei, estou atrasado, não é? Não vai acontecer de novo, prometo.
Ele entrou no consultório de Guilherme e já foi se desculpando.
- Desculpa, cara, o Lupe quase não me deixou sair de casa. Queria vir comigo, imagina... Bom dia.
- Bom dia, Marco, disse médico, apertando a mão dele.
A fisionomia de Guilherme não lhe pareceu muito animada e Marco perguntou, enquanto se sentava.
- Que foi? Brigou com a Denise?
- Não... Está tudo bem com a Denise e eu.
- E...? Não estou gostando da tua cara.
Guilherme apoiou os braços na mesa e perguntou:
- Qual foi a última vez que você fez um check-up geral, Marco?
- Acho que nunca. A última vez que eu precisei de médico... foi quando levei os gêmeos pra operar as amídalas, ele disse, rindo.
- Pra você, Marco.
- Estou te dizendo. Depois de casado, nunca.
- Então a vida toda. Você está casado desde os dezenove anos!
- Dezessete... ele disse, sorrindo.
- É... eu sempre me esqueço que você não é desse planeta.
Marco sorriu e encolheu os ombros como a dizer: “Que é que posso fazer?”.
- Olha, disse Guilherme ainda a sério, se você quiser... fazer outro exame, procurar outro médico, eu quero que você fique à vontade pra fazer isso.
- Guilherme, quer abrir o jogo logo. Do que você está falando? Eu confio em você mesmo debaixo d’água, por que procuraria outro médico?
- Por que eu achei uma... uma anomalia no seu exame.
- O quê? Como assim, anomalia?
- Um... aneurisma.
Marco ficou sério e mal conseguiu perguntar:
- Achou o quê?
- É bem pequeno, tem menos de um centímetro, e seria bom fazer um exame mais detalhado pra verificar a gravidade... a agressividade dele...
Marco se levantou, deu a volta na cadeira e apoiou-se no encosto dela.
- Do que você está falando, cara? Você está dizendo que encontrou um aneurisma na minha cabeça? Isso é impossível!
- Por isso eu disse que se você quiser procurar outro médico... um neurologista...
- Não! Não quero outro médico, Marco disse, nervoso.
Ele chegou até o painel luminoso que mostrava todas as placas de raios-X de um cérebro e perguntou.
- É isso aqui? Esse é meu raio-X?
- É...
- E onde é que está?
Guilherme se levantou e mostrou para ele uma pequena mancha no lado esquerdo de uma das fotos, mais ou menos do tamanho de um grão de arroz.
- Isso? Só isso?
- É o que está te fazendo ter essas dores de cabeça. No cérebro, qualquer corpo estranho pode provocar um incômodo considerável. Mas como eu não sou neurologista, sou clínico geral, seria bom você procurar pelo doutor Schuster. Ele poderia te explicar melhor o que acontece aí.
- Pelo que eu te conheço, você já foi falar com ele, Marco disse, sem tirar os olhos do pequeno ponto branco em seu raio-X. - Ele foi teu professor na faculdade, não foi?
- Foi... Henry Schuster.
- E...? O que foi que ele disse?
Guilherme não respondeu de imediato. Marco olhou para ele e perguntou, incisivo.
- O que foi que ele disse, Guilherme!
- Senta e se acalma, cara...
- Eu não vou me sentar. Você vai me dizer o que foi que ele disse, agora!
- Então quem vai sentar sou eu.
Ele deu as costas, mas Marco o fez olhar para ele e gritou:
- Fala logo!
- Não dá nem pra operar! Satisfeito?
Marco ficou parado, olhando para ele e uma lágrima rolou de seu olho, sem pedir licença.
- Você está brincando comigo.
- Eu daria meu diploma pra estar brincando com você, agora, Marco. Esse foi o exame mais difícil de ler da minha carreira toda. O doutor Schuster me disse que o aneurisma é tão pequeno que... pela localização, se operarem você, você não sai da mesa de operação vivo.
Marco passou a mão no rosto e foi se sentar. Guilherme se sentou também diante dele.
NOVO DESAFIO
PARTE I
DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS
e depois dele... NÓS MESMOS.
Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.
BOM DOMINGO ABENÇOADO!