MANDY VI - ACALANTO - FINAL
ACALANTO - FINAL
O rosto do menino estava tranquilo e Marco sorriu quase que involuntariamente olhando o movimento do peito do filho se movimentando levemente com a respiração rápida, mas regular.
De repente ouviu o choro leve de Letícia, resmungando no berço e se virou para o lado de Amanda que continuava dormindo. Ela estava tão cansada que nem acordou. Ele se levantou da cama e foi para perto do berço da menina.
- Que foi, princesa? Está com fome de novo? Eu também...
Ele se abaixou e pegou a menina no colo.
- Vamos dar um passeio? Quer assaltar a geladeira? Eu quero. Aquele churrasco estava demais.
Ele olhou para Amanda ainda adormecida e saiu do quarto. Letícia estava agitada e ameaçava chorar.
- Você não pode estar com fome de novo, bebê? A mamãe está dormindo. A gente não vai querer acordar ela, não é? O dia foi puxado hoje.
Já no meio da sala, Letícia começou a chorar e ele acariciava suas costas e a balançava levemente, tentando acalmá-la. Foi até a cozinha, maior que a anterior, abriu a geladeira e pegou uma das mamadeiras que Amanda tinha reservado com seu leite para casos de emergência. Aqueceu a mamadeira na temperatura ideal que a enfermeira tinha ensinado e deu para a filha, sentado à mesa da cozinha. Mas a menina parecia não estar querendo mamar. Recusava-se a pegar o bico da mamadeira e ele imaginou que ela pudesse estar estranhando. Nunca tinha mamado em nenhum lugar que não fosse ao peito da mãe.
- Não é a mesma coisa, não é, filha? Você é esperta. Não quer levar gato por lebre. Mas eu acho que você não está com fome...
Marco ergueu-se novamente e começou a andar com a filha pela cozinha, com ela apoiada em seu ombro. Imaginou que pudesse ser alguma dor, como tinha visto acontecer com sua irmã Mariana quando recém nascida.
- Calma, Lelê. Será que você está com cólica? Quer um chá de camomila? Sua vó fala que é tiro e queda. Sua tia tomava e eu via que dava resultado. Você quer? O tio Arnaldo disse que não é legal dar líquido pra você ainda porque o leite da mamãe já tem tudo que você precisa, mas... ela não está aqui, vida!
A menina se agitava em seu colo, aflita. Marco sentou numa cadeira e a colocou virada de barriga para baixo em seus joelhos e a balançou levemente. Ela era tão pequena, apesar de já ter cinquenta centímetros, que coube direitinho nessa posição e ele sorriu.
- Até parece que você pensou em mim quando nasceu tão pequenininha. Eu não poderia ter feito isso com a sua tia. Ela era uma baleinha com a sua idade.
Depois de uns segundos, Letícia se acalmou e parou de chorar. Ele a acomodou em seu antebraço na mesma posição e foi pegar uma mamadeirinha menor com chá de camomila na geladeira e a aqueceu também. Em seguida apagou a luz da cozinha e foi para a sala, ligou a televisão e a deixou sem som, sentou no sofá e deu o chá para a menina que o tomou todo.
- Estava gostoso, amor? Eu também gosto desse chá.
Marco passou uma fralda que tinha trazido do quarto na boquinha da menina e a limpou. Olhou para as várias almofadas que estavam sobre o sofá e nas poltronas e jogou-as todas no chão perto do sofá. Laila tinha dado ao casal, como presente para a casa nova, um tapete bege muito felpudo e ele resolveu deitar sobre ele no chão mesmo.
O volume das almofadas o permitia deixar o tronco erguido e ele ajeitou a filha sobre o peito, com a barriguinha virada para baixo, colocando a manta sobre ela.
Marco acariciou as costas dela suavemente em movimentos circulares e começou a cantar a canção “Acalanto” de Roberto Carlos.
- “É tão tarde / a manhã já vem / Todos dormem / a noite também / Só eu velo / por você, meu bem / Dorme, anjo / o boi pega neném / Lá no céu / deixam de cantar / Os anjinhos / foram se deitar. / Mamãezinha precisa descansar / Dorme, anjo, papai vai lhe ninar. / Boi, boi, boi / Boi da cara preta / pega essa menina que tem medo de careta / Boi, boi, boi / Boi da cara preta / Pega a Letícia que tem medo de careta...
Letícia aos poucos foi se acalmando e acabou por adormecer, embalada por sua voz, pelo movimento da respiração dele e pelo som do seu coração. Ele beijou a cabecinha da filha e olhou para a televisão onde parecia estar passando um filme de ação bem movimentando e barulhento, com tiros e gritos, mas que felizmente ele não estava ouvindo nada. Só sentia o movimento do peitinho da menina contra o seu. Começou a sentir uma emoção muito forte e uma lágrima rolou pelo canto do seu olho.
- Você não sabe o quanto eu sonhei com isso, meu amor... Agora você está aqui... nos meus braços... Obrigado, meu Deus. Te devo uma... Não... te devo duas... várias... Eu te amo, Pai... muito!
Amanda acordou no quarto, minutos depois e ao olhar para o berço de Letícia não a viu, ergueu-se na cama sobressaltada. Olhou para o outro lado da cama e não viu Marco também. Luís Felipe estava ainda deitado no berço na mesma posição. Ela se levantou e foi verificar de perto se o menino estava bem. Ao se certificar disso, ela imaginou que Marco estivesse com a filha. Foi para a sala e o viu ainda apoiado no sofá, sentado no tapete no chão, adormecido. Sorriu.
Amanda desligou a televisão, aproximou-se dele e colocou a mão sobre a sua, beijando sua boca docemente para não assustá-lo. Marco abriu os olhos e sorriu ao vê-la.
- Oi...
- Cadê a Letícia, namorado?
Ele olhou para o próprio peito e ergueu a manta que estava sobre ele, descobrindo Letícia ainda dormindo tranquila de bruços sobre seu peito.
Amanda riu, baixinho.
- Que lugar gostoso pra dormir! É o meu lugar favorito também.
Ele sorriu.
- Por que você veio pra cá? – ela perguntou, acariciando as costas da menina.
- Acho que ela sentiu dor de barriga... cólica. Não sei bem. Tentei dar a mamadeira, mas ela não quis. Aí, dei o chá de camomila e ela capotou aqui em cima de mim, essa folgada. Vou começar a cobrar aluguel pelo espaço.
Amanda riu de novo e passou a mão pelos cabelos dele, beijando-o de novo.
- Eu te amo tanto...
- Também te amo... Não vou parar nunca de te agradecer por isso.
- Não fiz sozinha...
- Você gostou mesmo da casa?
- Já te falei uma porção de vezes que adorei. É um pouco espaçosa demais perto do nosso cafofinho da Otávio Machado, mas... acho que eu posso me acostumar.
- A gente não vai nem se lembrar do nosso cafofinho quando vir o Lupe e essa aqui correndo no nosso jardim gostoso lá fora.
- Eu nunca vou me esquecer daquele apartamento, Marco. Lá eu vivi a primeira semana de casada mais maravilhosa que alguém poderia ter.
Ele sorriu.
- Eu lembro bem do que você está falando...
Amanda lhe deu um beijo quente e apaixonado. Quando o beijo terminou, ele suspirou.
- Está muito cedo pra fazer outro, você não acha? Com a Letícia aqui em cima de mim não vai dar...
Amanda riu e beijou as costas da filha.
- Vamos pra cama? O Lupe está sozinho lá no quarto e pode reclamar.
- Vamos...
Ela pegou a filha nos braços e ele se levantou. Foram para o quarto e depois de acomodarem a menina no berço, viram Lupe acordar e começar a fazer seu papel nessa história. Começou a reclamar de fome.
- Here we go again! – Marco disse, sorrindo.
Amanda levantou o filho nos braços e sentou-se na cama, começando a se preparar para amamentá-lo. Marco se deitou ao lado dela na cama e disse, segurando o pezinho do filho:
- Eu não tenho dúvida de que a gente vai ser feliz aqui, como foi no nosso AP, Mandy.
- Eu também não, ela concordou.
Trocaram um beijo terno e ele apoiou a cabeça no travesseiro, assistindo o filho mamar.
ACALANTO - FINAL
Eu acredito que DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS...
e depois dele... NÓS MESMOS.
Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.
BONS PENSAMENTOS NOS PERSIGAM
A PAZ DO SENHOR ESTEJA SEMPRE CONOSCO
OBRIGADA!