MANDY V - TEMPESTADE (JULHO) - PARTE 3

III – TEMPESTADE (julho)

Marco se calou e ficou olhando para Amanda, profundamente magoado. Não era sua Amanda que estava ali naquele momento.

- Você está se ouvindo, Amanda? Você está falando da sua madrasta, mulher do seu pai, e de mim! Você acha que...

Ela começou a chorar, colocando as mãos no rosto. Marco chegou mais perto dela e quis tocá-la, mas Amanda o repeliu.

- Não me toca!

- Amanda...

Ela foi se sentar no outro lado da cama e falou baixinho:

- Já aconteceu uma vez... Pode muito bem acontecer de novo, não é?

Marco passou as mãos pelo rosto e foi para perto do espelho, apoiando-se na penteadeira.

- Jesus...! Não pode estar acontecendo isso de novo... Alguém esteve colocando minhocas na sua cabeça. Quem foi?

- Já disse que ninguém...

- Então é só outra crise emotiva causada pela gravidez. Eu vou levar em consideração, mas acho bom não acostumar.

Ele a deixou sozinha no quarto e entrou no banheiro, batendo a porta. Apoiou-se nas duas mãos sobre a pia e disse:

- Imagine quando começar a ter desejos! Será que eu tenho fôlego pra tanto?

Ele tirou a roupa e entrou debaixo do chuveiro, tomando seu banho. Quando acabou, ainda enrolado numa toalha, tentou entrar no quarto e não conseguiu. A porta estava trancada.

- De novo não... ele murmurou.

Foi para a sala e viu um travesseiro e cobertores sobre o sofá. Foi até o quarto de novo e bateu na porta.

- Amanda, o que é aquilo lá na sala?

Minutos depois ela abriu a porta e disse:

- Você vai dormir lá hoje.

- Amanda, isso é criancice!

- Não me chama de criança de novo! Se você quiser dormir aqui, eu vou pra lá. Você escolhe.

- Pois eu não vou dormir lá, nem aqui, nem em lugar nenhum desse apartamento.

Ele entrou no quarto, apanhou algumas roupas no guarda-roupas e começou a se vestir. Amanda se sentou na cama.

- Aonde você vai?

- Não interessa.

Ele vestiu o jeans, colocou uma camiseta e uma blusa de malha, vestiu o tênis sem meia mesmo e, depois de apanhar a chave do carro, foi para a porta. Amanda correu atrás dele.

- Marco, você não vai sair agora.

- E por que não? Se eu não vou fazer falta na sua cama, não vou fazer falta no seu apartamento também. Eu não sou nenhum cachorro que você manda pra casinha e ele vai com o rabinho entre as pernas! Eu sou seu marido! Se você não me quer na cama, não pode me prender aqui! Eu não fiz nada de errado! Eu estava trabalhando!

Amanda abaixou os olhos e depois de alguns segundos disse:

- Desculpe...

- Não, não vou desculpar não. Eu não sou nenhum moleque. Já disse que eu sou seu marido e pai do seu filho. Eu quero ser respeitado como tal, tanto quanto respeito e amo você. Se você dissesse que quer que eu durma no sofá porque... porque sente náuseas quando eu chego perto, tudo bem. O Aldo falou que a Débora sentia ânsia de vômito sempre que chegava perto dele, quando estava esperando a Juliana. Eu posso até aceitar isso. Viria dormir numa boa aqui, se o motivo fosse esse. Mas desconfiança, não. Eu estava trabalhando. Trabalhando, entendeu? E trabalhando com a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci depois dos meus pais e de você. Eu adoro a Rita e vou estar com ela sempre que ela quiser e precisar de mim. Se você não concordar com isso, fala logo. A gente resolve isso em três tempos.

Amanda foi sentar-se no sofá e começou a chorar de novo. Marco foi até ela, sentou-se a seu lado e perguntou, ressabiado:

- Posso te tocar?

Ela se aproximou dele e se encostou em seu peito.

- Eu adoro a Rita...

Marco a abraçou, apertado.

- Então por que tudo isso, anjo? Se ela mesma falou que eu ia estar com ela, por que essa desconfiança?

- Sei lá... Ou melhor, acho que sei sim, mas se eu te contar, você vai se zangar comigo.

- E por que eu ia me zangar com você, amor? - ele perguntou, acariciando seu braço.

Ela se afastou um pouco dele e olhou em seus olhos.

- O Roni esteve aqui...

- Quem? – ele perguntou, se negando a acreditar que tinha ouvido aquele nome.

- O Roni...

- Ele... esteve aqui? Ele entrou na nossa casa?

Ela confirmou, balançando a cabeça. Marco fechou os olhos e respirou fundo.

- E ele veio fazer o quê, Amanda?

- Ele veio como amigo. Não me fez nada. Só queria conversar. Eu não pude dizer não!

- Aquela cobra não é amigo de ninguém, só dele mesmo... Mas e daí? O que foi que ele disse?

- Um monte de coisa. Me elogiou muito, quis saber se você era bom marido, mas é claro que eu não quis entrar em detalhes. Não gosto de ficar falando da nossa vida pra ninguém, ainda mais pra ele que já tentou prejudicar a gente... Aí ele começou a colocar em dúvida o seu comportamento como marido, disse que... nenhum homem merece confiança... e que você não pode ser o único santo no meio deles... Questionou a sua fidelidade e eu... sei lá... me veio na cabeça tudo que aconteceu no ano do nosso casamento...

Amanda começou a chorar copiosamente. Marco a abraçou e beijou sua testa.

- Você acha que eu seria capaz de trair você, agora que você está esperando meu filho, Amanda?

- Não... Claro que não! Mas... como aconteceu aquilo... com a Rita... e você estava lá com ela... Eu pensei... Eu nem sei o que eu pensei, amor. Eu sou tão boba.

- Amanda, eu te amo. Nenhuma mulher no mundo substitui você no meu coração... e no meu corpo. O que aconteceu entre mim e a Rita foi...

- Não precisa repetir. Eu já sei... Me perdoa...

- Pela ceninha, tudo bem, mas por acreditar no Roni, não sei. Eu não quero você dando ouvidos a ele, amor. Aquele cara não gosta de mim e é claro que ele quis te envenenar de novo e quase conseguiu. Você está muito sensível, muito emotiva, muito vulnerável...

- Banquei a boba... Desculpa.

- Já te falei que esse seu jeito educado demais, doce demais ainda vai te colocar em maus lençóis. Você é boazinha demais, garota.

- Não fui boazinha com você agora. Nem com você e nem comigo. Eu não ia conseguir dormir sem você na cama.

Ele a beijou apaixonado.

- Vamos dormir?

- Você não vai jantar?

- Não, perdi a fome.

- Eu sinto tanto, amor...

- Tudo bem. Só não dá mais ouvidos praquele cara. Por mim, por favor. E não deixa nunca mais ele entrar na nossa casa. Ele não é bem vindo aqui. Promete?

- Prometo.

TEMPESTADE (JULHO)

PARTE III

OREMOS

PARA QUE A HUMANIDADE JAMAIS ESCAPE DA TERRA

PARA ESPALHAR A INIQUIDADE EM OUTROS LUGARES.

C. S. Lewis

OBRIGADA POR PENSAR MAIS NA ÁRVORE

DO QUE NA FRUTA QUE VOCÊ VAI COMER!

MAIS NO MAR

DO QUE NO PEIXE QUE VOCÊ VAI PESCAR!

BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/03/2021
Código do texto: T7216082
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