MANDY V - TEMPESTADE (JULHO) - PARTE 2

II – TEMPESTADE (julho)

Enquanto isso, na agência, Marco olhava pensativo para a foto dela na parede. Aproximou-se da fotografia e deslizou o dedo indicador por seu rosto. O telefone tocou. Era ela.

- Namorado!

Ele sorriu.

- Oi, amor.

- Só liguei pra dizer que eu te amo...

Ele fechou os olhos e respondeu, sorrindo:

- Também te adoro, vida. Você está bem?

- Estou. Só queria ouvir sua voz.

- Um, dois, três, quatro, testando... Ouviu?

Ela riu.

- Você não vem jantar, não é?

- Não. Vou trabalhar até mais tarde, com a Rita, você ouviu ela dizer.

- Não demora muito.

- Não, te ligo antes de sair daqui. Mas não precisa me esperar acordada. Pode tomar seu banho, jantar e ir pra cama. Me espera lá, tá bom?

- Está bem. Um beijo.

- Outro, namorada. Tchau.

Ele ainda ficou com o telefone na orelha por algum tempo e os olhos se encheram de água. Desligou o telefone, enxugou o rosto, levantou-se e foi trabalhar.

Quando chegou em casa, pouco depois das dez, encontrou Amanda dormindo no sofá diante da televisão ligada. Fechou a porta e aproximou-se dela. Ajoelhou-se a seu lado e para não assustá-la, tocou sua mão e falou baixinho:

- Amor... Acorda, namorada.

Ela começou a acordar e abriu os olhos.

- Marco?

- Eu não falei pra você me esperar na cama, amor?

- Você demorou, ela disse, levantando-se e sentando no sofá, sonolenta. – Você disse que ia ligar...

- Eu liguei. O telefone tocou várias vezes e ninguém atendeu. Imaginei que você estivesse no apartamento do Alex.

- Não, eu não saí daqui.

- Você jantou?

- Não, não pensei que você fosse demorar tanto.

- Mas eu te avisei... Acho que, quando eu liguei, você já estava dormindo aqui.

Ela se levantou e foi para a cozinha, parecendo zangada. Começou a colocar a comida nos pratos para esquentar no microondas.

- Deixa que eu faço isso, ele disse. – Vai deitar. A gente janta na cama.

- É minha obrigação, ela disse, fria.

- Não fui eu que te disse isso... deixa isso aí, Amanda.

- Onde é que você estava? – ela perguntou, voltando-se.

- Como onde é que eu estava? Eu estava na agência trabalhando!

- Tem certeza?

- Amanda, onde é que eu devia estar?

- Sei lá... Do jeito que eu sou boba e ingênua podia estar em qualquer lugar e eu nem saberia, não é?

- Eu não posso estar ouvindo isso de você, Mandy. Eu estava trabalhando na RR com sua madrasta! Se quiser confirmação, ligue pra ela. Ele deve estar chegando em casa agora também e eu sei que ela dorme tarde.

- Você deve saber mesmo. Conhece ela mais do que meu pai.

- O quê?

- Se eu ligasse pra lá, ela me esconderia qualquer deslize seu. Como escondeu daquela vez, não é?

Ele ficou boquiaberto.

- Eu não acredito no que eu estou ouvindo, Amanda...

Ela passou por ele e foi para o quarto. Marco ia segui-la, mas teve o cuidado de desligar o microondas, pois já tinha perdido até a fome.

- O que está acontecendo com você, Mandy? - ele perguntou, já no quarto.

- Está acontecendo... que eu estou grávida de quatro meses e você sequer se preocupa em ligar pra mim do trabalho pra saber se eu estou bem ou não! Você sai às cinco e meia, Marco, são dez e meia!

- Mas eu avisei que ia chegar tarde, a Rita avisou...

- Cinco horas mais tarde?!

- Deus do céu, eu estou tendo um pesadelo... Você está desconfiando de mim?

- Nenhum homem é santo, não é? Você não é diferente!

Marco balançou a cabeça sem acreditar. Sentou-se na cama e apoiou a cabeça nas mãos.

- Quem foi que te botou essas ideias na cabeça? A Ana?

- Não foi ninguém. Eu só estou começando a acordar.

- Acordar pra quê, Amanda?! - ele gritou, levantando-se novamente.

- Não grita comigo!

- Se eu soubesse que você ia fazer cena, não tinha ficado. Quando a Rita perguntou pra você se você concordava que eu ficasse, você disse que estava tudo bem. Você nunca reclamou dos meus horários, Amanda. Você sabe que a Rita precisa de mim lá. Eu tinha que ficar pra ajudar na elaboração do projeto...

- Eu não quero saber. Você não é escravo dela!

- Não, sou funcionário, amigo e primo da sua madrasta. Isso é o suficiente pra eu ficar a disposição dela sempre que precisar. Eu ganho pra isso.

- Eu começo a acreditar na teoria da minha avó...

- Que teoria, pelo amor de Deus?

- Todo homem é igual. É só aparecer um rabo de saia disponível e vocês se rendem. Foi assim com a Bete, não foi? Você não é diferente do Otávio também.

Marco se calou e ficou olhando para ela profundamente magoado. Não era sua Amanda que estava ali naquele momento.

TEMPESTADE (JULHO)

PARTE II

OREMOS

PARA QUE A HUMANIDADE JAMAIS ESCAPE DA TERRA

PARA ESPALHAR A INIQUIDADE EM OUTROS LUGARES.

C. S. Lewis

OBRIGADA POR PENSAR MAIS NA ÁRVORE

DO QUE NA FRUTA QUE VOCÊ VAI COMER!

MAIS NO MAR

DO QUE NO PEIXE QUE VOCÊ VAI PESCAR!

BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 25/03/2021
Código do texto: T7215347
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