MANDY V - UMA BURCA SERIA LEGAL... - PARTE 2
II – UMA BURCA SERIA LEGAL...
Marco segurou a mão da mulher e continuou a conversa.
- Não, tem que ser hoje... Já liguei duas vezes pra lá e... Mas a gente precisa da aprovação deles hoje! É interesse deles, mais do que nosso... Isso também é importante, se não fosse não precisariam procurar a agência. Tem que ser hoje, ou só vai depois quando a gente quiser. A RR está à disposição, mas isso já é abuso!... Me faz esse favor... A qualquer hora... É, com a diretoria... A Rita, a Bianca ou eu... Tá ok, obrigado. Tchau.
Ele colocou o telefone no gancho, respirou fundo e olhou para ela sério.
- Oi! – ela disse, sorrindo.
- Oi, Marco respondeu, afastando-se e indo sentar-se atrás da mesa.
- O que foi? – ela perguntou, sabendo o que era seu rosto tão sisudo.
- Nada, só estou ocupado. Você já vai?
- Não, sem saber o que te aborrece, ela falou, também ficando séria.
- Nada, já disse, é só essa... conta com a fábrica de cosméticos que...
- É o Roni, não é? – ela o interrompeu. – Você me viu fotografando com ele.
Marco se calou e olhou para os papéis sobre a mesa. Amanda foi sentar-se numa cadeira diante da mesa e colocou as mãos sobre as dele.
- Foi a empresa que pediu, Marco. Exigência deles.
- Eu não disse nada.
- A Rita falou que você ficou zangado.
- A minha zanga não vale nada perto da vontade do cliente. Eles nos pagam e a gente faz o que eles pedem. Por mim, você pode fazer fotos nua com ele que eu não me importo. Se o cliente pagar...
- Marco!
Ele se levantou e foi para perto da janela, colocando as mãos nos bolsos da calça e olhando para a rua.
- Eu não queria mais esse cara perto de você... Ficou combinado que ele não faria mais nenhum trabalho com você. Agora vou ter que aturar ver você junto com ele em fotos promocionais novamente, grudado em você, tocando você... porque senão a Rita vai ter um prejuízo bárbaro.
- Para com isso, Marco!
- Tudo bem. Mas não me peça pra aceitar isso com sorrisos. Eu odeio ele!
- Isso não te dá o direito de me ofender!
- Você queria ser modelo, não queria? Falta pouco pra chegar ao próximo nível. A Xuxa começou assim.
- Para com isso, Marco Antônio! De onde é que você tirou tanta bobagem? – ela exclamou, levantando-se, nervosa.
- Do modo como ele te segurava lá no estúdio, ele revidou, aproximando-se mais dela, também zangado.
- Não tinha nada demais, Marco!
- Ah, não tinha? Então você gostou! Ele estava colado em você, Amanda!
- Exigência do comercial! Anúncio de jeans tem essas coisas e você sabe disso melhor do que eu! A gente está há mais de um ano trabalhando aqui e você nunca implicou nem criticou isso!
- O Roni é diferente e você sabe muito bem por quê!
- O Roni é como qualquer outro pra mim. Eu nem percebo que ele existe quando fotografo, procuro fazer minha parte e só!
- Eu não gostei do que vi e ponto final! Mas não precisa se preocupar comigo. Eu vou sobreviver.
Amanda ficou olhando para ele por um instante, nervosa, e disse:
- Esse ciúme não vai levar a gente a lugar nenhum, Marco.
- Eu sei que não... mas eu não consigo não sentir, não dá pra... ficar calmo depois de te ter visto aquele panaca grudado em você daquele jeito, depois de tudo que ele tentou fazer com a gente.
- Insegurança.
- Não é insegurança.
- É!
- Não é! Por mais que eu confie em você, Amanda, por mais que eu queira estar livre de certos... chiliques de machão inveterado, eu sou de carne e osso; talvez ele estivesse realmente só fazendo o trabalho dele, como o Flávio pediu, mas... sei lá... acho que se o Mel Brooks tocasse você como ele tocou, eu ficaria com ciúme, imagine ele!
- É... Ele é um gato mesmo... Difícil resistir... ela disse, sorrindo maliciosa.
- Amanda, para com isso!
Ela riu, aproximando-se e enlaçando seu pescoço e beijando-o.
- Você é mais, bobinho, e tem a vantagem de que é meu gato.
- Não se trata só de beleza, Mandy. Ele gosta de você, esqueceu?
- Eu não tenho culpa disso.
Marco sorriu segurando sua cintura.
- Tem sim.
- Tenho, por quê?
- Porque é linda demais, trata bem demais as pessoas, vive dando sorrisos pra todo mundo e isso cativa qualquer um.
Ela riu.
- Ah, então eu vou ter que andar por aí com a cara fechada pra todo mundo, colocar uma máscara na cabeça, falar grosso, andar torto, o que mais? Vou ter que usar burca também?
- Uma burca seria legal... ele brincou. – Não dá certo no Oriente Médio?
Amanda bateu nele e Marco riu e a abraçou, erguendo-a do chão e sentando-a sobre a mesa.
- Eu não consigo ser profissional quando se trata de você. Você tem uma pequena, uma diminuta ideia de quanto é importante pra mim, senhora Ramalho?
Ela fez pouco caso e balançou a cabeça negando.
- Provoca... Um dia eu te tranco em casa e te faço exclusivamente minha.
- Você não precisa disso, ela disse, beijando-o. – Não te contaram que eu já sou sua, senhor Ramalho?
- Preciso trabalhar... ele disse, encostando a testa na dela de olhos fechados.
- Eu já vou pra casa. Trabalha direitinho.
Trocaram um beijo apaixonado e Rita entrou na sala nesse momento.
- Está sumariamente despedido! - brincou ela. – Onde já se viu agarrar minha topmodel durante o expediente?
Os dois se afastaram e riram. Rita se aproximou deles.
- Pelo jeito já está tudo bem. Vim puxar a orelha de certo publicitário ciumento.
- Já puxei, disse Amanda, descendo da mesa.
- Marco, o Roni...
- Não defende o Roni, Rita, ele interrompeu. – Eu não gosto dele e ele menos ainda de mim. Se eu tolerar a presença dele junto com a Amanda vai ser por você, pela agência e pela Amanda, pela carreira dela. Mas acho muito bom que ele se ponha no seu lugar e modere-se ou eu vou ficar muito zangado. Aliás, ele já sabe que você está grávida? - perguntou a Amanda.
- Não sei... Deve saber. Todo mundo aqui já sabe.
- Eu não contei nada, disse Rita.
- Pois acho bom alguém contar pra ele não ficar com certas liberdades. Meu filho está dentro dessa barriguinha aqui.
As duas riram.
UMA BURCA SERIA LEGAL...
PARTE II
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
A VIDA SEMPRE RECOMEÇA
E TEMOS QUE DAR CHANCE A NOSSAS ESPERANÇAS
MESMO QUANDO ELAS PARECEM SE DISTANCIAR
OBRIGADA!
E BOM DIA!