MANDY IV - PAI E FILHO-PARTE 1
I – PAI E FILHO
Marco saiu de casa em direção à casa de Aldo e Débora na intenção de conseguir fazer o encontro do menino Júlio César com André, seu verdadeiro pai. Aldo e Débora moravam numa casa pequena ali mesmo em Santo Amaro, perto da mãe de Débora e os dois viviam regularmente bem.
Ele chegou cedo por que tinha planejado levar Júlio para sua casa, promover o encontro dele com o pai biológico e trazê-lo de volta o mais cedo possível para que o menino pudesse passar o Natal com os pais, a irmãzinha e a família. Isso tudo, se Aldo permitisse.
Quando Aldo abriu a porta e o viu junto do portãozinho, sorriu e foi recebê-lo com alegria.
- Oi, amigo! O que você está fazendo aqui a essa hora da manhã, ainda por cima na véspera de Natal? Não devia estar dormindo não? Entra!
Aldo abriu o portão, apertou a mão de Marco e foi entrando com ele na casa.
- Eu não ligo muito pra datas. Não consigo ficar na cama quando o sol bate na minha cara de manhã. E você também está acordado.
- Rapaz, com duas crianças não tem como dormir até tarde. O Júlio não deixa.
Os dois entraram na pequena sala de visitas e Marco já encontrou Júlio César sentado no tapete brincando com uma girafa de plástico e olhando para a televisão ligada. Marco o levantou no colo e beijou seu rosto.
- Oi, amigão! Bom dia! Deus te abençoe! Sua madrinha mandou um beijo pra você, moleque!
- Ele acordou às cinco, hoje, diz Aldo. – Acordou a Juliana e quase não deixa a Débora trocar a irmã. Anda muito ciumento dela. Não sei mais o que eu faço. Senta aí.
Marco se sentou e começou a beliscar o afilhado.
- Você anda implicando com sua irmã, é, panaquinha? Espera até ela arranjar o primeiro namorado, aí você se mete. Agora não.
O menino riu alto, se encolhendo todo por causa das cócegas que Marco fazia nele.
- E a Débora?
- No quarto. Vem pra cá. Ela está terminando de amamentar a Juliana.
- Não, eu posso esperar aqui...
- Vem! Você sabe que ela não liga pra isso. Você já é mais do que da casa. Ela vai ficar feliz em te ver.
Marco acompanhou Aldo até o quarto do casal e viu Débora sentada na cama, amamentando a pequena Juliana que tinha nascido há poucos dias. Débora sorriu.
- Desculpa não ter ido te receber, compadre. Bom dia.
- Bom dia, comadre, Marco disse, indo beijar o rosto dela e sentando-se a seu lado.
Júlio quis bater com a girafa de brinquedo na irmã e Marco segurou seu braço.
- Para com isso, JC! Você ficou maluco, sem noção?!
O menino começou a chorar manhoso, querendo ir no colo da mãe, mas Marco o levou para longe dela, tentando acalmá-lo.
- Ele está assim agora, disse Aldo. - Não pode ver a mãe com a Juliana no colo que dá esses chiliques.
- Vai pra cozinha com o Aldo, Marco, disse Débora. – Eu já estou indo lá.
- Não se preocupe comigo, Debbie. O que eu vim fazer aqui é rápido, fica tranquila.
Marco foi com Aldo para a cozinha da casa e Júlio César ainda reclamava e chorava e gritava em seu colo. Marco segurou seus braços e disse:
- Para com isso, rapazinho! Chega! Para!
Ao ouvir a voz enérgica do padrinho, o menino parou e olhou para seu rosto, sondando se aquilo era mesmo a sério.
- Que foi? Nunca viu? Você vai ficar calmo agora! Se você ficar quieto, eu solto você.
Os olhos do menino se encheram de água, e ele fez beicinho, começando a chorar, agora com lágrimas de verdade. Marco diminui a pressão em torno dos braços do garoto e o abraçou, acariciando suas costas. Júlio encostou a cabeça no ombro dele e começou a soluçar baixinho, se acalmando.
Marco olhou para Aldo que sorriu.
- Não quer levar ele pra você? Ele te obedece mais do que a mim.
- Na verdade, eu quero sim...
Aldo ficou sério e Marco riu e procurou desfazer o mal entendido.
- Estou brincando, cara.
- Esse menino é uma das maiores alegrias da minha vida, Marco.
- Eu sei... Eu sei... desculpa. Eu estava brincando.
- Eu sei que estava, mas eu penso todo dia em ver o pai do André ou ele mesmo entrar por essa porta e querer levar meu filho de mim.
- Isso não vai acontecer, Aldo. Ele é seu. É um Pagliuso. Ninguém tem mais o direito de tirar ele de você.
Aldo respirou fundo e acariciou as costas do menino, já mais calmo, recostado no ombro de Marco.
- Senta aí. Vou te arrumar um café.
Marco sentou e fez Júlio olhar para ele. Enxugou seu rosto e perguntou:
- Está mais calmo, garoto? O dindo não quis briga com você. Não falou sério. Mas você tem que parar de implicar com a sua irmã. Ela é bebê, JC.
O menino apenas olhou para ele e depois de um último soluço, encostou a cabeça em seu peito colocando a girafa de plástico na boca. Marco beijou o alto de sua cabeça, sorrindo.
Aldo colocou a garrafa térmica sobre a mesa e duas xícaras. No meio da mesa estava uma travessa coberta com um pano muito branco que ele descobriu, deixando aparecer seis pãezinhos de sal. Abriu a geladeira e retirou a manteiga de dentro dela, colocando sobre a mesa também.
- Toma um café. Acabei de passar.
Aldo encheu as duas xícaras com o café fumegante e se sentou na frente dele. Júlio olhou para o pão e estendeu a mãozinha para alcançá-lo.
- Você quer pão, filho? - Aldo perguntou.
- Pão... repetiu o menino, abrindo e fechando a mão.
Aldo cortou metade do pãozinho e entregou a ele que o colocou na boca com gosto.
PAI E FILHO
PARTE I
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
OBRIGADA SEMPRE
AOS AMIGOS DAS LETRAS DE TODAS AS CORES
QUE ME ACOMPANHAM
BOM DIA!