MANDY IV - ENCOSTO DE OLHOS AZUIS - PARTE 6
VI – ENCOSTO DE OLHOS AZUIS
Roni não respondeu. Baixou os olhos para as mãos unidas sobre a mesa e ficou em silêncio. O suco foi trazido e Maria Eugênia tocou a mão dele.
- Você está apaixonado por uma garota casada ou é impressão minha?
- Isso é problema meu, Gini.
- Está bom, não está mais aqui quem falou. Não quero entrar em atrito com você nem com ninguém, mas que isso não é muito inteligente, não é. E eu vou te dizer mais: o Marco não é esse monstro que você pinta. É claro que obviamente você não vai nunca morrer de amores por ele, porque ele é casado com a Amanda, mas pelo bem da sua carreira, desencana dessa paixonite sem futuro. Ele é mais forte que você de todas as maneiras.
- Eu não pedi sua opinião.
- Não mesmo, você tem razão, mas eu estou te dando um conselho de amiga. Eu não vejo o Marco e a Rita tendo nada mais do que a amizade e o amor de primos. Ele é doido pela Amanda. Eu fui testemunha de uma crise de ciúme que ele teve quando ficou aqui em São Paulo sozinho sem ela, enquanto ela estava lá em Campos com a equipe e... com você.
- Como assim, crise?
- Você deve imaginar. Você é homem. Se imagine com quase dois meses de casado com uma gata linda como a Amanda e tendo que ficar longe dela por uma semana. Imagine que o modelo trabalhando com ela fosse ele. Por que você pode não concordar comigo, mas o Marco é tão bonito quanto você. São belezas diferentes, mas não únicas.
Ele encostou-se na cadeira e ficou pensativo olhando para o nada.
- Problema dele...
- Eu conversei muito com ele naquele dia e não ouvi palavras de um cara que parecesse ter um caso com mais ninguém a não ser a própria mulher. Ele me parece mais um adulto que acabou de sair da adolescência anteontem. Ele me disse que namorou uma garota só antes da Amanda. Um cara assim não teria um caso. Ele nem pensa nisso, Roni.
Roni ficou mexendo com o canudinho o suco à sua frente e tomou um pouco ainda pensativo. Maria Eugênia viu Amanda de longe quando ia saindo da agência e acenou para ela sorrindo para que se aproximasse. A moça a viu e chegou perto deles.
- Oi, tudo bem? - perguntou, beijando Gini no rosto.
- Tudo. Está indo?
- É, a Rita me dispensou.
- E o Marco?
- Trabalhando, ela disse, erguendo a sobrancelha com um sorriso. – Ele fica até as cinco hoje. Ele trabalha aqui... embora tenha gente que ache que não.
Ela disse isso propositalmente, olhando para Roni que sequer levantou o rosto para encará-la, quando percebeu que a indireta era para ele.
- Não quer tomar um suco com a gente? - Gini convidou gentilmente.
- Não, obrigada. Eu tenho que ir mesmo.
- Você vai como? Eu nunca vi seu carro. Só vejo o Escort prata do Marco. Você não tem carro?
- Tenho... e não tenho. Eu tenho um Fiat desde os dezesseis anos, mas sofri um acidente com ele no ano passado e... bom, o Marco ganhou o Escort no aniversário de dezoito anos e ele sempre me leva e, quando ele não pode, eu pego um táxi ou meu pai me pega, a Rita...
- Você ficou com medo de dirigir?
- Não é bem medo, ela disse, sentando-se na cadeira vazia na mesa. – O carro ficou no conserto por um tempo e já está tudo bem com ele. Está na garagem do meu pai, mas eu não tirei carta ainda.
- Você dirigia sem carta? - Roni perguntou, curioso.
- É uma longa história que começou lá em Minas. Mas o acidente não foi por isso, se é isso que você está insinuando... e, como eu disse: é uma longa história que eu não posso contar agora. Preciso ir.
Ela beijou os dois no rosto e se levantou.
- Tchau... Ah! já convidei os dois pro meu baile de formatura?
- Não, disse Maria Eugênia.
- Os convites vão ser entregues esta semana e eu trago pra vocês. Estão convidados os dois. Vai ser no dia vinte e três de dezembro, no Clube Hípico de Santo Amaro. A sede é linda. Espero que vocês vão.
- Eu vou, disse Maria Eugênia, animada. - A Rita tinha me dito sobre ele, só não me convidou porque você é que tinha que fazer isso.
- Imagina. Ela podia convidar, afinal, foi o marido dela que pagou tudo e ela é casada com ele desde que ele começou a fazer isso. Você vai estar no Brasil ainda?
- Vou. Eu vou passar o Natal com meus pais aqui. Se eu voltar, vai ser só no início de janeiro.
- Legal. Bom, eu vou indo. Tchau.
- Tchau.
Amanda se afastou. Maria Eugênia lançou um olhar travesso para Roni enquanto sugava seu suco com um jeito gracioso e sorria. Ele olhou para ela e perguntou:
- O que foi?
- Ela é um amor. Ainda vale a pena separá-la do marido que eu tenho certeza de que ela ama?
- Ela tem dezoito anos. É uma adolescente. Mudar de gosto é coisa que adolescente faz com muita facilidade.
- Ela é uma mulher e se eu fosse mulher daquele gato, jamais ia ter olhos pra mais ninguém.
- Isso a gente ainda vai ver...
Maria Eugênia riu, balançando a cabeça, achando que o colega de trabalho estava sonhando alto demais.
ENCOSTO DE OLHOS AZUIS
PARTE VI
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
SEJAMOS, TODOS, LUZES NO MUNDO E SAL DA TERRA!
“MÃE NEM SEMPRE É A DONA DA BARRIGA DE ONDE A GENTE SAIU,
MAS A DONA DOS CARINHOS MATERNOS QUE A GENTE RECEBE
GRATUITAMENTE”
OBRIGADA SEMPRE...
A TODOS OS ANJOS QUE ME ACOMPANHAM!
BOM DIA!