MANDY III - EMOÇÕES ESCLARECIDAS - PARTE 3
III – EMOÇÕES DEVIDAMENTE ESCLARECIDAS
Marco e Maria Eugênia se serviram e começaram a comer.
- Que delícia! - ela disse, fechando os olhos, ao degustar a massa com prazer.
Marco sorria, observando seu êxtase.
- Você não tem namorado? - ele perguntou, tomando outro gole de vinho.
- Tinha... tenho, sei lá!
- Como assim?
- Quando eu saí daqui, eu tinha. Quando disse pra ele que ia pra América, ele ameaçou terminar tudo. Eu tinha quinze pra dezesseis anos. Voltei, e eu ainda não chequei se ele terminou mesmo ou não. Minha mãe sempre me telefonava dizendo que ele perguntava sempre por mim, no início. Até um ano atrás, nem tinha namorada nova, mas depois viajou pro Rio e ela não soube mais dele. Ele não sabe que eu voltei, então... eu não sei se tenho namorado.
- Você ainda gosta dele?
Ela encolheu os ombros.
- Não sei. Na América, eu conheci tantos rapazes diferentes que ele acabou ficando longe demais pra eu me lembrar. Afinal de contas, foi ele que me deixou.
- Isso não é muito verdade. Você foi embora. Você acha que ele devia ficar esperando por você todo esse tempo? Que idade ele tem?
- Vinte e um agora.
- Para um homem não é fácil.
- Eu sei que não é, mas quando ele me disse que ia terminar tudo, também não perguntou se eu ia voltar logo ou não. Ele só não queria que eu fosse. Ele não me fez querer voltar pra ele.
- É, aí já é outro problema.
- E eu não quero entrar nessa de me prender a ninguém tão cedo. Vou fazer minha carreira, prestar o vestibular, fazer faculdade... depois eu penso nisso.
- Pensei que você estivesse aqui só de férias.
- Eu vim em férias, mas o pessoal de lá ficou preparado pra eu não voltar mais. Eu queria ver como estavam as coisas por aqui. Sinto muita saudade do Brasil, quando estou lá. Embora Los Angeles seja um sonho que qualquer garota gostaria de viver. Eu adoro a cidade. Mas ficar longe dos meus pais, do meu irmão... A gente sempre foi muito unido. Sinto falta disso. Lá eu não tenho ninguém assim, que se preocupa de verdade comigo por eu ser do mesmo sangue. Eles me tratam muito bem, mas... Você me entende? Sinto falta de um colo de mãe de vez em quando.
- Eu sei bem o que é isso. Minha família também é bem importante pra mim.
- Você tem irmãos?
- Uma irmã... de quatro meses, ele disse, sorrindo.
- Quatro meses?! Caramba! Que lindinho!
- Ela nasceu em julho passado.
Marco tirou a carteira do bolso e abriu, mostrando a ela a foto que tinha de Mariana.
- Que boneca!
- Precisa ver de perto.
- Por que seus pais demoraram tanto pra ter outro filho?
- Não sei até hoje, só tenho uma suspeita de por que eles quiseram ter outro filho agora.
- Por quê?
- Depois que eu fiz quinze anos, vivia pedindo um irmão e eles não se decidiam. Eu acho que quando eu me casei com a Amanda, eles viram que iam ficar sozinhos e...
- Que fofo! Medo de ficar sozinhos!
- Pois é... Seus pais encararam na boa o fato de você ir pra fora trabalhar tão nova?
- Meu pai é diplomata e a minha mãe é estilista. Eles vivem viajando também, então eu não tive muito trabalho pra convencê-los a me deixar ir, ainda mais que minha mãe conhece a Rita há muito tempo. Foi tranquilo. E a Amanda? Ainda não recebeu nenhum convite pra posar fora do Brasil?
- Ela está em Campos do Jordão e eu já estou maluco. Você já está exigindo demais de mim, ele falou, passando a mão pelo rosto.
- Você não deixaria?
- Não sei... mas acho que ela não iria...
- Por sua causa?
- É...
- Você se sentiria bem, se ela não fosse por você, mesmo querendo ir?
- Claro que não, mas... nós somos casados. Ela não é minha namorada, embora eu a trate assim. E quando as pessoas ficam separadas, elas mudam, pensam diferente. O ser humano é muito... adaptável. A gente se acostuma com as coisas que vê e se esquece das coisas que não vê com facilidade. Eu não quero correr o risco.
- Você não confia nela?
- Confio... Ela me ama, eu sei disso, mas... eu acho que todo mundo é falível, é passível de erros que nunca pensou cometer. A maior prova sou eu mesmo. Você me fez trair a Amanda em pensamento, ontem...
- Como assim?
- Quando eu entrei no estúdio e vi você pela primeira vez, você estava... praticamente nua e... eu não consegui desviar os olhos de você.
Maria Eugênia sorriu, corando levemente.
- Mas você não fez nada de errado! Será que ela nunca olhou pra outro rapaz que achou atraente também?
- Não foi só isso que eu pensei... ele disse, sem conseguir olhar nos olhos dela. – Isso me faz sentir... péssimo.
Ela sentiu o sangue subir ao rosto.
- Ainda assim, não vejo traição nenhuma nisso. Você é homem e ninguém pode exigir que você não sinta nada olhando para uma mulher bonita.
Ele olhou em seus olhos por um momento e baixou os olhos, respirando fundo, tomando o resto do vinho que estava na taça a sua frente.
- Acho melhor a gente pedir a conta e ir embora.
- Desculpa se eu te constrangi. O almoço foi tão legal.
- Foi e você não tem que pedir desculpa de nada.
EMOÇÕES DEVIDAMENTE ESCLARECIDAS
PARTE III
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
OBRIGADA...
A TODOS OS ANJOS QUE ME ACOMPANHAM!
BOM DIA!