MANDY III - EMOÇÕES ESCLARECIDAS - PARTE 1
I – EMOÇÕES DEVIDAMENTE ESCLARECIDAS
Depois que Amanda desligou o telefone, Marco ficou olhando para o aparelho, depois cruzou os braços sobre a mesa e escondeu a cabeça neles, pensando em tudo que tinha se passado por sua mente nas últimas vinte e quatro horas. Sentia-se um completo idiota e ficou com raiva de si mesmo. Colocou o telefone no gancho e levantou-se, saindo da sala. Encontrou Haidée e Maria Eugênia esperando por ele no corredor.
- Quer almoçar comigo ainda? - ele perguntou à modelo.
- Claro... ela respondeu.
- Haidée, não me espera mais hoje.
- Está tudo bem com a Amanda?
- Está... Eu é que tenho que parar de ser estúpido.
Marco saiu do prédio e tomou a direção do estacionamento num passo rápido, mas decidido e Maria Eugênia estranhou, seguindo o rapaz quase tendo que correr.
- A gente não ia aqui perto? - ela perguntou. – Nós não vamos a pé?
- Minha fome ficou maior do que eu esperava. Quero comer alguma coisa bem cara! Você já comeu no Galeto’s?
- Já, uma vez, com meus pais, mas...
- A segunda vai ser comigo.
Aproximaram-se do carro, ele abriu a porta para ela, deu a volta no carro e entrou também, pegando a rua em velocidade e queimando pneus. Só quando já estavam na avenida foi que ela teve coragem de perguntar:
- Posso saber ao menos por que você está com tanta pressa e... tão zangado?
- Por isso... ele mostrou a aliança na mão esquerda. – Eu sou casado.
- Hum... Eu soube.
- Não sei por que eu não disse logo pra você... Aliás, acho que sei sim. Estava com raiva... e agora estou mais ainda.
Ele ultrapassou um ônibus e dois automóveis com manobras perigosíssimas e ela, se segurando no banco do carro, sugeriu:
- Você não acha melhor ir mais devagar? Eu tenho só dezoito anos e pretendo seguir com a minha carreira até o fim, com tudo inteiro.
Ele riu.
- Eu também. Não se preocupe. Eu dirijo desde os dez anos.
- Tem gente que morre de acidente de carro com sessenta também, sabia?
Marco não respondeu e riu novamente.
Quando o carro parou queimando pneus de novo diante do restaurante, ele estava mais calmo. Respirou fundo e olhou para ela sorrindo.
- Você está bem?
- Acho que sim... ela disse, sorrindo nervosa e aliviada ao mesmo tempo. – Você é doido!
Marco saiu do carro e foi abrir a porta para ela sair. Entraram no restaurante.
Sentaram-se numa mesa muito discreta junto a uma janela e fizeram os pedidos.
Enquanto esperavam, Marco tomava pequenos goles de vinho olhando pela janela e ela, apoiando o rosto na mão, perguntou:
- Mais calmo?
Ele sorriu.
- Desculpa. Acho que foi a tensão dos últimos dias saindo pra fora toda de uma vez.
- Há quantos meses você é casado?
- Meses? - ele sorriu. - Dezoito exatamente... Um ano e meio. A gente se casou em maio de 88. No dia 28 agora fez um ano e meio.
- Um ano e meio? Você se casou com...
- Dezessete anos. Fiz dezoito em junho...
Ela ficou olhando para ele boquiaberta. Marco riu.
- Que foi? Loucura, não é?
- Não me admira que já esteja arrependido...
- Mas quem falou que eu já estou arrependido?
- Você mostrou a aliança como causa da sua raiva. Não dá no mesmo?
- Esquece o que eu disse. Eu estava furioso por... nem sei por quê... Ela está com a Rita a trabalho em Campos do Jordão desde domingo à noite. Ontem eu fiquei esperando ela ligar de lá por quatro horas e...
Marco parou de falar e riu, passando a mão pelo rosto.
- Parece tão ridículo! O motivo nem é esse...
- Então qual é? Desabafa. De repente eu posso te ajudar.
Ele olhou nos olhos dela e respondeu:
- É você...
- Eu? - Maria Eugênia surpreendeu-se.
- É. Até eu me casar com a Amanda, eu conheci muitas garotas, namorei com uma e fui paquerado por várias... mas nunca tinha reparado em nenhuma, depois que ela entrou na minha vida. Você foi a primeira...
Ela sentiu uma onda de calor lhe subir o rosto e sorriu, querendo explodir de orgulho, embora por fora mantivesse a calma de antes.
- Não fique pensando nada errado, eu... amo a Amanda. Amo mesmo, paixão tripla, além do cosmos... Mesmo que eu... traísse a Amanda com cinco garotas de uma vez, nunca poderia negar a mim mesmo que a amo. Isso já nasceu comigo. Mas... você me trouxe à tona um lado meu que está adormecido há muito tempo... Eu mesmo não sei direito o que é. Acho que nem tive tempo de provar isso.
Ela continuou sorrindo em silêncio. A voz dele falava gostoso e falava dela. Por que estragar aquele momento falando também?
- Começo a dar razão pro meu pai... Marco continuou, olhando para o casal de namorados algumas mesas adiante.
- Por quê?
- Ele não queria que eu me casasse tão cedo.
- Isso me parece sinônimo de arrependimento ou é alguma outra emoção que está te fazendo dizer isso?
Marco encostou-se na cadeira e sorriu.
- Já falei que eu não estou arrependido. Eu só estou com raiva... de estar longe dela. Estou com ciúme de um panaca que gosta dela e que está lá com ela, enquanto eu estou aqui, sozinho e por culpa minha mesmo! A Rita disse mil vezes pra eu ser o único modelo ao lado da Amanda e eu não quis!
- O comercial da Bunny’s tem alguma coisa a ver com vocês?
EMOÇÕES DEVIDAMENTE ESCLARECIDAS
PARTE I
DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!
OBRIGADA...
A TODOS OS ANJOS QUE ME ACOMPANHAM!
BOM DIA!