MANDY III - MARIA EUGÊNIA - PARTE 2
II – MARIA EUGÊNIA
Marco caiu em si e ficou sem jeito.
- Bom, eu acho melhor eu voltar pro trabalho. Eu tenho que entregar a agência ainda em pé quando a Rita chegar.
- Você trabalha aqui há muito tempo?
- Há alguns meses.
- É modelo também?
- Não, já disse que não.
- Mas era você no comercial com ela, não era? - ela disse, apontando para o pôster de Amanda.
Ele sorriu.
- Era sim, mas aquilo foi mais uma oportunidade bem lucrativa do que um lance sério.
- Não sei por quê. Você mandou muito bem. Estava ótimo. Na verdade... eu senti inveja dela. O clipe ficou maravilhoso. Até esqueci o que o comercial vendia. A historinha pareceu tão real...
- E é!
- É?
- Com o tempo você vai ficar sabendo de tudo.
- Você é namorado dela?
Sem saber direito porque não respondeu diretamente à pergunta, ele desconversou:
- É uma longa história...
- Quer dizer que eu ainda vou poder dizer a ela pessoalmente que eu tenho inveja dela?
- Acho melhor não, ele disse, erguendo as sobrancelhas, corando levemente.
Maria Eugênia riu e desceu do balcão.
- Eu estou brincando. Bom, eu tenho que ir. Preciso terminar de desfazer as malas. Quando a Rita volta?
- Na sexta.
- Hum... A gente ainda se vê antes disso. Tchau... Marco.
- Tchau.
Ela passou por ele e saiu. Ele sentiu seu perfume. Marco só então foi se questionar por que não disse a Maria Eugênia que era casado com Amanda. Por que tinha se sentido tão estranho perto dela. Olhou para a foto de Amanda e não conseguiu encará-la por muito tempo. Sentiu-se traindo a mulher e aquilo pesou em sua consciência pela primeira vez. Mesmo com o que aconteceu entre ele e Rita e mesmo com Cleo, ele nunca tinha se sentido assim. Passou o resto da tarde com um enorme sentimento de culpa.
No final do expediente, Flávio, Kleber e Haidée entraram na sala de Rita para se despedirem dele.
- Vamos indo, Marco, falou Kleber. – Já são quase sete.
- Preciso falar com você, cara. Dá pra ficar mais cinco minutos?
- Claro.
- Obrigado, Haidée... Flávio, até amanhã.
- Você não vai também? - Haidée perguntou.
- Vou ficar mais uma hora. Adiantar umas coisas pra amanhã.
- Ei, gato, não tem que fazer serão só porque a chefa está longe.
- Não é serão, Haidée. Na verdade... eu não quero ir pra casa e ficar olhando pras paredes. Sem a Amanda, aquele apartamento vira um túmulo. Fica tudo muito frio e escuro.
- Ai, que gracinha! Ele está solitário sem a gatinha loira! Quer que eu te faça companhia, gato?
- Não... ainda não, ele disse, sorrindo, e brincou. - Se até o final da semana eu vir que não aguento, eu chamo você... primeira opção... juro.
Ela o beijou no rosto e o beliscou, brincalhona.
- Tchau, amor. Vou esperar.
Ela deu uma risadinha safada.
Marco riu também. Flávio passou o braço em volta do ombro da moça e saiu com ela.
- Tchau, Marco.
- Tchau. Até amanhã.
Quando os dois saíram, Marco olhou para Kleber e perguntou, sério:
- Como é que você permite que uma modelo fique praticamente sem roupas dentro do estúdio de fotografia, Kleber?
- Eu? Eu fiz isso? Quando?
- Hoje cedo! A Maria Eugênia estava praticamente nua dentro do seu estúdio!
Kleber pensou e se lembrou:
- Ah, aquilo! Ela não estava nua, estávamos fazendo fotos dela com roupas íntimas, lingerie. Super normal, cara!
- Pode ser normal pra você, mas por pouco eu a vejo sem roupas quando fui procurar por você lá.
Kleber começou a rir.
- Desculpa... Desculpa mesmo, cara, mas tenho certeza que a Gini não ficaria nem um pouco constrangida se você a tivesse visto nua. Ela está acostumada com isso.
- Como assim, acostumada? Que idade ela tem?
- Dezoito, mas posa com todo tipo de roupa desde os quinze. Ela já está acostumada a colocar e tirar a roupa na frente de um monte de gente. Homens inclusive. E um fotógrafo não é um homem quando está diante de uma modelo. É um lance puramente profissional.
- Ah, sério? - Marco perguntou, erguendo as sobrancelhas.
- Simples assim. Agora, fala a verdade: ela é linda, não é? Responde como homem e como futuro publicitário que você é. Esquece a Amanda. Você não pode mais se prender a uma beleza só. Você vai conviver com mulheres lindas nesse mundo em que você está se enfiando, cara. Diz a verdade. Não é uma gata?
Marco encostou-se na cadeira e respondeu:
- É... Quando eu entrei no estúdio e a vi... quase nua de costas, eu... não consegui tirar os olhos dela. Eu não sei por que a Rita não me falou dela nunca. E ela disse que a Rita falava de mim pra ela.
- Mistérios da vida... e da Rita! Posso ir, chefinho?
- Eu já disse que eu não sou teu chefe, cara. Dá o fora. Some daqui!
- Tchau. Não fica até tarde. Vai pra casa e descansa que amanhã a pedreira vai ser grande.
MARIA EUGÊNIA
PARTE II
A BELEZA DAS COISAS E DAS PESSOAS
É PARA SER ADMIRADA
NUNCA INVEJADA!
DEUS ABENÇOE A TODOS AMIGO DAS LETRAS
OBRIGADA E... BOM DIA!