MANDY III - REDENÇÃO - PARTE 1
I – REDENÇÃO
Danilo Ribeiro entrou no apartamento e foi até o quarto de Marcelo, onde o havia deixado de manhã. Danilo era casado e separado da irmã do rapaz que havia se refugiado em seu apartamento depois que soube da morte do colega de colégio. Como Marcelo estava muito nervoso quando o procurou, Danilo aceitou que ele ficasse, mesmo tendo que prometer que não contaria a ninguém sobre seu paradeiro.
Bateu na porta e entrou. Marcelo estava deitado na cama, com os olhos perdidos no teto.
- E aí? Melhorou?
O rapaz não respondeu.
- O garoto já foi enterrado hoje à tarde.
Marcelo olhou para ele e perguntou:
- Você foi até lá?
- Fui. Tinha tanta gente que ninguém reparou em mim. O pessoal gostava dele.
- A turma da minha sala estava lá?
- Acho que sim. Eu vi a Ângela, o Ivan, o Rodrigo e o Diego. O Diego veio falar comigo e perguntou se eu sabia de você...
- Você não disse nada, não é? - Marcelo perguntou, se levantando na cama.
- Não, não disse, mas eu ainda acho burrice sua ficar se escondendo, cara. Você não matou ninguém, nem teve culpa de nada! Ele não se matou por sua causa!
- Mas eu o ameacei de contar pro diretor da escola...
- O quê?
- Nada... Nada... A Amanda estava lá?
- A filha do diretor? Amanda Rotemberg?
- É.
- Eu não a vi, mas o Rotemberg foi. Ela não está casada, agora? Talvez o marido não tenha querido ir, sei lá...
Marcelo colocou as mãos no rosto e o esfregou, nervoso.
- O que está acontecendo, Marcelo?
- Você não entende? Eu ameacei o cara!
- Ameaçou como?
- Não adianta mais ficar falando disso. O cara está morto!
- Tudo bem, esse é o seu modo de ver as coisas, não quer abrir o jogo, não abre, mas eu não posso ficar escondendo você aqui a vinda inteira por um motivo que eu nem sei qual é!
- Está me mandando embora?
- Não estou te mandando embora, só que a tua irmã não vai me perdoar se souber que eu fiz seus pais morrerem de preocupação procurando por você!
- Eu ainda não sei o que eu vou dizer pra eles.
- Eu já disse que você está aqui.
- Você disse? Cara, por quê?
- Eu tive que dizer, Marcelo. Você não fez nada! Eu te levo pra casa, você conversa com seus pais e...
Marcelo pegou a jaqueta e levantou-se.
- Quer saber? Eu vou embora mesmo, mas sozinho.
Danilo o segurou.
- Ei, aonde você vai? Você não pode sair daqui assim. Eu prometi à sua mãe que eu o levaria pra casa, garoto.
- Eu não vou voltar! Me deixa em paz!
Danilo ficou entre ele e a porta e não o deixou sair.
- Você não vai sair daqui assim.
- Será que não dá pra entender que eu não posso voltar pra casa, Danilo? Nem pra casa nem pro colégio. Não vou conseguir encarar o pessoal da minha sala! Não vou conseguir olhar mais pra Amanda sem lembrar... do Alberto.
- E pra onde você vai? Você não tem carro, não tem dinheiro, não tem nem cabeça pra sair por aí, sozinho!
Alguém bateu na porta e Marcelo perguntou:
- Você chamou alguém?
- Não, mas seria ótimo que fosse sua irmã, assim essa história acaba aqui.
Danilo deu as costas e foi atender a porta. Marcelo voltou para o quarto. Eram Isabel, sua ex-mulher e Ana, a irmã de Alberto.
- Oi, Danilo, ele ainda está aqui?
- Está, entra.
As duas entraram.
- Essa é a irmã do Alberto, disse Isabel, apresentando Ana a ele. - Ela veio mostrar um bilhete que ele deixou... pro Marcelo.
- Bilhete?
- Onde é que ele está?
- No quarto.
Isabel foi até o quarto e Danilo convidou Ana a sentar-se. Depois de alguns minutos, os dois irmãos voltaram à sala e Marcelo olhou para Ana, sem saber o que ela poderia ter trazido para ele.
- Oi, Marcelo...
- Eu sinto muito pelo seu irmão, ele disse.
- Eu imagino o que você está passando e... acho que meu irmão imaginou tudo isso, antes de fazer o que fez, ela disse, profundamente emocionada. – Ele deixou esse bilhete e acho que queria que você mostrasse pro marido da filha do diretor do colégio Paralelo, também.
Ana entregou o bilhete a ele, que o segurou, mas não abriu.
REDENÇÃO
PARTE I
LEIA TUDO QUE TE ELEVA O PENSAMENTO E A ALMA
OU PELO MENOS O QUE ENSINA A ENFRENTAR O INEVITÁVEL!
DEUS ABENÇOE A TODOS OS AMIGOS DAS LETRAS
OBRIGADA E... BOM DOMINGO!