MANDY III - INSEGURANÇA - PARTE 2

II – INSEGURANÇA

Marco sentiu faltar o chão e foi sentar-se no sofá, colocando as mãos no rosto.

- Como assim... se matou. Por quê?

- A gente ainda não sabe. Foi hoje à tarde. Ele é meu vizinho e a irmã dele veio me avisar.

Amanda apareceu na sala, ainda enxugando os cabelos e sorriu ao ver a amiga.

- Oi, Ângela! Visita noturna? Que surpresa! - ela falou, beijando-a.

Ao ver o rosto de Marco, ela percebeu que a visita era mais séria do que imaginava.

- O que aconteceu? Que caras não essas?

- O Alberto...

- Que é que tem o Alberto, Angel?

- Ele... se matou hoje.

- O quê?!

- Eu só vim te avisar, porque eu fui com a irmã dele até o Paralelo avisar seu pai e ele disse pra gente que amanhã as aulas dos terceiros vão estar suspensas em pesar a isso que aconteceu. Ele não queria dar a notícia pra você por telefone e eu disse que eu mesma viria te avisar. Eu estou muito chocada também, ela disse, começando a chorar. – Eu gostava muito dele. Ele mudou de sala, mas a gente ainda conversava muito.

- Senta um pouco, Ângela, Marco convidou. – Eu vou trazer um copo d’água... pras duas.

- Não, Marco, não precisa. Eu já vou embora. Só vim pra avisar vocês mesmo. Meu pai está me esperando aí embaixo.

Amanda havia colocado a toalha de banho no rosto e chorava sentido. Ângela se abraçou a ela e as duas choraram juntas por alguns instantes.

- Por quê? Você não sabe o motivo?

- Não. Eu não sei de muita coisa. Só sei que o enterro dele vai ser amanhã, à tarde. Durante a semana, a gente vai ficar sabendo de maiores detalhes. Eu só vim te avisar e... sei que é pedir muito, mas não encuca com isso não. Fica bem, tá?

Ângela beijou o rosto dela e olhou para Marco que também tinha o rosto molhado.

- Eu vou indo, Marco. Cuida dela, por favor.

Ele apenas balançou a cabeça, concordando. Ela beijou o rosto dele também e ele a acompanhou até a porta. Marco voltou para perto de Amanda e a abraçou.

- Você sabe o que isso significa, não sabe? - ele perguntou.

- Não, a gente não tem que imaginar nada, Marco. Ninguém sabe o que aconteceu. Eu te proíbo de pensar que você seja culpado de alguma coisa.

- Mas o que eu posso pensar, Amanda?

- Nada! Não pensa... em nada... por favor.

Ela se abraçou a ele novamente e o telefone tocou.

- Deve ser meu pai, ela disse, indo atender.

Enxugou o rosto e pegou o telefone.

- Alô.

- Filha, tudo bem?

- Oi, pai. Eu já fiquei sabendo.

- Eu lamento muito, filha. E eu posso falar um minuto com o Marco?

- Claro.

Ela estendeu o aparelho para o marido e Marco pegou o telefone.

- Alô, professor.

- Quero te pedir pra não tirar conclusões precipitadas sobre esse acontecimento, Marco.

- Ninguém está pensando nada, professor. Fica sossegado.

- Tudo bem. Amanhã não tem aula pra Amanda, mas... procura não deixar ela sozinha em casa. Leva ela pra minha casa, deixa ela com Dalva, enquanto você está na faculdade.

- Eu vou fazer isso, não se preocupe. Obrigado.

- Boa noite, Marco.

- Boa noite, professor.

Marco desligou o telefone e olhou para Amanda. Ela se abraçou a ele.

- É melhor a gente ir dormir. Amanhã, eu tenho que levantar bem cedo. Eu marquei com o Chu.

- Você nem jantou ainda, ela lembrou.

- Nem você.

- Não estou com fome. Acho que não conseguiria comer nada agora.

- Nem eu. Faz o seguinte: vai indo pra cama que eu vou ajeitar tudo na cozinha e já vou. Eu levo um leite quente pra gente não dormir de estômago vazio.

Ela concordou e foi para o quarto. Minutos depois, já deitados, Amanda recostada no peito dele, nenhum dos dois conseguiu falar no assunto e nem dormir direito.

Na manhã seguinte, Marco abriu os olhos, acordado pelo rádio programado para despertar às cinco e meia e Amanda tinha conseguido dormir, ainda na mesma posição. Ele fez um esforço grande em levantar sem acordá-la e a colocou numa posição mais confortável sobre o travesseiro. Levantou-se, foi tomar um banho, se trocou e, com pena de acordá-la, apenas beijou seu rosto e saiu.

Chegou ao local marcado com Chu e sentou num banco numa praça junto à universidade e esperou por ele por dez minutos. A cabeça fervilhava, pensando em Amanda, sozinha em casa, pensando em Alberto e em tudo o que tinha se passado no dia anterior. Chu chegou e eles apertaram-se as mãos.

- Atrasei muito? - o rapaz perguntou.

- Não, eu... só vim mesmo pra dizer que eu não vou poder ficar, cara, ele disse, se levantando.

- Como assim? O que houve?

- Aconteceu uma coisa muito chata ontem, a Amanda está sozinha em casa e... eu não vou poder ficar...

- Ei, calma, o que foi que aconteceu, Marco? Do que você está falando?

- Um colega... Um colega da Amanda... se matou ontem...

Marco estava tão desnorteado que não conseguia coordenar os pensamentos. Chu percebeu seu nervosismo e o fez sentar-se de novo.

- Senta aí, cara, calma. Conta devagar. O que aconteceu? A Amanda está bem?

- Está. Está... Eu não devia ter deixado ela sozinha... Eu vou ter que ir...

- Primeiro me conta o que aconteceu. Respira fundo e me conta.

- Um colega de colégio dela... se matou, ontem.

- Cara, que barra... Como? Por quê?

- Ninguém sabe muita coisa ainda. Vieram avisar a gente ontem à noite. Eu deixei ela dormindo em casa, mas eu preciso... preciso levá-la pra casa do meu sogro.

- Como é que você conseguiu vir dirigindo até aqui, nervoso com está? Você não devia nem ter vindo. Podia ter me ligado, maluco.

- A gente tinha que fazer o trabalho...

- O trabalho que se dane, Marco. Cadê teu carro?

- Ali, ele apontou para o carro mais adiante.

- Vem, eu te levo de volta pra casa. Dá as chaves.

- E a tua moto?

- Está ali no posto de gasolina. O japa cuida pra mim. Ele já está acostumado. Vem, no caminho você me conta a história toda.

- Como é que você vai voltar?

- Anda logo, garoto. Que saco!

INSEGURANÇA

PARTE II

LEIA TUDO QUE TE ELEVA O PENSAMENTO E A ALMA

OU PELO MENOS O QUE ENSINA A ENFRENTAR O INEVITÁVEL!

DEUS ABENÇOE A TODOS OS AMIGOS DAS LETRAS

OBRIGADA E... BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/02/2021
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