MANDY III - INSEGURANÇA - PARTE 1
I – INSEGURANÇA
Nos dias seguintes, Marco continuou levando Amanda até o colégio de manhã, mas não entrou mais no prédio. Despedia-se dela no carro mesmo e à tarde iam para a agência juntos. Rita tinha mais trabalho para ela. As campanhas choviam e as oportunidades não podiam ser desperdiçadas.
Mas a própria Rita havia percebido que ele estava diferente. Estava tenso e às vezes ela o pegava pensativo, olhando para nada e procurava não participar das gravações dela com Roni, que ainda não se dava bem com ele, apesar de não terem mais discutido.
Numa tarde, o casal estava na sala de Rita, esperando por ela para acertarem novos detalhes de uma nova campanha. Estavam os dois lendo uma das revistas vindas dos Estados Unidos que mostrava uma nova coleção onde uma modelo lançada por Rita era a estrela.
A publicitária entrou com Roni, Kleber e Haidée.
- Bom, a gente está aqui para acertar logo os detalhes pra campanha do jeans...
- Jeans? - Marco perguntou, encostado na mesa de Rita.
- É, nós conseguimos uma conta com a fábrica de jeans que é perfeita pra Amanda, além de dar muito futuro também. Ela pode vir a ser modelo exclusiva da marca, se eu der o devido empurrãozinho no meu cliente. Isso significa... mais grana, porque ela vai fazer dois comerciais! Num vai estar sozinha, que são as fotos para revista, e no outro, com o Roni.
Marco baixou os olhos e chegou a suspirar discretamente para abafar o ciúme, mas manteve a classe e sequer olhou para Amanda. Afinal, se ele mesmo não queria ser garoto propaganda, teria que ceder àquilo.
- Pronta pra trabalhar? - Rita perguntou, segurando a mão de Amanda.
- Quando você quiser, a moça respondeu, sorrindo.
- Então vão os dois pro estúdio. A Haidée vai produzir vocês. Ela já sabe o que fazer.
Amanda olhou para Marco que continuava olhando para o chão e segurou sua mão.
- Me dá um beijo? - pediu baixinho.
Ele a beijou, discretamente, mas foi ela quem prolongou o beijo.
- Volto já.
Tirou a aliança e entregou para ele que a colocou no bolso da camisa. Ele sorriu e ela saiu com o fotógrafo e a maquiadora. Quando a porta se fechou, Marco massageou a nuca e gemeu:
- Ai, Rita, por que é que eu sinto que fiquei mais inseguro agora do que quando não era casado com ela?
- Eu percebi que você está diferente. Mas é isso, meu amor. Posse traz insegurança. É normal.
- Faz pouco mais de quinze dias que eu estou casado, alguns dias que eu comecei a viver aqui fora com ela e eu passo o dia inteiro morrendo de vontade de voltar pra casa e ficar com ela só pra mim! Não pode ser assim!
- Você tem que confiar nela!
- Eu confio, mas... sei lá...
- Isso passa. Dê uma chance a si mesmo.
- Eu não quero ser um marido chato, machista, briguento, controlador. Ela vai acabar enjoando de mim logo, logo.
- Mas você não está sendo nada disso. Seus pensamentos com certeza estão, mas você não está colocando isso pra fora.
- Você ouve meus pensamentos também?
- Eu consigo ver nos seus olhos. Você é a pessoa mais transparente que eu já vi.
- Transparente é? Minha mãe falava que meu pai não era previsível como eu, com a minha idade, quando eles namoravam. Agora você me diz que eu sou transparente. Não sei se eu gosto desses adjetivos. Me sinto... um copo de vidro...
Rita riu do jeito dele falar.
- Ser transparente pra mim não é um defeito. Eu só te acho... um cara honesto, limpo, em quem se pode confiar debaixo d’água.
- Não sei se eu gosto disso também, ele disse, indo sentar no sofá, no meio da sala.
- Você não gosta de ser honesto?
- Eu tenho defeitos como qualquer pessoa. Eu erro como qualquer pessoa.
- Eu falei de uma maneira geral, Marco. Claro que você erra, mas são erros humanos. Não são premeditados, de propósito, letais.
- Chega, ele falou, levantando de novo e indo para a porta. – Eu vou pra minha sala trabalhar, senão o Roni vai entrar aqui e vai ter toda razão de me acusar de nepotismo. Tchau.
- Não quer ir ver a Amanda no estúdio?
- Não, ela é topmodel aqui. Eu nem conheço ela! Prometi isso pra mim mesmo e vou cumprir.
Ele saiu da sala e Rita balançou a cabeça, sorrindo.
À noite, o casal chegou em casa e Marco sugeriu:
- Vai tomar seu banho. Eu vou depois, preciso ligar pro Chu. A gente tem que fazer um projeto de Marketing I juntos e ficamos de nos encontrar na biblioteca da faculdade, amanhã, bem cedinho.
- Está bom. Eu não demoro.
Ela foi para o banheiro e ele apanhou o telefone. Ligou para Chu, marcou com ele, chegarem bem cedo no dia seguinte na faculdade e desligou.
Ligou o aparelho de som, foi ao quarto, tirou a camisa, colocou uma regata mais fresca e foi para a cozinha.
Estava com vontade de fritar uns ovos e tirou a frigideira debaixo da pia para fazer isso. Fritou dois ovos, colocou arroz branco numa tigela, colocou no microondas para esquentar e ia começar a ajeitar a mesa para os dois jantarem, mas a campainha tocou e ele foi até a sala; olhou pelo olho mágico para ver quem era. Era Ângela. Abriu a porta:
- Oi, Ângela! Tudo bem?
- Mais ou menos... A Amanda está?
- Tomando banho. Entra. Ela não demora
Ângela ficou parada por alguns segundos, mas entrou. Marco estranhou, porque ela parecia nervosa.
- Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou, fechando a porta.
- Aconteceu, Marco... O Alberto morreu.
Marco ficou mudo, olhando para ela.
- Desculpa eu ter vindo até aqui pra dar essa notícia desse jeito, mas não dava pra ser por telefone e ele... era nosso colega de sala e...
- Morreu... como? - ele conseguiu perguntar.
- Ele... se matou.
Marco sentiu faltar o chão e foi sentar-se no sofá, colocando as mãos no rosto.
INSEGURANÇA
PARTE I
LEIA TUDO QUE TE ELEVA O PENSAMENTO E A ALMA
OU PELO MENOS O QUE ENSINA A ENFRENTAR O INEVITÁVEL!
DEUS ABENÇOE A TODOS OS AMIGOS DAS LETRAS
OBRIGADA E... BOM DIA!