MANDY III - ALBERTO - PARTE 2

II – ALBERTO

Quando o casal ia saindo da sala, o telefone tocou. Eles pararam e esperaram. José atendeu:

- Colégio Paralelo Santo Amaro, boa tarde!... Oi, amor!... Já, já saíram... – José fez um gesto que dizia para os dois irem embora rápido e os dois saíram. – Faz uns dez minutos... Tá, um beijo... Te amo também... Tchau, até a noite.

Ele desligou o telefone e sentou-se, pegando novamente e abrindo a caderneta com o arquivo de Alberto que estava ali com ele. Apertou o interfone.

- Lúcia, dá uma chegadinha aqui, por favor! - ele pediu à secretária.

Ela surgiu pouco segundos depois.

- Pois não, professor.

- Providencia a mudança de sala desse aluno, já amanhã. Ele vai pro Terceiro C, lá em cima.

- Sim, senhor.

- Obrigado. E amanhã você já avisa o professor da primeira aula do Terceiro A que eu quero conversar com o aluno Marcelo Junqueira, logo que ele chegar.

- Pois não.

Ela pegou a pasta e saiu da sala. José apoiou os braços cruzados na mesa e ficou olhando para o retrato da filha sobre ela, pensativo.

No carro, a caminho da RR, Marco perguntou:

- Como foi a aula?

- Bem...

Ele olhou para ela e insistiu:

- Só?

Ela olhou para ele também e sorriu.

- Tive aula de Matemática com o Cassiano, Filosofia com a Estela, Biologia com o...

- Você sabe do que eu estou querendo falar, Mandy.

- Foi tudo normal. Eu não estou muito a fim de causar polêmica no colégio do meu pai esse ano mais. Está tudo tão tranquilo sem a Lídia, sem o estresse todo que ela provocava na minha cabeça... e na sua...

- Hum... ele fez, olhando para a rua, enquanto dirigia.

Amanda colocou a mão sobre a dele e pediu:

- Vamos esquecer esse episódio com o Marcelo, por favor.

- Já esqueci... Do que você está falando? - ele perguntou, gozador.

Amanda riu e beijou ombro dele.

- Eu te amo.

- Também te amo...

- E na faculdade? Tudo tranquilo?

- Tudo, cheguei atrasado no primeiro módulo, perdi a aula de Marketing I, mas o Chu me emprestou a apostila e me fez prometer que não vai mais acontecer, senão ele e a turma toda fazem yakissoba de mim.

- A Cleo foi à aula hoje?

- Foi. Por quê?

- Nada...

O carro parou no trânsito da Avenida Morumbi e Marco reclamou, batendo no volante:

- Caramba! A gente vai chegar amanhã na RR com esse trânsito.

- Tão perto e tão longe. Seria melhor ir a pé.

- Pode crer... devia ter colocado a bicicleta no bagageiro do carro, ele falou, desligando o motor e ligando o rádio, tirando as mãos do volante. Apertou a mão dela pousada em sua perna e perguntou:

- Sabia que a Alba desmanchou o noivado com o Rubens?

- Mesmo? Por quê?

- Digamos que ela não é bem o que ele procura como namorada.

- Como assim? Eles faziam um casal tão bonito.

- Pois é. Ela cansou de esperar e terminou tudo, acho que a crise começou depois do nosso casamento. Quer dizer, começou bem antes, mas a bomba estourou aí.

- Nossa! Por quê?

- Ela pensou que, se nós, que tínhamos só um ano e meio de namoro, casamos, por que eles que tinham seis anos, não faziam o mesmo?

- Isso é tão relativo. Cada pessoa tem sua vivência. Não dá pra fazer comparação, nem basear sua vida pela vida do outro.

- Também acho, mas... acho que ela já estava ansiosa por isso há muito tempo e quando viu que estava demorando demais, quis dar um basta.

- Esse foi o motivo dela, mas e ele? Ela é tão bonita e parece ser tão legal.

- Ele é gay.

Amanda olhou para Marco rapidamente, surpresa e boquiaberta.

- Não!

- Sim... ele disse, sorrindo discretamente.

Amanda passou a mão pelos cabelos e ficou sem saber o que dizer.

- É engraçado como isso é tão comum e pode acontecer tão perto da gente e quando acontece... a gente não sabe o que pensa. Você já sabia?

- Não, fiquei sabendo ontem pelo Chu. Me surpreendeu também.

Ela ficou alguns segundos em silêncio e perguntou:

- Marco, se acontecesse de um rapaz assim... se apaixonasse por você, o que você faria?

Marco franziu a testa e olhou para ela.

- Como assim?

- Você é, querendo ou não, um rosto conhecido agora, por causa do comercial que a gente fez e seu rosto está junto com o meu nas revistas onde aparecem os anúncios da Bunny’s. Você é um homem bonito e não sou só eu que acho isso. Você tem consciência disso, não tem? Sem falsa modéstia. Você vai ser publicitário, não pode negar isso. Como pode acontecer de uma garota se apaixonar por você e já aconteceu, mesmo antes de você ser garoto propaganda da Bunny’s, pode muito bem acontecer de um rapaz se apaixonar também.

- Você está bagunçando minha cabeça, amor...

- Não estou. É simples. É mais comum do que a gente imagina, está em volta da gente o tempo todo. Lá na RR tem dois ou três modelos fotográficos que são homossexuais. São homens lindos e são gays, você sabe. E se acontecesse com você?

Marco olhou para a avenida e, depois de pensar por um instante, respondeu:

- Não sei... Não tenho preconceito nenhum quanto a isso, mas... eu não vou nem arriscar dizer o que eu faria, diante de uma situação assim. Ter convivido com a Lídia, apaixonada e praticamente quase enlouquecendo de... paixão por mim, já foi bem complicado, quase me botou em parafuso também. Eu não tenho vontade nenhuma nem de imaginar uma coisa assim, Amanda.

- E se eu te dissesse que já aconteceu?

- O quê?!

ALBERTO

PARTE II

LEIA TUDO QUE TE ELEVA O PENSAMENTO E A ALMA

OU PELO MENOS O QUE ENSINA A ENFRENTAR O INEVITÁVEL!

DEUS ABENÇOE A TODOS OS AMIGOS DAS LETRAS

OBRIGADA E... BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 19/02/2021
Código do texto: T7187944
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