MANDY III - MARCELO - PARTE 2

II – MARCELO

Quando o sinal do intervalo bateu, o professor saiu da sala e Marcelo aproximou-se de Amanda e sentou numa carteira perto dela.

- Eu posso falar com você, agora?

Ângela e Débora estavam perto dela para descerem juntas e Amanda pediu:

- Vão indo. Eu desço já.

As duas concordaram e se afastaram, saindo da sala. Amanda olhou para ele e ia começar a falar.

- Marcelo, eu não quero mais...

- Eu só quero que você saiba e confirme com o seu marido que eu não escrevi aquilo, mas tenho uma ideia de quem foi e vou esclarecer tudo.

- Esquece isso...

- Não dá. A pessoa quis me prejudicar, ou a você e o Marco, mas isso não vai ficar barato. Tenha certeza disso.

- Você é quem sabe.

Ela se levantou e saiu da sala também. Marcelo foi para o pátio e procurou Alberto com os olhos até avistá-lo conversando com Ivan, Regina e mais duas garotas do segundo ano. Aproximou-se do grupo e pediu:

- Posso falar com você, Alberto?

- Claro, o rapaz respondeu, solicito.

- Vem comigo até a biblioteca? É sobre o trabalho de Literatura que a Bianca passou.

O rapaz não discutiu, pediu licença aos colegas e o seguiu até a biblioteca. Chegando lá, Marcelo voltou-se para ele, tirou o bilhete do bolso da calça e estendeu para ele.

- Você pode me explicar por que fez isso?

Alberto olhou para a folha de papel.

- Fiz o quê?

- Lê!

Ele abriu o papel dobrado, leu e seu rosto ficou vermelho.

- Não tenho... ideia do que seja isso, Marcelo.

- Estava no meio da lição que eu xeroquei pra Amanda e que você pediu emprestado pra copiar o exercício de Biologia, lembra?

O rapaz não respondeu de imediato, mas tentou desvencilhar-se.

- Essa letra não é minha...

- Nem minha, mas eu sei que você sabe imitar bem a letra de todo mundo. É um dom meio raro, mas eu sei que já é bem famoso aqui no colégio. A única pessoa que pegou naquela pasta branca, fora eu e o cara do xérox, foi você.

Alberto ficou em silêncio.

- Por quê, Alberto? O Marco pegou a pasta e leu esse bilhete. O que você quis com isso?

- Eu escrevi... pra ele mesmo...

Marcelo fechou os olhos e colocou as mãos no rosto, tentando controlar-se. Alberto continuou:

- Eu sei, como todo mundo sabe, que você gosta da Amanda e... senti vontade de escrever... o que eu estava sentindo... por ele...

- E não pensou que fosse me prejudicar?

Alberto ficou em silêncio, sem saber o que dizer.

- Eu estou com uma vontade tão grande de dar um soco na sua cara, seu... bichinha de uma figa! O Marco agora pensa que fui eu que escrevi o bilhete. Você tem ideia do que fez?

- Ele confia na Amanda...

- E ama muito ela também, seo calhorda!

Marcelo o pegou pela gola da camisa e o empurrou até a parede com força.

- Eu quero que você morra de tristeza porque nunca vai poder ter o que quer! Eu posso falar com ela todo dia, olhar pra ela todo dia e conversar com ela numa boa, porque ela gosta de mim, pelo menos como amigo. Você não tem nem isso, idiota!

Os olhos de Alberto encheram-se de água. Marcelo o soltou com um empurrão.

- Se alguma coisa parecida com isso acontecer novamente por sua causa, eu vou denunciar você ao Rotemberg e quando ele ficar sabendo que você está apaixonado pelo genro dele, você não vai terminar o colégio aqui e nunca mais vai estudar em nenhum colégio de São Paulo. Entendeu?

Marcelo fechou o punho e o ameaçou mais uma vez, mas parou o gesto no ar, bem perto de seu rosto, deu as costas e saiu de perto dele. Alberto não conseguia nem respirar direito. Fechou os olhos e sentiu uma lágrima escorrer pelo canto do olho.

Como todo o resto da sala e o professor da terceira aula, Amanda estranhou que Alberto e Marcelo ainda não estivessem na sala depois de dez minutos de aula. Marcelo apareceu e entrou quando Cassiano já fazia a chamada.

- Onde o senhor estava? A aula já tem dez minutos, Marcelo, Cassiano perguntou, zangado.

- Foi mal, professor, eu tive que conversar com a Tânia da secretaria.

- Essas coisas vocês têm que fazer depois da aula, não durante o período. Isso está no regulamento do colégio na agenda de vocês.

- Eu sei, desculpa, não vai acontecer de novo.

Ele atravessou o corredor entre as carteiras, passou por Amanda que o seguiu com os olhos e foi sentar-se em sua carteira.

- Você viu o Alberto lá fora? - Cassiano perguntou. – Ele também ainda não voltou do intervalo.

- Não vi, não... ele respondeu rapidamente, abrindo o caderno de Matemática.

- Vou dar cinco minutos de tolerância, se ele não chegar, vai ter que conversar com o professor Rotemberg. Eu não aturo atraso na minha aula e vocês sabem disso.

Cassiano continuou fazendo a chamada e Alberto apareceu na porta, mas não entrou. O professor olhou para ele e mandou:

- Finalmente! Apareceu a Margarida! Não vai entrar?

- Você pode vir até aqui, por favor?

- Alberto, eu já perdi dez minutos da minha aula...

- Por favor, professor Cassiano.

O professor se levantou aborrecido e foi até o corredor falar com ele. Amanda olhou para Marcelo que olhou para ela também, mas desviou o olhar para o caderno, evitando o olhar dela.

- O que foi, Alberto?

- Eu preciso ir embora. Não estou me sentindo bem.

- Não dá pra esperar a aula terminar? O que você tem?

- Eu só preciso ir embora...

- Aconteceu alguma coisa?

- Não...

- Eu não posso liberar você assim. Você vai ter que passar pela secretaria e pegar uma liberação do diretor. Você sabe disso.

- Eu vou. Só preciso pegar meus cadernos aí dentro da sala.

- Então faz isso rápido, por favor, pra não atrasar mais ainda minha aula.

Alberto entrou na sala e chegou até sua carteira, procurando não olhar para ninguém, principalmente para Marcelo que olhava para ele com raiva. Pegou seu material e saiu da sala, sob os olhares de todos os alunos.

Cassiano entrou, fechou a porta e começou finalmente sua aula.

MARCELO

PARTE II

LEIA TUDO QUE TE ELEVA O PENSAMENTO E A ALMA

OU PELO MENOS O QUE ENSINA A ENFRENTAR O INEVITÁVEL!

DEUS ABENÇOE A TODOS OS AMIGOS DAS LETRAS

OBRIGADA E... BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/02/2021
Código do texto: T7187109
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