MANDY III - RECOMEÇO - PARTE ÚNICA
MANDY - RECOMEÇO
16 de outubro, seis e meia da manhã de segunda-feira. Marco abriu os olhos e ouviu o rádio na sala tocando “Êxtase” do cantor Guilherme Arantes. Olhou para Amanda deitada a seu lado, ainda dormindo, e lhe beijou a testa. Ele acendeu o abajur do lado dela e chamou baixinho, beijando seu rosto de novo e várias vezes, carinhoso:
- Amor, acorda...
Ela acordou e, abrindo os olhos, sonolenta ainda, sorriu, ao ver o rosto dele.
- Que horas são? Está tudo escuro...
- Seis e meia, um pouquinho mais, ele disse, baixinho. – A gente tem que levantar.
- Tem? - ela perguntou, se espreguiçando gostoso.
- Tem... ele disse, beijando seu ombro. – Você toma banho primeiro que eu vou arrumando o café.
- Tá... ela concordou, mas virou o corpo para ele, encostou o pé no pé dele sob o cobertor e o beijou, acariciando sua perna com o pé.
- Não faz isso ou eu não saio mais daqui...
Ela riu e saiu da cama, indo para o banheiro. Ele saiu também e abriu as cortinas do quarto. O ambiente se clareou um pouco mais e ele bocejou gostoso. Foi para a cozinha e preparou o café dos dois. Colocou o leite e os pães sobre a mesa. Minutos depois, Amanda apareceu na porta, enrolada apenas na toalha.
- Pode ir. A água está uma delícia.
Ele apenas sorriu, olhando para ela.
- Que foi? - ela perguntou, com ar travesso.
- Nada... Já disse que você é linda?
- Vai logo, bobo! Eu vou me trocar.
Ela foi para o quarto e ele foi tomar seu banho. Quando saiu, ela já tinha arrumado a cama, já estava vestida no uniforme do colégio, cabelos amarrados para trás e fazia uma leve maquiagem diante do espelho. Marco entrou no quarto, apenas enrolado numa toalha e secando o cabelo com outra menor e ficou olhando para ela, encostado na porta. Amanda o viu pelo reflexo do espelho e sorriu, enquanto passava o batom.
- Que foi? Nunca viu?
- Acho que não...
- Se troca logo, senão a gente se atrasa!
Ele se aproximou dela, a fez virar-se para ele, abraçou-a, beijando sua boca. Quando se afastaram, ela deu um leve suspiro e falou:
- Vou ter que fazer tudo de novo... Bobo!
- Você não precisa disso...
- Preciso sim. Vai se trocar.
Ele sorriu e se afastou dela, jogando a toalha longe e indo se trocar.
Enquanto tomavam café, Amanda falou:
- Eu não vou ficar aqui no apartamento, sozinha, à tarde, sem você.
- Não fica, vai pra casa do seu pai e fica com a Dalva.
- É uma boa ideia.
- O pessoal vai ficar doido com a gente quando souberem que ficamos aqui o tempo inteiro e não dissemos pra ninguém.
- Mas foi melhor, não foi? - ela perguntou.
- Claro que foi.
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Quando o Escort prata parou diante do colégio Paralelo, vários colegas de Amanda cercaram-no para receber o mais novo casal. As meninas jogaram arroz sobre os dois, pois já sabiam que ela voltaria às aulas naquela segunda-feira e tinham planejado fazer uma festa de boas vindas improvisada para a mais jovem senhora do Paralelo. Marco saiu do carro também e foi receber novamente com ela os apertos de mão e abraços carinhosos dos colegas. Depois, ela entrou no prédio e ele foi embora.
Na sala, as perguntas choveram:
- E aí, Amanda, como é ser a senhora Marco Antônio Ramalho? - perguntou Ângela, curiosíssima.
- O mesmo que ser a namorada, bobona. Ele não mudou nem eu.
- Ah, Amanda, depois de casados mudaram sim, é outra coisa, não é não? - perguntou Fátima.
- É... Claro que é. É muito melhor! Mas eu não vou entrar em detalhes com as senhoras, não. Estamos num colégio de respeito.
As garotas riram. Marcelo entrou na sala e ao vê-la parou na porta, pensando se ia até ela ou não. Desde o sábado do casamento dela, o coração do rapaz estava pequenininho e apertado. Tinha achado ótimo que ela não tivesse ido à escola nos três dias da semana anterior, antes do feriado do dia doze, porque pelo menos não veria aquele brilho de felicidade que via agora nos olhos dela. Tinha perdido Amanda para sempre e pensar que passaria o resto do ano com ela na mesma sala o machucava por dentro. Mas, apesar de saber que a tinha perdido, sabia reconhecer a derrota. Ela estava feliz e isso era o que importava. Respirou fundo e foi até ela.
- Oi, Amanda.
Ela virou-se e olhou para ele.
- Oi, Marcelo! Tudo bom?
- Bom te ver de volta. Meus parabéns pelo casamento.
- Não te vi na festa nem na igreja.
- Eu não fui. Meus pais... inventaram uma viajem de última hora no dia e eu tive que ir com eles, mas eu soube que foi muito bonito. Você e o Marco mereciam isso. Estou torcendo por vocês, de verdade.
- Obrigada, ela disse, sorrindo.
- Como é que ele está?
- Está bem.
- Legal.
O professor de Biologia entrou na sala e Marcelo disse, estendendo a ela uma pasta branca.
- Olha, eu... tomei a liberdade de tirar xérox de toda a lição da semana passada pra você. A Ângela disse que ia te emprestar os cadernos, quando você voltasse, mas eu achei que ia ser um saco copiar tudo. Foram só três dias por causa do feriado, mas teve muito texto, aí...
Amanda pegou a pasta, meio sem jeito.
- Poxa, que fofo, não precisava ter esse trabalho.
- Não foi trabalho nenhum. Foi um prazer e espero que seja útil.
- Vai ser sim, obrigada.
- Bom, deixa eu ir pro meu lugar. O Bruno já está olhando com cara feia.
- Obrigada, de novo.
- De nada.
Ele se afastou e foi para o fundo da sala, sentando-se na última carteira da fileira. Amanda olhou para a pasta e depois para as duas amigas.
- O que é que eu faço? - perguntou baixinho.
- Ué! Acho que não tem nada demais você aceitar o favor, disse Fátima.
- Mas o Marco vai saber quem tirou a xérox pra mim.
- E daí? - perguntou Ângela. - Só porque o carinha gosta de você, não quer dizer que ele tenha tido más intenções. O Marcelo é boa gente. E o Marco tem cabeça feita e confia em você.
Amanda pensou e acabou por concordar.
- É, acho que vocês têm razão.
Pararam de conversar e a aula começou.
AMANDA III – RECOMEÇO
DEUS ABENÇOE A TODOS
RECOMECEMOS JUNTOS
COM FÉ E SAÚDE
OBRIGADA E... BOM DIAAAAAAAAAAAA!