MANDY II - MUDANÇA DE VIDA - PARTE 1

I – MUDANÇA DE VIDA

Marco tinha que começar a se despedir do quarto que foi seu por pelo menos treze anos.

A escrivaninha, os livros, o guarda-roupas, a cama, o aparelho de som, os pôsteres na parede, inclusive o de Amanda, sabiam exatamente o que ele sentia naquele momento. Ele já havia se preparado para que aquilo acontecesse, mas não sabia que ia ser tão dolorido. Tinha ficado encostado na porta sem coragem de tomar o próximo passo que seria arrumar suas coisas para sair de casa, como tinha sido a determinação do pai. Duas lágrimas silenciosas rolaram por seu rosto e ele foi até o armário e apanhou duas malas, colocando-as sobre a cama.

Começou a tirar suas roupas do guarda-roupa e das gavetas. Ajeitou tudo cuidadosamente nas malas com as lágrimas escorrendo sem parar no rosto. Deixou de fora apenas a roupa que usaria no dia seguinte, o pijama com que dormiria e a roupa que tinha no corpo. Quando viu que tudo estava guardado, colocou as malas num canto do quarto e olhou para elas, respirando fundo. Depois foi tomar um banho. Quando voltou ao quarto, encontrou a mãe esperando por ele.

- O que é isso, Marco?

Ele sabia que essa ia ser a parte mais difícil. Contar a Laila que ia sair de casa.

- Eu... estou indo embora amanhã, mãe.

- Por quê?

- Eu ia de qualquer jeito, depois de casado...

- Depois de casado, não agora! Foi seu pai, não foi? Você ficou esquisito, depois que ele saiu. Você não vai deixar a gente, Marco! Não agora! - ela começou a chorar.

Marco a abraçou chorando também.

- Eu vou ficar bem...

- Vai pra onde, filho?

- Pro apartamento.

- Mas não tem nada lá, Marco! Como você vai fazer? Você não pode ir!

- Tem um monte de coisa lá sim. Tem o fogão, tem a geladeira, é só instalar tudo. Vai ficar tudo bem, você vai ver.

- Eu sabia que isso não ia acabar bem...

- Mãe, eu já esperava por isso, só não sabia... que ia doer tanto...

Ele abraçou a mãe com mais força e disse:

- Vai acabar tudo bem. Sair de casa não é o maior desastre da Terra. Qualquer cara da minha idade faz isso numa boa. Não é nenhuma tragédia.

- É, pra mim, que só tive você até agora. Meu único filho, meu único bebê... Você ainda é um pedaço de mim, meu amor.

- Eu sei. Eu sinto que estou grudado em você de alguma forma ainda, mas... agora você tem a Mariana. Ela precisa muito mais de você do que eu. Você vai ter que transferir todo o cuidado que teve comigo pra ela.

- Não é a mesma coisa, Marco. Foram dezenove anos! Não dá pra separar você de mim assim e dizer que está tudo bem.

Ele enxugou o rosto dela com os polegares e a beijou na testa, não conseguindo parar as próprias lágrimas.

- Eu te amo. Você é a primeira mulher da minha vida e ninguém vai mudar isso, ele disse sorrindo.

Laila sorriu também.

- Me ajuda a encaixotar algumas coisas pra colocar no carro?

- Marco...

- Mãe, por favor, não faz ficar mais difícil pra mim. Eu tomei a decisão de me casar com a Amanda; vou ter que encarar isso como adulto. Você me ajudou tanto a dobrar o velho. Me ajuda agora também. Juro que não te peço mais nada.

- Eu bato em você, se não me pedir mais nada, filho!

Marco riu.

- Você promete que vem me procurar, sempre que precisar? - Laila pediu.

- Prometo...

- Não vá me deixar de vez, hein?! Pelo amor de Deus, não me deixa de vez, meu amor…

Na manhã seguinte, bem cedo, Marco colocou as malas no carro e, já pronto para sair, entrou na cozinha, onde Laila estava e ela perguntou:

- Você não vai nem tomar café?

- Não. Ele falou bem claro. A partir de hoje, eu não moro mais aqui.

- Seu pai parece criança, às vezes...

- Ele já acordou?

- Já, está no quarto, com a Mariana. Vá falar com ele.

- Eu não! Agora não. Eu ligo pra cá, mais tarde, lá da agência.

- Quando vão instalar telefone de vocês?

- Só daqui vinte dias, mas eu vou estar na parte da tarde na agência, o telefone está na agenda na sala. À noite, você liga pra recepção do prédio e eles me chamam.

- Está certo.

- Queria dar um beijo na Mariana... mas o pai está lá... Faz isso por mim, ele disse, sentindo a garganta doer.

Ela balançou a cabeça afirmativamente. Marco olhou para Sherlock, deitado em sua caixinha no canto da geladeira e aproximou-se dele, pegando-o no colo.

- Tchau, por enquanto, Sher. A gente se vê. Faça o favor de não machucar a Marianinha, hein?

Acariciou o pelo macio do bichano, beijou sua cabeça e o colocou de volta na caixa. Saiu da cozinha e viu Max sentado, perto de sua casinha, olhando para ele. A garganta apertou.

- Max...

O cão levantou e andou até ele devagar, empinando as patas dianteiras e as apoiando em seu peito. Marco o abraçou, afagando seu pelo.

- Queria tanto levar você comigo... Um dia, eu compro uma casa e você vai, tá bom?

O cachorro lambeu o rosto dele várias vezes e depois latiu alto.

- Também vou sentir saudades, amigão, mas eu venho de vez em quando pra te levar pra passear, ok? Comporte-se. Não dá trabalho pra mamãe.

Ele afastou-se de Max e voltou-se para a mãe que já tinha os olhos molhados novamente.

MUDANÇA DE VIDA

PARTE I

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

ESTÁ NO IRMÃO

ESTÁ NA PALAVRA DITA COM CARINHO

ESTÁ NA PALAVRA ESCRITA COM AMOR

PAZ NO CORAÇÃO, LUZ NA MENTE, SAÚDE NO CORPO

E ESPERANÇA NA ALMA... SEMPRE!

SONHAR SEMPRE SERÁ DE GRAÇA!

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 03/02/2021
Código do texto: T7175238
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