MANDY II - MARIANA - PARTE 1
I – MARIANA
Duas e quinze da manhã. Antônio entrou no quarto de Marco e tocou seu braço, chacoalhando-o de leve.
- Filho!
O rapaz acordou e olhou para ele.
- Quê?
- Estou levando sua mãe pro hospital. O bebê vai nascer.
Marco sentou-se na cama rapidamente e sorriu, esfregando o rosto.
- Sério?
- Não precisa levantar, não. Foi só pra te avisar. Continua dormindo. Você tem faculdade, de manhã.
- Eu estou de férias, esqueceu? E eu vou com você pro hospital. Não vou perder essa por nada desse mundo.
- Ótimo, então, se apressa e vai tirando o carro.
Marco levantou-se e se trocou rápido. Foi ajudar o pai, tirando o carro da garagem, depois ajudou a mãe a se sentar no banco de trás e sentou-se com ela. Antônio colocou o carro em movimento.
Laila estava muito calma, apesar das dores que sentia.
- Há quanto tempo eu não sentia isso... ela disse, apertando a mão do filho, por causa de outra contração.
Marco riu um riso nervoso. Antônio nem esboçou emoção nenhuma. Apenas olhou para ela rapidamente.
- Vocês estavam calmos assim, quando eu nasci? - Marco quis saber.
- E quem disse que eu estou calmo? - Antônio perguntou, sem tirar os olhos da avenida.
- Quer que eu dirija? - Marco perguntou.
- Não! – ele responde secamente.
No hospital, Laila foi colocada numa cadeira de rodas e levada à sala de parto e Antônio foi com ela, pois queria assistir ao nascimento do filho. Marco sentou-se na sala de espera onde já havia outro rapaz que, pelo jeito, estava para ser pai também, pelo seu andar impaciente. Fumava um cigarro atrás do outro, embora ali fosse um hospital, e não parava sentado. Marco sorriu discretamente, mas não disse nada.
- Como é que você consegue ficar tão calmo? - o rapaz perguntou.
- Como?
- Você não está esperando seu filho nascer também?
Marco riu.
- Não... é a minha mãe que está lá dentro.
- Sua mãe?! Ah, logo vi que você não estava nem aí.
- Mas eu estou preocupado. Só não estou na sua situação pra ficar desesperado. É seu primeiro filho?
- É... e é seu primeiro irmão também?
Marco sorriu de novo e apenas balançou a cabeça confirmando.
- Fique calmo. Não adianta nada se preocupar antes de saber o que está acontecendo.
- Não consigo, disse ele, sentando-se ao lado de Marco e pegando novamente o maço de cigarros no bolso da camisa. – Você fuma?
Marco balançou a cabeça, negando.
- Aqui não pode. Estamos num hospital...
O rapaz colocou o cigarro na boca, parecendo nem ouvir o que ele dizia de tão nervoso, e acendeu-o, tremendo.
- Fumar resolve?
- Tem uma sugestão melhor?
- Não, mas... você não vai beijar seu filho, cheirando a cigarro, depois, vai?
O rapaz olhou para o cigarro e depois para Marco, apagou-o e o jogou na lixeira ali perto.
- Tem razão... Seu pai está aqui?
- Na sala de parto, com ela.
- Ele vai assistir?
- Vai.
- Legal. Eu não tenho coragem.
Marco sorriu.
- Quantos irmãos você tem? - o rapaz perguntou, esfregando as mãos uma na outra.
- Já falei, esse é o primeiro.
- Ah, claro... Poxa! Raspa de tacho? Quantos anos você tem?
- Dezenove...
- Que barato! Você tem preferência? Menino ou menina?
- O que vier.
- Ah, conta pra mim, vai! Você deve ter uma escolha, aí dentro. A gente sempre tem.
- É... Eu acho que sempre pensei numa menina. Só pra compensar minha mãe de ter sido a única mulher lá em casa. Meu pai já teve seus anos de orgulho. Agora é a vez dela.
- Pensamento legal.
- E você?
- Serão gêmeos.
- Vocês vão ter gêmeos?! Poxa! Não me admira você estar tão nervoso.
- Pois é! São dois meninos.
- Legal, na segunda vez, vocês tentam uma menina.
- Não sei não. Minha mulher tem tios gêmeos. Se na segunda vez vierem mais gêmeos, eu vou à falência.
Os dois riram. Uma enfermeira veio do corredor e dirigiu-se aos dois.
- Paulo? Qual dos dois é o Paulo?
O rapaz levantou-se nervoso.
- Eu!
MARIANA
PARTE I
DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS
ESTÁ NO IRMÃO
ESTÁ NA PALAVRA DITA COM AMOR
PAZ, LUZ, SAÚDE
E ESPERANÇA SEMPRE!
SONHAR SEMPRE SERÁ DE GRAÇA!
OBRIGADA PELA COMPANHIA!