MANDY II - PRIMA RITA-PARTE 3

III – PRIMA RITA

Marco confirmou que estava bem, balançando a cabeça.

- Dorme aqui.

- Não posso. Eu não disse em casa que vinha pra cá. Falei que ia pra casa do Chu. Meus pais vão estranhar.

- Deixa comigo.

Ela apanhou o telefone sobre o móvel do lado do sofá e o colocou no chão. Marco segurou sua mão.

- Não, Rita...

- Psiu! Deixa isso comigo. Você vai ficar aqui esta noite.

Ela discou o número da casa dele e depois de dois toques, Antônio atendeu:

- Alô?

- Oi, primo, boa noite!

- Oi, Rita, como vai?

- Bem. Escuta, eu estou com seu filhote aqui na minha casa e ele vai dormir aqui. Alguma objeção?

- Dormir aí? Por quê? Aconteceu alguma coisa?

- Não. Acontece que eu cruzei com ele e o Chu num barzinho e resolvi trazer ele aqui pra casa pra conversar sobre o estágio dele na agência, mês que vem. Ele não tem nem eu tenho muito tempo na semana, então... vamos passar a noite trabalhando, pra adiantar o serviço.

Marco sorriu e balançou a cabeça, admirado pela presença de espírito dela e o modo como mentia tão bem, totalmente séria.

- Tudo bem, disse Antônio. – Posso falar com ele?

- Claro!

Rita passou o telefone para Marco.

- Oi, pai.

- Tudo bem com você? Você disse que ia à casa do Chu...

- É, eu fui, mas a gente foi conversar num barzinho perto da casa dele e encontramos a Rita lá.

- Está tudo bem mesmo? Você estava meio estranho, quando me deixou em casa...

- Está, pai, está tudo bem. Não se preocupe, não, tá? Dá um beijo na mãe por mim.

- Dou sim... Boa noite. Ah, Marco?

- O quê?

- A Amanda ligou.

Marco fechou os olhos e passou as mãos pelos cabelos, ficando em silêncio por um instante, depois disse:

- Tá bom. Eu ligo pra ela depois...

- Tá, ok. Boa noite, filho.

- Tchau, boa noite, pai.

Ele devolveu o telefone para ela, que o colocou no gancho de novo e disse:

- Viu? Foi fácil.

Ele ergueu o corpo e sentou-se, cruzando os braços sobre os joelhos e escondendo o rosto neles.

- Que foi?

- A Amanda ligou lá pra casa.

Rita sorriu e sentou no chão também, encostada no sofá.

- Marco, você não traiu a Amanda. O que você fez foi satisfazer uma necessidade que o seu corpo tinha de estar com ela, mas já que não podia...

- Por isso mesmo estou me sentindo mal. Eu não tinha o direito de usar você.

- Ei! Eu não sou nenhuma adolescente, sabia, gato? Eu te vi nascer. Você não me usou. Eu já disse. Eu te amo também, mas nós dois estamos apaixonados por duas outras pessoas que vão estar sempre dentro de nós pro resto de nossas vidas, role o que rolar. Eu amo o pai da garota que você ama.

Marco riu.

- Quer confusão maior?

- Vamos jantar? - ela perguntou, colocando apenas o robe que usava antes, levantando-se e indo para a cozinha. Ele vestiu só a calça do moletom e foi ajudá-la.

Jantaram. Marco comeu pouco. Terminou e encostou-se na cadeira, pensativo, tomando goles pequenos de um copo de vinho branco.

- Você costuma beber vinho? - Rita perguntou.

- Às vezes, quando dá na telha do velho, ele coloca uma garrafa na mesa. Mas antes dos meus dezessete anos, ele só me deixava tomar um copo, pra eu não ficar com vontade e nem acostumar. Eu fico tonto logo.

Eles riram e Rita pegou a garrafa, colocando-a sobre a pia.

- Chega então...

- Ah, não vale! - ele disse, rindo. – Não devia ter contado. Eu queria ficar tonto.

- Vinho faz bem à saúde, mas os vícios começam com estados de depressão como o que você teve hoje. Beber e ficar tonto não resolve nada.

Marco ficou sério e baixou os olhos.

- Vem cá. Vou te mostrar uma coisa, ela disse, puxando Marco pela mão.

Ela o levou para o estúdio de trabalho que tinha montado em casa e Marco viu fotos de Amanda ampliadas, penduradas em varais pregados na parede.

- Que tal?

- São as fotos da praia?

- São, ela disse orgulhosa de seu trabalho.

- Poxa! Eu sei que ela é linda, mas...

- E bastante fotogênica também, não é? Eu preciso desse rostinho pra vender o produto de um dos meus clientes.

- Que cliente?

- A Bunny’s. Roupas para jovens, já ouviu falar? Vou começar a trabalhar nisso no mês que vem, por isso quero a sua ajuda.

- Ela já sabe?

- Não, senão teria dito pra você.

Marco aproximou-se de um dos pôsteres e deslizou os dedos pelo rosto de Amanda.

PRIMA RITA

PARTE III

PARABÉNS, SAMPA!

467 ANOS! UMA SENHORA ENXUTA!

DEUS A ABENÇOE GRANDEMENTE!

PAZ, LUZ, SAÚDE

EM SUAS RUAS E EM SEUS BAIRROS SEMPRE

RESPEITO PARA TODOS!

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 25/01/2021
Reeditado em 25/01/2021
Código do texto: T7168039
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