MANDY II - PRIMEIRA CENA DE CIÚME - PARTE 3
III – PRIMEIRA CENA DE CIÚME
Débora só olhava para Marco e Amanda e via que a discussão estava ficando mais séria. Nunca tinha visto os dois discutirem, antes. Levantou o dedo indicador como se, timidamente, pedisse permissão para falar: Os dois olharam para ela ao mesmo tempo.
- Não é nada disso, Marco. Ela só estava ajudando ele, mesmo.
- Ela estava, mas ele não estava querendo só ajuda na matéria.
- Marco, ele é novo no colégio. Veio de uma escola estadual e está perdido com a Matemática do Cassiano. Me pediu pra ajudá-lo...
- Ah, ele pediu? Muito conveniente.
- O que é que você tem, hoje, hein? Que bicho te mordeu? Eu não estou entendendo esse ciúme sem sentido.
- Sem sentido?
- É, sem sentido. E se é uma sessão sem explicação, você não respondeu: o que a Lídia estava conversando com você?
- Nada... Ela estava só sendo... ela mesma. O de sempre.
- É disso que eu tenho medo. A Lídia já é perigosa só sendo ela mesma.
- Tá, tá bom. Eu só vim pra te levar pra casa. Vamos indo. Eu já estou atrasado. A Rita está me esperando na agência.
- Eu não vou para minha casa. Eu vou pra sua casa.
- Por quê?
- Vou levar a Débora lá. Ela quer conversar com a sua mãe. E a gente vai a pé mesmo.
- Hum... Tudo bem. Então eu vou indo.
Ele ia entrar no carro, mas ela disse:
- Você nem me deu um beijo.
Marco a beijou, mais calmo, segurou sua mão e encostou a testa na testa dela, fechando os olhos.
- Desculpa, eu não gostei do jeito que aquele cara olhava pra você.
- É só um colega de sala, amor. Você sempre diz que é meu, quando eu fico insegura. Eu também sou sua. Você sabe...
Ele ergueu sua mão esquerda e beijou a aliança. Débora sorriu.
- Eu ligo pra você à noite.
- Tudo bem... Eu te amo.
- Também te amo. Tchau. Tchau, Débora. Desculpa a cena.
- Tudo bem... se acabou bem. Todo casal passa por isso.
Marco deu um beijo na testa de Amanda, foi para o carro, abriu a porta, entrou nele e foi embora.
- Nossa! Nunca vi o Marco tão zangado, Débora disse.
Amanda sorriu.
- Sabe que foi a primeira cena de ciúmes do meu gatinho. É o máximo!
Débora sorriu, balançando a cabeça. Começaram a andar e foram a pé para a casa de Marco. Foram papeando. Débora enlaçada no braço dela.
- Será que a dona Laila vai me aceitar na casa dela?
- Claro que vai. Ela está precisando de ajuda e, se você está precisando de dinheiro e quer trabalhar... Vai ser bom, porque ela pode cuidar do Julinho, enquanto você trabalha.
- Vai ser ótimo! Tomara que ela aceite.
Quando Marco e Antônio chegaram em casa, à tardinha daquele dia, encontraram o carrinho de bebê de Júlio César, filho de Débora, no meio da sala e ouviram os gritinhos dele vindo da cozinha. Os dois olharam-se.
- A Débora está aqui ainda... Marco disse.
- Como ainda? Você sabia que ela vinha? - Antônio quis saber.
Marco não respondeu. Foi até a cozinha e Antônio o seguiu. Encontraram as duas entretidas, fazendo a mamadeira do menino. Laila estava com Júlio César no colo.
- Boa noite! - Marco cumprimentou, indo beijar a mãe e pegando Júlio no colo dela.
- Oi, meninos?! Boa noite! - disse Laila. – Estou aqui reaprendendo a culinária infantil com a Débora.
Antônio beijou a mulher e cumprimentou Débora.
- Boa noite, Débora. Tudo bem?
- Boa noite, seo Antônio. Oi, Marco!
- Parece que tem alguém aqui com fome, Marco falou, olhando para o menino em seu colo. – Fala, garotão!
- Antônio, Marco, a Débora vai trabalhar aqui comigo, disse Laila.
- Trabalhar? Como? - Antônio perguntou.
- Eu vou ajudar no serviço da casa, Débora completou.
Pai e filho trocaram um olhar e Antônio perguntou:
- Ah, é?
- A Amanda falou que a dona Laila vai precisar de repouso durante a gravidez e precisa de ajuda e... como eu estou precisando de dinheiro, acho que posso ajudar. E uma ajuda a outra. Ela cuida do meu bebê pra mim e eu cuido da casa pra ela.
Outro olhar trocado por Marco e Antônio e novamente a palavra ficou com Antônio.
- Seu marido concorda com isso?
- Eu disse a ele que é por pouco tempo. Só até que a dona Laila tenha o bebê ou um pouquinho depois, se ela precisar. Enquanto isso, o Júlio vai ficando mais independente e eu posso colocá-lo numa creche e trabalhar em outro lugar. É temporário e eu gosto. Espero que o senhor não se incomode.
- Não! De forma alguma. Eu queria mesmo que alguém viesse ajudar. O médico recomendou que ela ficasse quieta. O difícil é fazer essa mulher ficar quieta. Se você quer o trabalho, seja bem vinda.
- E você, Marco, concorda?
- Sinceramente... não! Mas como eu conheço a minha mãe e sei que ela não vai tratar você como uma empregada... tudo bem.
Ele saiu da cozinha e foi para a sala com Júlio. Débora foi atrás dele.
- Marco...
Ele parou e voltou-se.
- Eu estou feliz. Eu estou bem, juro! Eu adoro sua mãe, respeito muito seu pai e você. Vai ser um prazer pra mim trabalhar aqui.
- Como é que fica o colégio?
- Já combinei com a sua mãe. O Júlio fica com a minha mãe de manhã, eu passou lá e pego ele à tarde e nós dois vimos pra cá. Depois o Aldo pega a gente à noite. Vai dar tudo certo, você vai ver.
Ele não disse nada. Olhou para o garotinho que olhava para ele também e dava leves tapinhas em seu rosto, falando com ele na sua linguagem bem peculiar que só ele próprio entendia.
PRIMEIRA CENA DE CIÚME
PARTE III
DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS
OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!
SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!