MANDY II - NINHO (1989) - PARTE 10
X – NINHO (1989)
Antônio entrou também pela cozinha, minutos depois.
- Boa noite, família, cumprimentou ele, beijando Laila.
- Voltou cedo, ela disse.
- Tem graça eu ficar numa festa até tarde sem você, disse ele, indo para o quarto, batendo no ombro do filho no caminho.
Marco sorriu para a mãe e ela para ele, orgulhosa. Antônio voltou depois, já com uma roupa mais leve, sentou-se à mesa ao lado de Laila, passando o braço em volta dela num abraço carinhoso, beijou seu rosto e perguntou:
- Marco, você conhece um rapaz chamado Claus Kirner?
- Pois é, conheço. Meu colega na Anhembi.
- Colega de sala?
- Sim, senhor. Não é o cúmulo da coincidência? Se é que isso existe. Ele é filho do seu amigo, não é?
- É... Toma cuidado com ele.
- Por quê?
- O rapaz é viciado em cocaína.
Marco olhou para a mãe, abismado.
- Como é que é?
- O pai dele me contou, hoje. Ele saiu de casa por causa disso.
- É, ele mora com dois outros colegas da sala também, mas... isso parece não fazer sentido. O Rubens e o Eugênio e... mesmo ele, não parecem...
- Pois é. Deu o maior trabalho pro Jarbas no ano passado. Foi preso três vezes. O Jarbas tentou interná-lo numa clínica, mas ele não quer.
- Caramba! Nunca percebi nada. Ele é meio estranho mesmo, mas até então...
- Acho bom você ficar longe dele.
- Pai, ele é só um colega de sala, não é meu amigo como o Teo, como o Aldo. E ele parece ser aceito pela galera do grupo, antes mesmo de eu chegar.
- Nunca se sabe.
- Você sabe que tudo tem um motivo. O pai dele explicou por que ele entrou nessa?
- Não.
- Eis os xis da questão. Você acha que eu teria motivo pra me ligar nessa de droga, só porque tem alguém assim perto de mim?
- Não... A gente fez de tudo pra direcionar sua cabeça pra coisas que valessem a pena.
- Obrigado pela confiança.
- Mas não existe só um motivo que leva um jovem a cair nas drogas, filho. Eu sei de muito rapaz de classe média como você, que tem tudo e se envolve com isso. Basta ter uma pequena fraqueza de caráter.
- Fraqueza de caráter também se faz em casa, pai. O pouco que eu sei do Claus, que é bem pouco até, é que o pai dele se casou pela segunda vez com uma moça bem mais jovem que ele, certo?
- É, mas não é uma garota. Ela tem vinte e três anos...
- E o Jarbas tem a sua idade, certo?
- Dois anos mais velho.
- Então é uma garota pra ele.
- Não vejo isso assim...
- Mas o Claus deve ver. Ele não fala, mas o Chu comenta que ele não gosta muito da situação. O irmão mais velho saiu de casa, primeiro, por causa desse casamento. A irmã mais nova briga o tempo todo com a madrasta e ameaça sair de casa a cada vez. Fora o fato de os dois terem tido outro filho, que parece ter sido feito antes do casamento e o garotinho tem pouco mais de dois anos, mas é mimado e faz de todo mundo gato e sapato e os pais se fazem de cegos porque acham... bonitinho.
- Do jeito que você fala, parece péssimo, mas já te passou pela cabeça que o Jarbas ame a mulher?
- Não sou eu que falo, estou passando o que falam pra mim. Eu até pensei nisso quando o Chu me contou a história, mas... me colocando no lugar do Claus... a coisa também não deve ser fácil pra ele.
- Se eu ficasse sozinho, sem sua mãe, você não aceitaria outra mulher comigo?
Marco olhou para a mãe e segurou sua mão.
- Não, dois anos depois da morte dela. Não foi o caso do seu amigo?
- É, mas... Não sei... Se a gente fosse dar razão a esse tipo de coisa, todos os vícios seriam perdoados. Vício é sinal de fraqueza.
- Você nunca teve nenhum?
Laila sorriu discretamente. Antônio olhou para ela e disse:
- Se eu disser que não, sua mãe me desmente. Eu era bem chegado a uma cerveja e fumava dois maços de cigarro por dia.
- Uau! E o que te fez parar?
- Você.
- Eu? - Marco perguntou, rindo.
- É. Sua mãe enjoava, cada vez que eu aparecia perto dela cheirando a cerveja ou com um cigarro na boca. Ela ameaçou não dormir mais comigo e eu tive que parar...
Marco riu mais ainda.
- Que legal!
- Mas meus vícios não eram fraquezas. Fraqueza foi não conseguir parar antes de sua mãe reclamar. Eles eram um costume que eu adquiri. Fumava desde os quinze e bebia desde os dezessete.
- Quinze? E o que eu estou fazendo aqui que nem comecei ainda? - Marco brincou.
- Nem pense! - falaram os dois juntos.
Marco riu, divertindo-se.
- Calma, casal, nem me passa pela cabeça.
- Fique longe do Claus.
- Não sei se é pra tanto, pai. Se ele se permitir ser ajudado, acho que vale a pena tentar. Você falou que parou de fumar e beber por minha causa. Se a gente encontrar um motivo pra ele fazer o mesmo, quem sabe?
- Eu não sei...
- Eu não vou me afastar dele como se ele tivesse um... uma doença contagiosa, sem cura. Se eu fosse ele, ia querer ser ajudado. Ele é estranho de vez em quando, sim, mas ainda é um cara normal, tanto que eu nem percebi nada. O Chu me contou muita coisa sobre ele, mas nunca me disse nada sobre isso. O Claus estuda Comunicação Social. É um cara inteligente, criativo. Eu já ouvi dizer que a coca acaba com a pessoa, moral e intelectualmente. Ele pode ainda ter chance.
- É, pode ser... mas cuidado mesmo assim.
NINHO (1989)
PARTE X
DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS
OBRIGADA PELA COMPANHIA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!
2021 ESTÁ CRESCENDO!
PAZ, LUZ, ALEGRIA E HARMONIA
SAÚDE E MUITAS BÊNÇÃOS A TODOS
ESPERANÇA E CONFIANÇA NO FUTURO SEMPRE!
SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!
Que NOSSA SENHORA APARECIDA abençoe a todos nós!
Obrigada e que ELA proteja toda sua família!