MANDY - AR & MAR - PARTE 2
II – AR & MAR
Marco continuou olhando para o rosto de Amanda, sereno e silencioso.
- Você está me ouvindo, não está, Amanda? Estou com tanta saudade da sua voz... dos seus olhos... do seu beijo... Você me perguntou o que eu queria ganhar no meu aniversário... Pois eu quero você... Volta pra mim, anjo... Por favor.
Ele olhou para a aliança, pendurada numa correntinha no pescoço dela, já que pacientes não podiam usar anéis nem alianças, quando internados. Olhou para sua mão na dele e baixou a cabeça, encostando-a no corpo dela. Fechou os olhos.
Subitamente, pareceu sentir a mão direita da moça mexer e tocar seus cabelos.
Marco ergueu o rosto e ficou olhando para ela. Teria sido só impressão? Ficou atento e viu, novamente, os dedos da mão da moça se mexerem fracamente.
Com o coração aos pulos, Marco colocou o dedo indicador na palma da mão dela e ela se fechou em torno dele, segurando-o.
- Mandy...
Olhou para o rosto da moça e viu seus lábios se moverem devagar, num fraco suspiro.
Marco não sabia o que fazer, se chamava a enfermeira ou se ficava ali, esperando mais alguma reação. Mas estava claro que não eram reflexos involuntários. Amanda estava acordando!
Quando ela abriu os olhos levemente e piscou, ele quase desmaiou. Apertou a campainha, nervoso e começou a chorar. Amanda olhou para ele, ainda sonolenta, e apertou fracamente sua mão.
- Marco...
- Se você for embora de novo, eu juro que peço o divórcio, Mandy!
A enfermeira chegou e o médico logo em seguida. Marco teve que sair do quarto e tomar um calmante, pois havia ficado muito nervoso e sua pressão tinha caído muito.
Quando Rotemberg, Antônio e Laila chegaram, Amanda já estava dormindo novamente, mas, agora, um sono normal e tranquilo.
Marco já estava com ela, mais calmo e muito feliz. Ele abraçou os pais e ficou olhando para José beijar a filha chorando, emocionado.
- Vamos deixá-lo sozinho, disse Antônio, puxando Marco pelo braço.
- Não... disse José. – Eu quero que ele me conte como foi. A que horas ela acordou?
- Era um pouco mais de nove, nove e meia, por aí.
- O que foi que você fez?
- Nada, só peguei uma cadeira e sentei do lado dela, conversei com ela, como faço sempre. Falei que queria que ela voltasse pro meu aniversário como presente... e ela voltou.
José colocou a mão no ombro de Marco e o puxou para si, abraçando-o.
- Obrigado, filho.
- Eu não fiz nada, professor.
- Foi você que deu a ela um motivo pra voltar pra nós.
- Não importa de que maneira ela voltou. Importa é que ela está viva.
Naquela mesma tarde, Marco tratou de avisar os colegas do colégio que conheciam seu drama, sobre a recuperação da moça. À noitinha, voltou ao hospital para vê-la pela primeira vez, depois de completamente lúcida.
Amanda estava jantando, auxiliada pela enfermeira que havia cuidado dela todo o tempo e por Dalva. José estava também no quarto, assistindo, feliz, sem tirar os olhos da filha.
Quando Marco apareceu na porta, Amanda olhou para ele e sorriu. Seus olhos brilharam.
- Oba! Cheguei em boa hora! Vim jantar! - ele disse, encostando no pé da cama.
- Ela terminou agorinha, disse Dalva. – Quer um pouquinho? Eu peço um prato na cozinha do hospital...
- Não, Dalva, obrigado. Eu estou brincando, já jantei, ele respondeu sem tirar os olhos de Amanda.
- Então... professor, o senhor não quer um pouquinho do lixo alimentício do nosso hospital? - disse a enfermeira. - Hoje tem um franguinho pálido que está daqui.
José entendeu a insinuação e aproximou-se de Amanda, segurando sua mão.
- Eu estou aí fora, filha.
Ela sorriu e balançou a cabeça confirmando. José beijou sua testa e disse:
- Vamos ver como é que está esse franguinho.
Bateu no ombro de Marco, ao passar por ele, e saiu com Dalva e Deise.
Sozinhos, os dois jovens ficaram se olhando por algum tempo, como se isso fosse suficiente para matar tanta saudade.
- Está com medo de mim? - ela perguntou, com a voz ainda fraca e rouca, mas sorrindo.
Marco fechou os olhos e respirou fundo.
- Eu estava morrendo de saudade da sua voz.
- Vem aqui... Eu ainda não virei alma do outro mundo e... apesar da cor, não fiquei transparente ainda. Um pouquinho... de sol e eu volto à cor normal.
Ele sorriu e se aproximou, subindo na escadinha de dois andares e sentando-se à beira da cama. Amanda segurou sua mão esquerda e passou o dedo sobre a aliança.
AR & MAR
PARTE II
“UM LEITOR VIVE MIL VIDAS ANTES DE MORRER,
UM HOMEM VIVE APENAS UMA”
07 DE JANEIRO
FOI DIA DO LEITOR
MEU DESEJO É O MESMO
PAZ, LUZ, SAÚDE E MUITAS BÊNÇÃOS A TODOS
ESPERANÇA E CONFIANÇA NO FUTURO SEMPRE!
OBRIGADA A TODOS QUE ME LÊEM
E BOM DIA!
QUE BOM QUE SONHAR AINDA É DE GRAÇA!