Quem sou eu!? ...
Honorável leitor, percebeu que o texto anterior narrou de uma maneira simples e corriqueira minha origem? Darei continuidade ao desfecho estranho sobre mim, até porque, para ser eu quem sou, eles precisaram passar e ser o que são.
Minha mãe, nasceu das aventuras de um casal "baileiro", obviamente isso não daria certo. Minha mãe, filha de uma russa alemã com um angolano... Iniciamos a parte em que tudo demonstra o quanto minha mãe sofreu, mesmo antes de nascer. Lembro de uma fala de minha finada avó: - Cheguei até a Igreja para batizar sua mãe, vocês não acreditam o que uma vizinha que ainda não tinha visto ela falou: - "Essa macaquinha não pode entrar em nossa santa Igreja". Minha avó narrava sempre essa história com lágrimas nos olhos e sempre dizia: a língua é o chicote da alma, pois a tal vizinha teve uma filha, e sua filha se apaixonou por um exemplar perfeito, oposto das lentes de sua mãe preconceituosa. Muito cedo meu avô abandonou minha avó, deixando ela criando os filhos sozinha, muitas e muitas histórias ouvimos sobre o acontecimento da separação, mas minha avó só afirmava que meu avô era muito "jaguara" e não era homem para cuidar de uma família. Trabalhou e sacrificou sua vida a sustento de pães e poucas moedas, tendo minha mãe uma vida miserável e muito sofrida, minha avó na tentativa exaustiva de conseguir o melhor para minha mãe, encaminhava minha mãe ainda muito criança para trabalhar na casa de "pessoas de confiança". Minha mãe nunca disse ter sido abusada, mas acredito que não teria coragem, suas expressões de sofrência e dor falam por ela. Morou em várias casas, em troca de cama e comida e por consequência sofreu muito, a dor de não ter uma família e ser refém dos caprichos pessoais de outras famílias, vejo ela como uma escrava no Século XXI. Pois morou até em outra cidade, onde conheceu um rapaz e com esse teve seu primeiro filho, que não sou eu. Estamos chegando até o acidente de percurso, aquele cujo nome ainda não possuí.