MAR DE AMOR - PARTE 3

MAR DE AMOR

PARTE III

No meio da aula, enquanto Marcos estava distraído conversando com outro colega, Alberto pegou a revista, abriu na página que tinha uma foto da garota e colocou no meio do caderno dele, sem que ele visse.

Depois da aula, Marcos resolveu estudar na biblioteca e disse:

- Se manda, Alberto. Não consigo estudar com você por perto.

-Tudo bem! Eu sei que sou um amigo desprezado. Vou ver se como alguma coisa. Você não vai almoçar?

- Depois.

- Tudo bem então... Bye, bye!

- Tchau... Ah... Alberto!

- Quê?

- Dava... pra emprestar aquele revista?

Alberto sorriu maroto e balançou a cabeça, negando.

- Por que não?

- Compre... Essa... é minha! Já tenho como me divertir hoje à noite.

- Imoral! Você é doente!

Alberto deu uma risadinha cínica e afastou-se. Marcos balançou a cabeça, sorrindo e foi para a biblioteca.

Sentou-se num lugar bem tranquilo no canto do enorme salão e abriu os livros e cadernos diante de si. Procurando a matéria de estudo, folheou o caderno e encontrou a revista com as fotos de Dione. Encostou-se na cadeira e ergueu as fotos diante dos olhos.

- Como vieram parar... - Sorriu, pensando na mentira dita pelo amigo. – Cachorro! E grande amigo...

Colocou as fotos novamente sobre o caderno e apoiou o rosto na mão, deslizando o indicador pelo rosto da moça na foto. Era óbvio que não ia mais conseguir estudar nada.

À tarde, quando ia saindo para o estacionamento, ouviu a voz de Alberto correndo atrás dele.

- Ei, cara, espera!

Ele olhou para trás, mas não parou. Alberto o alcançou.

- Gostou da surpresa?

- Calhorda! – Marcos disse, sorrindo. – Quando eu precisar de um cupido, eu te contrato. Você dá pra coisa, sabia? Só falta o arco, a flecha e andar por aí de fraldas.

- Você não precisa de cupido, Marcos. Precisa de coragem.

- Você acha que eu não procuro a Dione por falta de coragem?

- Claro que! Não é?

- Não.

- Então por que é? Está na tua cara que você está na dela.

- Ela tem namorado, rapaz, e não sei se eu já te disse... ela tem quinze, quinze anos. Não quero ser acusado de pedofilia, espertinho.

- Ela tem namorado? - Alberto perguntou, estacando, ignorando todo o resto.

- Tem. Ele foi buscá-la umas duas ou três vezes no set, durante as gravações do comercial, disse Marcos, continuando a andar.

- Ah, vai ver era irmão!

- Se era, eles cometeram incesto várias vezes. Os beijos não eram nada fraternos.

- E como é que era o cara? Tinha a tua pinta?

- E você acha que eu ia ficar me comparando com o cara, Alberto? Sei lá! Parecia ter uns... dezesseis, dezessete anos... Mais ou menos a idade dela.

- Xi, meu, então era um pentelho qualquer! Namorico de fim de semana. Muito moleque.

Marcos parou e colocou a mão aberta no peito de Alberto, fazendo-o parar também.

- Beto, ela tem quinze! Que parte você não entendeu que eu me envolver com Dione Garcia é... fria? Até rimou.

- Mas as garotas de hoje em dia sempre se interessam por caras mais velhos e muito mais velhos! Minha irmã está namorando um cara nove anos mais velho que ela.

- Eu adoro a sua família. Sempre tem um exemplo ótimo pra dar tudo certo comigo, só que você nunca aparece com uma garota definitiva. Toda semana está com uma. Seu pai também faz isso?

- Eh, meu, calma! Vê lá como fala do meu velho.

Chegaram perto da moto e Marcos subiu nela.

- Desista, meu amigo. Mesmo que eu quisesse ganhar a Dione do pentelho dela, como você diz, o que eu definitivamente não quero, não estou com tempo nem disposição pra isso agora.

- Tempo não existe, tempo se faz!

- Muito filosófico, mas se eu quiser terminar minha faculdade, vou ter que fazer meu tempo pros meus livros. Daqui uns... dez anos, quando estiver formado e puder arrancar todos os seus dentes do modo convencional, eu penso na sua proposta idiota.

- E quando terminar o curso daqui três anos, já não vai nem saber como se beija uma garota.

- Você tem duas irmãs, não tem? Elas me adoram. Posso pedir aulas práticas nos finais de semana mediante tratamento dentário grátis. Que tal?

- Já está abusando, hein? Não mete a família no meio! Amigos, amigos, famílias a parte. Respeito é bom e eu gosto.

Marcos riu, ligou a moto, colocou o capacete e perguntou:

- Quer carona?

- Não. Vou dar um tempo por aqui ainda.

- Então, tchau. Obrigado pelas fotos. Te devolvo amanhã.

- Não olha muito que descora.

- Aquele rosto não descora nunca. Ela já é branquinha como leite. Tchau, parceiro.

- Tchau.

MAR DE AMOR

PARTE 3

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PAZ E BEM

Velucy
Enviado por Velucy em 23/10/2020
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