LEONEL XI - EPÍLOGO
CAPÍTULO XI – EPÍLOGO
DOIS ANOS DEPOIS...
Leonel estava sozinho no quarto de sua casa já vestido em seu terno cinza claro, aprontando-se para seu casamento com Vitória naquele sábado.
O casal ia morar na casa que tinha sido de Luís Alcântara, seu bisavô, pai de Gilda. Eles iam ser vizinhos de Floyd e Caio que já moraram na casa ao lado há dois anos.
Só para lembrar, naquela época, Floyd estava começando o tratamento de leucemia quando chegaram ali, mas após um tratamento difícil que durou um ano e meio, do qual as famílias Marques e Fontes unidas fizeram parte, Floyd recebeu o transplante de medula justamente do pai Teodoro Fontes e ficou curado. Com isso, a relação entre os dois finalmente voltou às boas e pai e filho voltaram a conviver pacificamente, para felicidade de todos.
O disco da CR5 havia sido lançado e tinha feito muito sucesso. O nome da banda continuou o mesmo, pois Leonel e Floyd agora faziam parte dela, juntando-se a Fábio e Eddie. Vicente Rocco continuava sendo seu empresário e agente. O nome tinha dado sorte.
A porta do quarto se abriu e Caio e Floyd entraram, animados. Estavam muito elegantes vestidos em ternos pretos, com lacinhos vermelhos na lapela, símbolo da solidariedade e do comprometimento dos dois na luta contra o HIV.
- Tem alguém nervoso aqui? – Caio perguntou.
- Não... respondeu Leonel, sentindo exatamente o contrário, diante do espelho. – E fica longe de mim. Você já me deixou nervoso o suficiente ontem no show, Caio.
- O que foi que eu fiz? Só porque eu disse em voz alta ao microfone que você ia se casar? Só te fiz um favor, meu bem. Vou tirar as peruas que a Vitória detesta do seu pé.
- Muito engraçado... ele disse, levantando-se da banqueta. – Floyd, me ajuda com isso? Não consigo aprender a amarrar essa coisa! A Vitória faz de olho fechado, mas ela não está aqui.
Floyd se aproximou dele e o ajudou, ajeitando a gravata.
- Você está lindo... ele disse baixinho, sorrindo, enquanto fazia o nó da bendita gravata.
Leonel respirou fundo e soltou o ar pela boca devagar.
- Obrigado... Vocês dois também.
- A gente passou na sua casa agorinha. Tem gente saindo pelo ladrão lá. Aliás, na cidade inteira. Diante da matriz então... Sua família é bem querida por aqui.
- Viram a Vitória?
- Claro que não! A Cristina está trancada com ela a sete chaves no quarto dela e sua noiva só vai descer depois de pronta, meu amigo.
- Tem certeza que ela não vai desistir? No show ontem ela veio com um papo esquisito de que estava se sentindo estranha com essa coisa de casamento...
- Você não conhece minha irmã? Ela só quis te assustar.
- Tem certeza?
- A Vitória quis só gozar da sua cara, diz Caio, deitado na cama. - Já contou pra ele o que a gente vai fazer na igreja, Floyd?
- Não, ele pode achar maluco demais. Eu achei!
- Do que vocês estão falando? – Leonel perguntou.
- Nós vamos trocar as alianças da mão direita pra esquerda, de prata pra ouro, quando o padre estiver abençoando vocês dois.
Caio tirou do bolso de dentro do paletó um saquinho onde estavam duas alianças de ouro e o chacoalhou.
- O quê?
- Isso mesmo. Nós vamos pegar um pouquinho da benção de vocês pra nós. E vamos nos casar também.
- Casar?
- É! Já que ainda não dá pra casar pra valer, vamos emprestar a benção do padre pra trocar as alianças no casamento de vocês.
- Vocês são doidos...
- Um pelo outro com certeza, amor, disse Caio, levantando-se e beijando o rosto de Floyd. – Vou ver se os meninos já chegaram.
- Que meninos?
- Vicente, Fabinho e Eddie. Eles ficaram de encontrar com a gente aí em casa. Se eles já estiverem aí, eu vou indo com eles pra igreja, Floyd.
- Está certo.
- Tchauzinho, noivo! Até o altar!
Caio saiu do quarto.
- Está feliz? – Leonel perguntou. – Ele parece estar.
- Estou, claro que eu estou. Você tem dúvida?
- Não... Seu pai já chegou?
- Estava batendo o maior papo com o seu pai no jardim do casarão. E você ainda pergunta se eu estou feliz? A única coisa que destoa é que ele não conseguiu reconquistar a Cristina.
- Quem sabe na outra vida...
- Acho que nem na outra vida... Não, se você estiver lá. Lembra? Ela é sua alma consorte.
Leonel riu.
- Vamos descer? Acho que você tem um compromisso com a minha irmã daqui a pouco.
- Não acredito que eu vou me casar... pela primeira vez em... duas encarnações.
- Calma... A noiva tem um pai que te adora dessa vez e não está grávida...
- Espero... Leonel disse, com um leve suspiro, olhando-se no espelho.
Floyd olhou para ele desconfiado, mas acabou sorrindo.
- Não está. Se estivesse, eu saberia.
- Claro, com seus super poderes... Você seria o primeiro a saber.
- Não, não é por isso não. Ela não conseguiria guardar esse segredo de mim se fosse verdade. Minha irmã sempre foi um livro aberto comigo. Vem, está na sua hora, garoto. A forca te espera! – ele disse, rindo.
- Olha quem fala! Quem disse que vai trocar aliança de dedo no “meu” altar e pegar um pedacinho da “minha” bênção pra casar também? A forca “nos” espera, amigo!
Floyd sorriu cínico, jogou um beijo para ele e saiu do quarto.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) XI
“EPÍLOGO”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITAIS QUE EU ME APARTE DE VÓS
OBRIGADA