LEONEL X - TRILHOS DOURADOS - CAPÍTULO 7
CAPÍTULO VII – TRILHOS DOURADOS
Na manhã seguinte, quando Vitória acordou, viu Leonel entrando no quarto.
- Nossa! Dormi demais?
- Não muito. São seis e meia.
- Por que você não me acordou?
- Você precisava descansar, ele disse, sentando-se na cama do lado.
Ela sentou-se na cama também e ajeitou os cabelos.
- Onde você foi?
- Ligar pra Serra Negra, pra fala com a minha tia.
- A essa hora da manhã?
- Todo mundo lá em casa sempre acordou muito cedo. Meu pai acorda com as galinhas, a Cris trabalha de manhã em escola e o meu irmão estuda de manhã.
- E você?
- Eu não durmo, ele brincou, mas falando sério.
Vitória demorou um pouco para entender a piada, mas, quando entendeu, passou a mão pelo rosto dele e o beijou.
- Bobo... Eu não acordei direito ainda, Leonel. Não faz isso comigo.
Ele sorriu.
- Bom dia, meu amor.
- Bom dia... Vou precisar tanto desse seu bom humor hoje. Quero tanto ver meu irmão logo. Estou agoniada demais! Sonhei com ele e eu voando sobre os trilhos de uma estrada de ferro que parecia não ter fim. Os trilhos eram dourados, lindos... e ele estava todo de branco... e feliz... muito feliz...
Vitória começou na chorar. Leonel a abraçou.
- Estrada de ferro? – ele perguntou.
- Não vi relação com nada que já tivesse visto. Ele talvez pudesse me dizer o que isso significa.
- Serra Negra...
- O quê?
- Eu moro perto de uma estrada de ferro em Serra Negra.
- Sério?
- Sério. Minha casa é um casarão muito antigo construído há muitos anos perto de uma estação de trem que agora está desativada. Não param mais trens lá há muitos anos, mas os trens de carga às vezes trafegam por esses trilhos, transportando coisas para outras cidades...
- E o que isso tem a ver comigo... e com o Floyd? Será que ele vai voltar pra lá?
- Não sei se vai, mas acho que ele quer. Ele me disse que quer.
- Por quê? Ele não tem mais nada naquela cidade. Só conseguiu arranjar amizades que não lhe deram futuro nenhum. A começar por aquele... Gil...
- E o Caio... e eu...
Vitória notou que tinha falado demais.
- Não quis dizer isso, amor. Nem tudo que ele viveu lá foi ruim, mas...
- Deixa pra lá. Eu também não concordo que ele volte pra lá, mas ele disse que sonhou com alguém que mora lá, durante a febre que teve quando estava com o Caio.
- Sonhou com quem?
- Acho que com minha tia. Minha tia Cristina.
- De novo ela? Sua tia é muito importante na vida dele e na sua, não é?
- Você não imagina quanto...
- E aí, você falou com ela?
- Falei com o Leandro. Ela não está em casa. Tinha acabado de sair.
- Que chato...
- Levanta e se troca. Eu vou te esperar no refeitório do hotel, pra tomarmos café juntos. Quero ver se o Vicente já acordou pra dizer pra ele que a gente está indo ver o Floyd.
- Tá bom.
Leonel saiu do quarto e no corredor encontrou-se com Caio. O rapaz ainda estava muito abatido por tudo que estava acontecendo. Tinha os cabelos longos presos num rabo-de-cavalo, diferente de como sempre estavam. Ao ver Leonel, abraçou-se a ele.
- Que bom te ver...
- Bom te ver também. Como é que você está?
- Anestesiado ainda. Meu Floyd... Ainda não consigo acreditar que ele está passando por isso, Leonel!
- Ele vai sair dessa, você vai ver.
- Pensei que você fosse dormir no quarto comigo...
- Eu ia, mas a irmã do Floyd está aqui. O Vicente reservou outro quarto pra nós.
- A Vitória está aqui? Onde? Eu quero vê-la.
- Ela está acordando ainda. Daqui a pouco ela vem pra gente tomar café e nós vamos pra clínica ver o Floyd.
- Não vou poder ir agora, infelizmente. Estou indo pro estúdio de gravação.
- Eu acho bom que você faça isso. Trabalhar ajuda a gente a não pensar em coisas tristes. Vai te fazer bem.
- Vamos descendo então?
LEONEL (REENCARNAÇÃO) X – CAPÍTULO 7
“TRILHOS DOURADOS”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
OBRIGADA