LEONEL IX - DELÍRIO - CAP. 6

CAPÍTULO VI – DELÍRIO

Floyd passou a mão pelo rosto de Caio e seus olhos se encheram de água.

- Desculpa... Desculpa...

- Desculpar o quê, Floyd? O que está acontecendo pelo amor de Deus!?

- Eu já devia ter te contado isso antes de ir morar com você no seu apartamento. O Leonel me aconselhou a fazer isso... Você merecia saber antes de se envolver desse jeito comigo que eu... estou doente...

- Doente? Doente como? Doente do quê?

- Eu tenho... leucemia.

Caio ficou olhando para ele com seus grandes olhos azuis e balançou a cabeça levemente.

- O quê?

- Eu descobri... há pouco mais de dois anos...

- Você tem... leucemia? E por que não está se tratando? Você está com essa doença horrível e não está se tratando? Por quê, Floyd? Você já contou isso pra alguém?

- O Leonel sabe...

- O Leonel sabe e não está fazendo nada pra te ajudar?

- Eu não pedi a ajuda dele e pedi segredo. Ele está só fazendo a minha vontade.

- Segredo? Quer dizer então que ninguém mais sabe?

- Ninguém... Nem minha irmã sabe.

- Por quê?! Você ficou maluco! Seu pai é um dos homens mais ricos de São Paulo e você está se deixando morrer sozinho aqui, do lado da casa dele!

- Meu pai é a última pessoa que eu quero que saiba disso. Ele adoraria saber que o filhinho depravado dele está morrendo.

- Isso é loucura! Se ele não se importa com você, a Vitória se importa. Por que você não contou nem pra ela?

- Eu estava com o Gil quando descobri a doença e nem pra ele eu contei. A Vitória também não tem que saber.

- Como você descobriu?

- Eu ainda morava em Serra Negra, quando o Gil fez o teste de HIV e descobriu que era soropositivo, eu resolvi fazer também. O médico que deu o resultado dele era um cara muito legal, desse tipo de sanitarista cheio de ideais e de boa vontade e era muito amigo dele. Analisou meu teste e em vez de HIV descobriu que eu tinha câncer no sangue... leucemia... Felizmente o cara era muito ético também e contou muito discretamente só pra mim, concordando em guardar segredo por que eu pedi. É claro que ele me aconselhou a procurar um médico especializado e fazer o tratamento necessário e eu prometi que falaria com meu pai e faria o tratamento, mas nunca cumpri a promessa.

- Por quê?

- Eu estou cansado, Caio... e já faz tempo... Cansado de ser desprezado pelo meu pai e por quase todo mundo que me conhece... De ser visto como uma aberração da natureza. De não me encaixar em lugar nenhum... Ter essa doença foi quase que um presente pra mim... Vai abreviar uma existência inteira cheia de... desamor... de desesperança...

- Para de falar besteira, Floyd. Isso não é verdade. Não é você que está falando isso. Parece que tem outro cara falando pela sua boca...

- É... pode ser. Pode ser Haroldo Marques se metendo na minha vida de novo...

- Quem?

- Ele também vivia sozinho. Não tinha ninguém...

- Você está com muita febre mesmo. Eu não estou entendendo nada do que você está falando!

- Ele também morreu, quando descobriu que era feliz, como está acontecendo comigo agora...

- Você não vai morrer, Floyd! Eu te amo! O que eu vou fazer sem você?

- Você vai viver, como sempre quis, mesmo quando tentou se matar por minha causa. Você tem tanta vida em você que eu tenho certeza que vai viver muito e ser muito feliz.

- Me deixa cuidar de você então...

Caio o abraçou forte e começou a chorar.

- Você está ardendo em febre, meu Deus... Me deixa te levar pro hospital!

- Amanhã... Amanhã eu vou. Hoje eu só quero dormir.

Floyd deitou-se na cama e pediu:

- Você é capaz de me perdoar?

- Não pensa nisso agora. Descansa. Dorme. Amanhã eu vou com você ao hospital e você vai se cuidar... ou eu não me chamo Caio Rueda. Vai ficar tudo bem.

- Eu não queria estragar tudo. Espero ainda que seu disco fique maravilhoso e ele vai ficar. As canções são fantásticas. Eu tenho certeza de que ele vai fazer muito sucesso.

- Tenho certeza. Agora para de falar e dorme. Preciso pensar no que eu faço com você.

Floyd sorriu e fechou os olhos.

- Já vi esse filme...

Respirou fundo e ficou quieto. Caio ficou desnorteado. A primeira pessoa em que pensou foi em Leonel. Tinha que ligar para ele e Vitória, avisando.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) IX – CAPÍTULO 6

“DELÍRIO”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/08/2020
Reeditado em 29/08/2020
Código do texto: T7049081
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