LEONEL IX - RECORDANDO LEO - CAPÍTULO 3

CAPÍTULO III – RECORDANDO LEO

Bruno olhou para Cristina e franziu a testa ao ouvi-la dizer que sua mãe não havia feito pré-natal quando estava grávida dele.

- Como você sabe disso?

- Eu sei. Seu pai me contou, ela disse, com um leve sorriso.

Ele se sentou no sofá ao lado dela.

- Do que você está falando, Cristina?

- Eu estou só falando que seu pai me contou que a mamãe não fez pré-natal quando estava grávida de você.

- Meu pai... O papai... Haroldo Marques disse isso pra você?

- Não... seu pai Leo Torres.

- Lá vem você com isso de novo...

- Não quero te aborrecer. Só acho que, se a Helena não quer fazer o pré-natal desse bebê, a gente não pode obrigá-la. Sua mãe também não fez antes de você nascer e você está aí lindo, saudável e forte, meu Bu.

- Faz muito tempo que você não me chama assim...

- Não chamo porque esse era o meu modo carinhoso de te chamar quando a gente era criança. Quando eu era criança, lembra?

- Lembro... Você era pequeninha, aprendeu a falar muito cedo, mas não conseguia dizer meu nome direito. Era só Buno, Buno que saía. Depois ficou só Bu. Só conseguia dizer Bu pra me chamar. Eu comecei a gostar disso e desisti de ensinar meu nome pra você. Até incentivei você a continuar no Bu só e todo mundo acostumou com isso.

- E eu te chamei assim até o Leonel nascer. Meu Bu...

Cristina acariciou o rosto do irmão com carinho.

- A nossa mãe estava muito triste durante a sua gravidez. Estava longe do seu pai e desencantada da vida. Passou maior parte do tempo sentada, só esperando você nascer...

- Ela gostava tão pouco de mim assim?

- Você sabe que não, Bruno. Ela te amava mais do que tudo no mundo. Provou isso várias vezes depois que você nasceu. Dona Gilda te adorava, meu irmão.

Os olhos dele se encheram de água e ele segurou a mão da irmã.

- Eu sei... falei besteira agora, desculpa...

Ele beijou a palma da mão dela.

- Eu até entendo o que a Helena sente agora, Bruno. Ela tem saudades do Leonel...

- Mas o bebê não é filho dele.

- Mas ele pediu pra ela cuidar dele como se fosse. Pra ela, o filho dela é dele também. É o que está fazendo ela suportar essa gravidez. A mamãe quase morreu quando você nasceu, talvez por isso mesmo, por essa falta de cuidado dela, mas se tem que ser, essa criança vai nascer com saúde e ainda vai fazer esses dois muito felizes. Mamãe sabia que você nasceria bem e seria feliz, como foi por muitos anos...

- É apostar numa história que aconteceu há tanto tempo, Cris. Os tempos são outros.

- Nessa família já aconteceu tanta coisa que sobrepujou ao tempo, Bruno. Estamos morando numa casa que prova tudo isso. Tanta coisa já aconteceu dentro dessas paredes. Pessoas morreram, foram assassinadas e amaram aqui dentro. Eu durmo ainda num quarto onde me apaixonei por um... fantasma. Um espírito lindo que vive dentro do corpo do meu sobrinho querido...

- Queria tanto... provar que você está errada... mas eu nunca consegui...

Ela sorriu. Bruno a abraçou com carinho, chorando.

- Estou com tanta saudade do meu filho, Cris. Desse filho que você diz... que foi meu pai...

Cristina sorriu ainda mais, apertando o irmão nos braços e começando a chorar também.

- Queria ter tido mais contato com ele... Com esse homem que você descreve com tanto amor...

- Você teve... Era muito criança, mas teve.

Bruno afastou-se dela e enxugou o rosto.

- Quando? Conta pra mim. Você sabe de tanta coisa que eu não sei... Quando isso aconteceu?

- Ele e você se encontraram quando você tinha dois até seus seis anos, quando ele morreu. Ele se encontrava com você escondido na escola onde a mamãe colocou você.

- Escondido?

- Escondido do meu pai Haroldo e da mamãe. A família Alcântara, do vovô Luís, não gostava dele. Mas como quase ninguém conseguia impedi-lo de fazer o que queria, ele arranjou maneiras de ver você de qualquer forma. Ele te amava demais. Vocês se encontravam quase todos os dias, na escola, e você gostava muito dele.

- Por que eu não lembro disso?

- Você era muito criança.

- Mas se isso aconteceu até os meus seis anos, eu devia ter alguma memória disso.

- Não sei dizer, mas nada acontece por acaso. Acho que quando ele renasceu como seu filho, sua memória desse período se apagou de vez. Só sei que ele renasceu pra te dizer o quando te amava. Esse era o maior objetivo dele. Te pedir perdão e dizer que te amava e sentia muito por não poder ter sido seu pai mais efetivamente. E é isso que o Leonel faz todos os dias, desde que nasceu. Não é? Dizer que te ama.

Bruno balançou a cabeça confirmando.

- Meu filho... Tão longe de mim...

- Ele está bem. Vivendo o sonho dele que Leo Torres não conseguiu viver. Ele está feliz. Tenha certeza disso.

- Até entendo isso, Cris... Só não concordo com a proximidade dele daquele... rapaz.

- O Floyd cuida melhor dele do que nós, meu irmão. Um dia você vai entender isso.

Bruno a abraçou de novo e os dois ficaram por um momento nos braços um do outro.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) IX – CAPÍTULO 3

“RECORDANDO LEO”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/08/2020
Código do texto: T7048195
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