LEONEL IX - REBELDIA SILENCIOSA - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO II – REBELDIA SILENCIOSA

Quando Cristina desligou o telefone, viu Leandro ali perto ouvindo a conversa.

- Você ouviu? – ela perguntou.

- Acharam os caras?

- O Floyd encontrou os dois em São Paulo!

- Que bom! Não gosto nada de estar pagando por isso sozinho.

- Você se esquece que eles estão nisso por sua causa? A ideia foi sua...

- E do Gil...

- Ele morreu... Está pagando por isso em outro lugar, e bem caro...

- Será?

- Não tenha dúvida disso, Leandro.

Leandro foi até o sofá e sentou-se.

- O que você vai fazer? Vai contar pra polícia de Serra Negra?

- Ainda não sei... Eles estão trabalhando em São Paulo. Não são simples delinquentes.

- Trabalhando? Trabalhando em quê?

- Eles são músicos. São músicos da banda do amigo do Floyd.

- Amigo do Floyd? Eles eram amigos do Gil que está morto.

- A banda é do Caio.

- Caio?

- É.

- Esse cara tem amigos bem diferentes mesmo...

- Não fale do que você não sabe, Leandro. O Caio não é nada do que você pensa.

- Mas se relaciona com gente bem suspeita, você há de convir comigo.

- Ele nem deve saber de nada. Todo mundo pode se relacionar com gente bem suspeita. Você mesmo fez uma coisa bem difícil de entender com o seu próprio irmão.

Leandro ficou em silêncio.

- Você vai dizer pro meu pai que o Floyd achou os caras?

- Não, ainda não. Eu preciso pensar no que vou fazer. O Bruno vai ficar muito propenso a ir direto à delegacia dizer ao delegado. Eu preciso falar com o doutor Sampaio antes.

Helena veio descendo as escadas e aproximou-se dos dois.

- Vou sair um pouco...

- Aonde você vai? – Leandro perguntou.

- Vou até a casa da minha mãe. Estou com saudade dela.

- Eu vou com você...

- Não... Eu quero ir sozinha. Não preciso de guarda costas cada vez que saio de casa. Esse casarão me deixa nervosa.

- A gente podia ir juntas até o centro, Helena, disse Cristina. – Eu preciso ir até a delegacia. Você não quer ir comigo?

- À delegacia? Fazer o quê?

- Preciso conversar com o delegado. É um assunto... importante. E depois a gente podia ir ao médico. Você precisa começar o seu pré-natal. Precisamos ver se o seu bebê está bem, você não acha?

Helena olhou para Leandro e respirou fundo erguendo a cabeça.

- Não... ainda não.

- E quando vai ser isso? Você não tem curiosidade de saber se seu filho está bem?

- Nenhum pouco... Mas eu sei que ele está bem... Os enjoos que eu sinto de manhã provam isso. Já são o suficiente. Já é demais saber que ele vai crescer dentro de mim. Não quero que nenhum médico me ateste isso. Não me amole mais com isso, Cristina. É o mínimo que vocês podem fazer por mim, depois de me prenderem aqui pro resto da minha vida.

Ela foi para a porta e ela se abriu. Bruno entrou por ela.

- Boa tarde, menina. Vai sair?

- Vou até a casa da minha mãe.

- Sozinha?

- Sozinha. Posso? – ela perguntou fria e com uma ponta de ironia.

- Claro... Você é livre. Mas volte antes do jantar ou eu mando o Leandro buscar você.

Ela olhou para Leandro e terminou:

- Não precisa. Eu volto. Tchau.

Helena passou por ele e saiu. Bruno fechou a porta.

- Boa tarde, mano, cumprimentou Cristina.

- Boa tarde... Vocês confiam nela sozinha fora daqui? Você não devia ir com ela, Leandro?

- Cansei de ser o guarda-costas dela, pai.

- Você é responsável por ela. Isso não é culpa minha. Já te expliquei muito bem que ela carrega seu filho e ele é problema seu. Não quero repetir isso pra sempre, rapaz!

- Ela já parou com aquela loucura de querer tirá-lo ou querer se matar por causa dele. Está na fase de apenas odiá-lo e se alimentar pra ele continuar vivo. O pedido do Leonel fez efeito. Ela está cuidando dele só porque ele pediu. Já é o suficiente pra mim. Mas ela continua me odiando. Você não pode me obrigar a zelar por quem me odeia. Ela nem é minha mulher... Não de fato. Cansei!

Leandro levantou-se e saiu da sala, subindo. Bruno passou a mão pela testa, parecendo cansado.

- Ela não teria que fazer o tal... exame que as mulheres grávidas fazem?

- Já tentei convencê-la várias vezes, disse Cristina. – Ela não quer.

- Como não quer? Ela não tem querer. Tem que ver se está tudo bem com o filho, não tem?

- Em tese teria, mas ela não é a primeira mulher se recusa a fazer o exame pré-natal e no fim tudo fica bem com o bebê...

- Toda mulher passa por isso quando fica grávida. A minha Laís fez tudo direitinho na gravidez dos meus dois filhos.

- Sua mãe não fez na sua gravidez...

Bruno olhou para Cristina e franziu a testa.

- Como você sabe disso?

- Eu sei. Seu pai me contou, ela disse, com um leve sorriso.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) IX – CAPÍTULO 2

“REBELDIA SILENCIOSA”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 27/08/2020
Código do texto: T7047707
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