LEONEL VIII - AR PURO - CAPÍTULO 12
CAPÍTULO XII – AR PURO
Ulisses respirou sutilmente e Floyd percebeu que ele ficou aliviado com sua decisão de esperar as gravações do disco da CR5 para decidir o que faria sobre os dois.
- Vocês ou são muito frios ou muito burros pra resolverem fazer parte de uma banda depois do que fizeram.
- Já falei que aquilo foi só brincadeira.
- Vocês receberam dinheiro por aquela brincadeira!
- O irmão do cara quis pagar e a gente estava precisando de grana na época. A gente só ia dar um susto nele, no fim... foi tão fácil que... a gente acabou... se animando... extrapolando, sabe? Você entende... - Ulisses quase começou a rir, olhando para Saara que também riu, mas ficou sério em seguida diante do olhar de Floyd.
- Não, não entendo... Eu tenho nojo de vocês, disse Floyd.
- A gente ficou mal depois daquilo, disse Saara. – O dinheiro que a gente recebeu acabou tão rápido que não deu nem pro começo. Nem valeu a pena. A gente só entrou naquilo por que o Gil sugeriu.
- É isso mesmo, disse Ulisses. – Teu namoradinho estava muito a fim de dar uma prensa no Leonel por ele estar monopolizando você.
- O Leonel não estava monopolizando ninguém, seus burros!
- Mas a gente não sabia disso! Fomos na do Gil. E o tal Leandro Marques tinha grana e... muita vontade de pregar uma peça no irmão. No fim, deu nisso. Quem dedurou a gente?
- O próprio Gil. Ele se arrependeu do que fez, antes de... se matar e deixou um bilhete pra mim.
- O Gil se matou? – Ulisses perguntou;
- Dias depois... mas ele já ia morrer. Estava com aids.
- Caramba...
- Nós também nos arrependemos, disse Saara. – O carinha era hétero e nunca tinha tido uma experiência daquela...
- Por que fez então? – Floyd perguntou.
- Ah, quando eu pensei nisso a coisa já estava no meio e...
- Vocês são asquerosos! E se se arrependeram, por que não se entregaram?
- A gente é asqueroso, mas não é burro como você diz. Nós saímos de Serra Negra achando que o cara ia ficar bem. Se entregar a troco de quê? Tanta gente passa por isso e não sente nada, nem cócegas...
- O Leonel não é esse tipo de gente, seu...
Floyd ergueu a mão fechada na direção dele e se levantou no exato momento em que Caio vinha do banheiro. Abriu a mão e conteve o gesto.
- Caio, eu vou sair um pouco.
- Sair? Pra quê? Aonde você vai?
- Beber alguma coisa aí fora.
- A gente deve ter aqui no frigobar...
- Preciso... respirar ar puro. Vou andar um pouco. Essa cidade é muito quente.
- Não quer companhia?
- Não... Você fica e espera o Vicente. É mais importante que você fique aqui e o espere. Eu sei onde é o estúdio. Encontro com vocês lá depois. Não vou me atrasar...
- Ok... Até mais tarde, disse Caio, levemente decepcionado.
Floyd olhou mais uma vez para os dois rapazes e saiu do apartamento. Caio olhou também para os dois e perguntou, enxugando o cabelo.
- Vocês fizeram alguma coisa pra ele? O Floyd não pareceu muito feliz em ver vocês...
Ulisses e Saara olharam um para o outro e balançaram a cabeça negando, com caras inocentes.
- Deve ser saudade do Gil... Ulisses disse.
- Ele não está mais com saudades do Gil. O cara está morto e enterrado no coração dele também.
- Como você sabe?
- Eu sei... Simplesmente sei... Acho bom vocês se ajeitarem logo no quarto de vocês, antes que o Vicente chegue. Não vão deixar ele esperando de novo. A gente não está aqui pra brincar.
- Ok, CR. Você manda, disse Ulisses, com ironia.
- Mando mesmo. Lembrem que vocês tocam na CR5 por indicação minha. Agradecer o prato que come é uma virtude.
Os dois rapazes trocaram um olhar significativo e foram para o quarto arrumar suas coisas e se trocar.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) VIII – CAPÍTULO 12
“AR PURO”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
BOM DIA E OBRIGADA!