LEONEL VII - JANTAR EM PAZ - CAPÍTULO 12
CAPÍTULO XII – JANTAR EM PAZ
Na hora do jantar, Leonel e Cristina tentaram tirar Bruno do seu nervosismo e da sua desesperança.
- Pai, você quer passar um final de semana comigo em Valinhos, na casa da tia Célia, prima da vovó?
- Como? Como eu vou deixar a Cristina aqui sozinha com esse casal de desmiolados?
- Não se prenda por mim, Bruno, Cristina disse. – É uma ótima ideia do Leo. A prima Célia é uma pessoa muito legal.
- O nosso avô Luís cortou relações com ela depois... do que aconteceu com... a minha mãe...
- Por quê? – Leonel perguntou.
- Tem a ver com o envolvimento da mamãe com Leo Torres, Leo, Cristina respondeu. – Ela engravidou dele em Valinhos. O vô Luís nunca perdoou a falecida tia Clarice, irmã dele. Ficaram brigados até a morte dela. Não falava nem com os sobrinhos, primo Ciro e prima Célia.
Leonel ficou pensativo. Aquela informação o tocava diretamente, já que envolvia Leo Torres.
- Nunca soube disso... Nunca entendi por que não tínhamos relações com eles.
- Mas esse fato não nos atinge diretamente. A Célia não teve culpa de nada do que aconteceu com a mamãe. Vocês podem ir fazer uma visita e vai te fazer bem, Bruno. Mamãe falava que tia Clarice fazia uns doces maravilhosos e sentia saudade deles.
- Eu lembro disso... Leonel disse em voz baixa.
- De quê, Leo?
- Lembro de ter... comido esses doces...
- Como assim? – Bruno perguntou. – Nós nunca frequentamos a família Alcântara do meu avô. E você era um bebê quando a tia Clarice faleceu já bem velhinha.
Leonel ficou pensativo e confuso. Cristina sabia que sensação era aquela. Leonel estava tendo um déjà-vue de sua vida como Leo Torres.
- Dever ser... impressão minha. Eu pareço sentir o gosto do doce de abóbora que ela fazia...
- Você deve estar com fome. Vamos jantar logo. Você não quer ir chamar o Leandro e a maluquinha dele, Cris?
- Pai! – Leonel ralhou.
- Meu neto precisa comer. Eu vou ter que dizer isso toda noite? Tem noites que essa doida não janta só pra não ficar com a gente!
Leandro e Helena vinha descendo as escadas e aproximaram-se da mesa. Os dois sentaram-se em silêncio e Bruno respirou sutilmente. Tudo pareceu normal por um momento. Helena tinha o rosto mais sereno e estava aparentemente tranquila, diferente dos últimos dias.
- Você está bem, filha? – Bruno perguntou.
- Sim, senhor, ela respondeu, olhando rapidamente para Leonel.
- Fico feliz com isso. Bom, vamos jantar em paz... Minha família está inteira de novo...
Bruno pediu a Rosa que servisse o jantar. Depois de um instante de silêncio, onde só se ouvia o barulho dos talheres nos pratos, Cristina resolveu quebrar aquele gelo incômodo.
- Que tipo de música você toca, nesses shows que faz, Leo?
- Quase todo tipo, tia. Desde música pop a alguns clássicos.
- Clássicos? Em show de rock? – perguntou Leandro.
- Não somos só uma banda de rock, Leandro. Tocamos muita coisa.
- Pensei que o Floyd fosse bem... nessa “vibe”.
- O Floyd toca de tudo. Ele é guitarrista e a guitarra fica bem em tudo quanto é estilo de música. Eric Clapton, Elton John e várias bandas de rock estão aí pra provar isso. Ele é doido pelo “Pink Floyd”, por isso o apelido, e é outra banda em que guitarra e teclados são primordiais. Ele até lembra um pouco o tecladista da banda.
- Verdade, concordou Leandro, lembra mesmo. Um Rick Wrigth dos pobres.
- A irmã dele o chama assim de vez em quando, mas ele nem liga.
- Fiquei feliz quando você me disse que tem tocado músicas suas, Leo, Cristina disse, com um sorriso.
- Músicas suas? Quais? – Leandro perguntou.
- Não são bem minhas... São... do Leo Torres... que estão nas fitas da tia Cristina.
Bruno olhou para ele.
- Quais... por exemplo?
- Eu tenho tocado “Gilda” que ele fez pra... vovó... Costumo terminar o show com ela.
Bruno lembrou-se da mãe e baixou os olhos para o prato.
- Mas eu tenho uma minha mesmo. Fiz pra minha mãe... lá mesmo em Minas.
- Mostra pra mim? – Leandro pediu.
- Claro... Leonel disse, com um sorriso.
- E o... seu amigo? – Bruno perguntou. – Não entrou mais em contato com os marginais que atacaram você? A polícia daqui está dando recompensa pra quem der qualquer informação sobre o paradeiro deles. Tem até cartaz com o rosto e os nomes deles na delegacia.
Leonel baixou os olhos. Aquele assunto o deixava bem incomodado.
- O Floyd não tem contato com eles. O assunto entre eles era puramente profissional. Ele não era amigo deles.
- Mas podia tentar ajudar. Se ele se diz seu amigo, devia colaborar.
- Esse assunto já morreu, pai. Como você mesmo disse, vamos jantar em paz.
- Pra mim ainda não morreu. Ainda quero colocar os olhos em cima dessas... aberrações que fizeram isso com você! Eles têm que pagar pelo que fizeram!
Leonel respirou fundo e fechou os olhos, continuando a comer.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) VII – CAPÍTULO 12
“JANTAR EM PAZ”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
BOM DIA E OBRIGADA!