LEONEL VII - CAIO RUEDA - CAPÍTULO 8
CAPÍTULO VIII – CAIO RUEDA
Floyd se levantou e foi encostar-se ao piano.
- E o Caio? – Décio perguntou.
- Que Caio?
- O garoto que quase de matou por sua causa debaixo de um trem há alguns anos... ele não era o baterista da banda que acabou?
- O Caio está em outra, Décio, graças a Deus, e está muito bem.
- Desencanou de você?
- Acho que aquilo foi uma fase... Ele vai começar a faculdade no ano que vem e foi por isso que ele saiu da banda...
- Saiu... na boa?
- Sim... por quê?
- Ele gosta de você de um jeito bem diferente. E é seu amigo...
- Não, não seria justo... Eu não posso ter nada com o Caio nesses termos, Décio. Ele é uma criança...
- Tinha quantos anos quando aconteceu o... acidente?
- Dezesseis, foi um pouco antes de eu conhecer o Leo. Tem dezenove agora, está começando a faculdade no ano que vem e eu não poderia...
- Ele está na cidade.
- O quê?
- Você deixou o telefone do clube com ele e ele ligou pra cá, ontem. Está vindo por aí a qualquer hora. Talvez hoje...
- Não posso fazer isso, não com o Caio...
- Espera, você nem sabe se ele quer isso ou não. É maior de idade. Ele só veio porque quer te ver. Você nem sabe se ele pensa em você assim. Espera, conversa com ele e depois decide. O cara só quer te ver.
Floyd fez questão de esperar por Caio e ele não demorou muito.
Quando o rapaz entrou no clube, Floyd quase não o reconheceu. O rapaz estava com jeito de roqueiro americano. Os cabelos tinham crescido muito e estavam loiros, o que combinava com sua pele clara e os olhos pretos. Ainda tinha o rosto de mocinho de filme de praia. Vestia jeans e camiseta e tinha um baixo pendurado nas costas. Viu Floyd ao entrar na porta e sorriu, aproximando-se. Ficou parado diante dele e esperou que ele dissesse alguma coisa.
- Quem é você? – Floyd perguntou, sorrindo.
Caio riu gostoso e o abraçou.
- Que saudade, cara!
- O que você fez, garoto? Ficou maluco? Já matou seu pai do coração? O que você está fazendo aqui?
- O Décio não te falou? Vim te ver! – Caio disse, tirando o baixo do ombro e colocando junto do piano. Parabéns pelo sucesso da banda. Vocês são conhecidos em uma pá de cidade pela região e no norte do Estado de São Paulo. O Décio tirou a sorte grande quando encontrou vocês! A banda antiga era uma caca perto dessa. Só está faltando batizar, meu! Uma banda desse porte tem que ter um nome.
- A gente não quis ter um nome. Só o nome Leonel Marques já chama a atenção de todo mundo.
- Mesmo assim, ainda não acho justo com você e com a Vitória. Tua guitarra e a voz dela, pra não falar da batera do Décio, precisam de destaque também.
- A gente está bem assim. Mas e você? Está fazendo o que aqui?
- Eu estou na estrada também. Estou procurando fazer concorrência pra vocês.
- Não acredito! Tocando baixo? Largou a bateria?
- Pois é. Não querendo desmerecer o instrumento, mas resolvi fazer menos barulho e partir pra uma coisa mais... digamos assim, intimista. O baixo fala mais comigo e por mim do que a batera velha de guerra e é mais fácil de carregar nas costas.
- Com certeza... e esse cabelo? Como cresceu! Você está parecendo o Coverdale!
- A ideia é essa. Você gostou? – ele perguntou.
Floyd passou as mãos pelos cabelos dele e riu, deslumbrado.
- Você está lindo!
- A banda dele é de Valinhos, falou Décio, que até ali estava só assistindo a conversa.
- Por que Valinhos? Você é daqui!
- Mineiro de nascimento, mas paulista de coração. Adorava Serra Negra, mas curto muito Valinhos. Minha avó era de lá. Isso aqui é muito... pop/clássico pro meu gosto.
- Preconceito não cabe em música, moleque.
- Não, claro que não, mas opção sim. A gente faz é rock mesmo.
- Tem instrumento mais rock'n’roll que bateria?
- Já temos alguém que faz barulho muito bem pra isso.
- Banda grande?
- Batera, guitarra, baixo, teclado, piano e metais, três backings e um vocalista, eu!
- Poxa! Isso é mais uma orquestra! E tem nome?
- CR5, somos em cinco.
- CR? Caio Rueda 5?
- Por aí... Caio sorriu modestamente.
- Você está muito metido... Floyd disse, colocando o dedo indicador em riste no peito dele e o empurrando.
Caio riu a valer e o abraçou apertado.
- Estava morrendo de saudade de você!
- Eu também, garoto. Estou feliz em te ver bem...
Décio ficou olhando para os dois, satisfeito, já prevendo bons tempos para os dois.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) VII – CAPÍTULO 8
“CAIO RUEDA”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
BOA TARDE E OBRIGADA!