LEONEL VI - FEBRE - CAPÍTULO 3

CAPÍTULO III – FEBRE

Leonel voltou para seu quarto, aborrecido. Deitou-se e não conseguiu dormir. Virou-se na cama e olhou para Floyd na outra cama, adormecido. Viu que ele estava banhado de suor, apesar do ar condicionado estar ligado. Ficou preocupado com aquilo e ergueu-se, aproximando-se dele. Tocou a testa do amigo. O rapaz estava queimando em febre.

- Meu Deus! Floyd! – chamou baixinho. – Floyd, acorda!

O rapaz abriu os olhos.

- Hum...?

- Você não está legal. O que você tem? Está sentindo alguma coisa?

- Não... ele falou com voz fraca.

- É melhor eu te levar num médico. Você está pelando de febre, cara!

- Estou com sede...

Leonel pegou uma garrafa de água no frigobar do quarto e o ajudou a beber, deitado mesmo.

- Vamos pro hospital, Floyd.

- Não... Eu estou bem. Já passa. Vai dormir...

- Dormir como? Preocupado com você, não vai dar pra dormir! Você não entendeu? Você está com febre! Tem alguma coisa a ver com a... doença?

- Não... Claro que não. Eu só estou... resfriado... O sereno da noite deve me ter feito mal. Devo estar com a imunidade baixa. A gente não comeu nada, depois do show. Deve ter barrinha de cereal na minha mochila e remédio pra febre no armário do banheiro. A Vitória sempre traz essas coisas na bolsa. Coisa de mulher. Pinga algumas gotas num copo de água e eu vou ficar bem. É só um resfriado.

- Cara... tem certeza?

- Não enche, Leo... Parece minha mãe! Vai lá. Faz o que eu pedi. Já disse que eu estou bem.

Leonel fez o que ele disse. Pegou o remédio no armário do banheiro e pingou algumas gotas num copo com água. Floyd sentou-se na cama com alguma dificuldade, encostou-se no travesseiro e tomou o remédio. Depois ergueu a mochila que estava no chão a seu lado e retirou dela duas barrinhas de cereal, começando a comer uma. Jogou a outra para Leonel que não aceitou.

- Come você, as duas, Leonel disse, e ficou olhando ainda para ele preocupado. Seus olhos encheram-se de água.

- Deita e dorme, cara, disse Floyd. – Vai bancar minha babá agora, é?

- Você não vai me deixar agora, não, não é? – Leonel perguntou, deixando a emoção fluir.

Floyd sorriu, com os olhos brilhando pela febre e de felicidade.

- Se fosse pra te ver chorando por mim, eu morreria agora.

- Não brinca com isso, Floyd! – Leonel, falou emocionado.

Floyd colocou a mão no rosto dele. Leonel a sentiu muito quente e a segurou.

- Caramba, me deixa te levar pro médico!

- Não, já vai passar. Você não seria um bom pai. Ficaria desesperado na primeira febrinha do filho. Eu vou te deixar, sim, mas você vai estar preparado pra isso, quando eu for. Vai até gostar...

- Você é um cretino! – falou Leonel, com o rosto molhado.

Uma lágrima rolou pelo rosto dele e Floyd apanhou-a com a ponta do indicador, espalhou entre os dedos e passou na testa.

- Fico bem em uma hora. Preciso te falar uma coisa importante...

- Que coisa?

- Eu dormi um pouquinho agora e sonhei...

- Sonhou? Sonhou com o quê? – Leonel perguntou, enxugando o rosto.

- Sonhei com sua avó...

- Minha avó?

- Gilda... Eu sonhei com a Gilda, Leo.

- Sonhou... com a... Gilda? E o que ela queria? Você sonhou o quê?

- Ela estava chorando, mas estava tranquila.

- Chorando? Por quê?

- Ela fez um pedido.

- Pedido? Pra você?

- Pra você...

- Pra mim?

Floyd pegou a ponta do cobertor e passou pela testa ainda molhada.

- Tem mais água na geladeira? Pega pra mim.

Leonel foi fazer o que ele pedia e pegou outra garrafa de água para ele. Floyd a bebeu inteira.

- O que foi que minha avó pediu pra mim, Floyd? – Leonel perguntou, ansioso.

Ele passou as costas da mão na boca e respondeu:

- Ela pediu pra você voltar a Serra Negra... pra salvar seu sobrinho.

- Salvar meu sobrinho? De quê? De quem?

- Da mãe dele.

- Salvar meu sobrinho... da Helena? Por quê?

- Não sei... Floyd disse, deitando-se de novo. – Eu estou com sono. O remédio funcionou, viu? Vá dormir. Eu estou bem...

Floyd virou para o outro lado e fechou os olhos.

- Floyd... Leonel chamou, mas o rapaz já tinha dormido.

Leonel colocou as costas da mão na testa dele e sentiu que a febre estava cedendo. Cobriu o amigo e instintivamente lhe deu um beijo na testa.

Sentou na cama e pensou em Gilda.

- Obrigado pelo recado, meu amor... Acho que sei o que você quer de mim...

LEONEL (REENCARNAÇÃO) VII – CAPÍTULO 3

“FEBRE”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!