LEONEL VII - CASAL DESCOLADO - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO II – CASAL DECOLADO

Leonel ficou em silêncio e ela percebeu que tinha sido inconveniente e virou o corpo para olhá-lo de frente.

- Filhos, Leonel? A gente acabou de começar uma banda que está começando a fazer sucesso. Sempre foi esse o sonho do meu irmão. Imagine, eu grávida tocando guitarra com vocês...

- Ué, e daí? O nenê já nasce roqueiro, ele brincou.

- Muito engraçado! Os homens são mesmo uns egoístas. Não é a barriga deles que cresce! Vou pensar...

- Pensar?

- Quer que eu seja sincera, Leonel? Eu não acredito em casamento.

Ele olhou para ela espantado.

- Não acredita?

- Não. Minha mãe se casou duas vezes, antes de eu nascer. Meu pai se casou quatro e ainda anda procurando a mulher certa pra ele. Como você pode ter certeza de que eu sou a mulher certa pra você?

- Por que eu te amo!

- Eu também te amo, mas não precisamos necessariamente casar pra provar isso. Estamos tão bem assim.

Leonel afastou-se dela e sentou-se na cama, aborrecido.

- Ah, não faz assim, baby... Não pensei que você fosse tão careta, ela falou, acariciando as costas dele.

- Careta? Você chama de caretice querer formar uma família?

- Chamo de caretice ter que assinar um papel pra formar uma família! Amor não se prova assinando papéis, Leonel. É só uma convenção que o homem criou pra tirar o dinheiro dos idiotas que acreditam nele.

- E você não acredita?

- Claro que acredito! Acredito no amor livre de laços e contratos! Eu posso até me casar com você assim, mas quem garante que vamos respeitar esse pacto até o fim? Até pouco tempo em nem te conhecia, como posso saber que você vai ser meu pra sempre e que não vai me largar por outra, como o meu pai fez com a mãe do Floyd?

- Isso é insegurança sua! Quem é que disse que era possessiva e me queria só pra você, morrendo de ciúme de meia dúzia de fãs, hein?

- Que seja! Eu tenho meus motivos. Eu sei o que minha mãe sofreu quando se separou do papai. Sei o que o Floyd passou quando voltou pra casa e o viu casado novamente com uma mulher que ele nem conhecia e que já tinha uma filha dele! Eu não quero que meus filhos sofram a mesma experiência... Nem sei se quero ter filhos!

Leonel olhou para ela ainda mais surpreso. Ela se sentou na cama.

- Posso tê-los, se você quiser... mas não me obrigue a casar com você, gato. Não daria certo. Mas deita de novo, vai. Estou cansada. Não fica emburrado por causa disso.

Ele fez o que ela pediu, mas continuou sério e frio. Vitória encostou a cabeça em seu peito.

- Te decepcionei?

- Não... apenas me surpreendeu. Eu não imaginava que você pensasse assim.

- E vai deixar de me amar por isso?

- Não... Mas e se a banda se separar e nós tivermos que ir um para cada lado? Acaba tudo? Eu moro em Serra Negra, você em São Paulo... Não vamos ficar o resto da vida aqui nessa cidade.

- Você está pensando muito adiante em termos de futuro, amor. Vamos deixar pra pensar nisso quando acontecer. Temos a vida inteira pela frente. Você tem só vinte anos e eu dezenove. Por que a pressa?

- Não é pressa, Vitória. Eu só não quero demorar muito pra achar meu caminho. Quero ter minha casa, minhas coisas, você do meu lado...

- Você fala como se já tivesse passado por isso antes... e não tivesse conseguido.

Leonel ficou em silêncio e pensou que realmente aquela situação já tinha acontecido em sua outra vida, mas não disse nada.

- Você pode ter tudo isso sem que a gente se case, ela disse.

- Eu nunca mais entraria na casa do meu pai.

- Ele manda em você?

Leonel se ofendeu intimamente com aquela pergunta, mas respirou e respondeu:

- Não, meu pai não manda em mim, mas eu sei como ele pensa e não quero magoá-lo por nada nem por ninguém desse mundo. Tudo que eu tenho até agora devo a ele e a minha mãe que já não está mais comigo. À minha família inteira. Seria trair a todos eles.

- Então por que veio com o Floyd pra cá? Eu sei que seu pai não gosta dele.

- O Floyd é outra estória, Vitória. E meu pai gosta dele, sim, só que os princípios de vida dele não aceitam o modo de viver do seu irmão. Mas, se ele não confiasse em mim, não me deixaria vir e nem teria me deixado me aproximar do Floyd. Ele sabe dentro dele que o Floyd tem caráter e a pessoa linda que você mesma disse que ele é. Agora, não sei se ele aceitaria me ver vivendo maritalmente com uma garota, sem ser casado com ela.

- Sou sua namorada! A mulher que você ama!

- Você me entendeu, Vitória!

- O que eu não entendo é por que eu preciso ser mais do que isso!

Ele se calou.

- A escolha é sua, Leonel. Se você acha que não vale a pena ficar comigo, tudo bem, eu vou entender. Não quero brigar. Não ia fazer bem pra banda, concorda?

Ele levantou-se de novo e saiu da cama.

- Tudo bem, não vamos mais falar sobre isso hoje. Eu estou cansado.

- Dorme aqui. Não fica zangado...

- Depois a gente conversa. Acho melhor a gente dormir cada um na sua cama. Vou pro outro quarto. Boa noite.

- Meu beijo! Você não vai nem me dar um beijo?

Ele ficou olhando sério para ela e respondeu, seco.

- Não. Boa noite já está bom, pra um casal tão descolado como nós. Quando menos grude melhor.

Ele foi para a porta e ainda parou e voltou-se, dizendo:

- E eu não sou seu pai!

Atravessou a porta e saiu. Vitória não deixou de ficar decepcionada.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) VII – CAPÍTULO 2

“CASAL DESCOLADO”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 19/08/2020
Código do texto: T7040342
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