LEONEL VI - SHOW EXTRA - CAPÍTULO 6
CAPÍTULO VI – SHOW EXTRA
Estava tocando uma música lenta e Décio abraçou Vitória de forma bastante ousada. Leonel ficou olhando de longe para os dois com certo ciúme e Floyd percebeu, mas ficou quieto.
- Ele já conhecia a Vitória? – Leonel perguntou, ainda olhando para o casal.
- O Décio morou em Diadema, perto do meu pai, por três anos. Foi meu primeiro baterista. Éramos bem crianças com... treze para quinze anos. Ela era pequenininha, mas sempre foi de chamar atenção de qualquer um. E ele não ficou imune aos encantos dela. Quando eu tinha dezesseis, ela tinha quatorze e parecia ter vinte. Já era linda como agora e ele chegou a tentar alguma coisa com ela. Eu não gostei disso e meu pai menos ainda, quando percebeu. Não deixou mais o Décio entrar em casa e nenhum outro amigo meu que fosse músico. Inclusive meteu o Décio num escândalo tão grande que o pai dele o expulsou de casa... por minha causa.
- Caramba! Por quê?
- Ele conseguiu provar, não sei como, que o Décio tinha tido um caso comigo, sendo que era mentira. E olha que ele nem sabia que eu era bi e isso seria possível, se o coitado do Décio não fosse hétero. Mas ele conseguiu afastar o cara da minha irmã, pelo menos.
- Nossa! Seu pai não perde tempo, hein? É pior que Samuel Torres...
- Pois é, não perde tempo, pelo menos no que se refere a me agredir e a todo mundo que se aproxima de mim. Não sei como ele caiu nas suas graças...
- Eu sei.
- Por quê?
- Quando ele perguntou onde eu tinha conhecido você, eu disse que tinha sido em Serra Negra. Ele disse que já tinha morado lá e conversa vai, conversa vem, eu disse que era sobrinho de Cristina Marques, ele uniu as pontas do novelo e...
Floyd riu.
- Claro! Boa! Uma arma poderosíssima!
Floyd ergueu a mão e Leonel bateu nela, rindo também. Ele olhou novamente para Vitória e Décio na pista e viu que o rapaz escondia o rosto no pescoço da moça e resolveu olhar para outro lugar. Tomou mais um gole de cerveja.
- Quer que eu vá lá impedir aquela pouca vergonha? – Floyd perguntou.
- Eles não estão fazendo nada...
- Mas pela sua cara dá a impressão que estão transando.
- Ela é sua irmã...
Floyd sorriu discretamente e chamou o garçom. Pediu mais cervejas e falou:
- Não perde tempo sofrendo pelo que você pode ter, Leo.
Leonel olhou para ele surpreso.
- Quê?
- O Décio não vai engolir a Vitória. Ele é só um amigo da gente.
Leonel sentiu-se um idiota e não respondeu. Floyd pegou uma garrafa, encostou-se na cadeira e não disse mais nada.
A música terminou e Leonel se levantou.
- Aonde você vai? – Floyd perguntou.
- Não sei dançar, então vou fazer uma coisa que eu sei fazer.
Vitória vinha se aproximando da mesa com Décio e ele passou pelos dois e puxou a garota pela mão.
- Vem comigo...
- Aonde, garoto? – ela perguntou, surpresa.
Leonel foi até a mesa de som e desligou a música ambiente. Depois subiu no palco e se aproximou do piano no lado esquerdo dele. Sentou na banqueta e Vitória percebeu que ele ia tocar. Sorriu e encostou-se no piano. Leonel começou a tocar a canção “Tonight” de Elton John. Uma canção de 1976, que o cantor havia lançado em seu álbum duplo, "Blue Moves" um ano antes de anunciar que ia parar de cantar.
A canção tinha quase oito minutos e começava com um solo de piano lindíssimo de vários segundos, mais precisamente três minutos(!), que Leonel executou com muito sentimento; Vitória cantou o restante da música com sua voz suave, olhando para ele.
Todos no clube pararam para ouvir os dois num silêncio emocionado e respeitoso. Ao final da canção, Leonel emendou com uma canção composta por Leo Torres. Essa tinha sido feita para Gilda e ele a tocou de ouvido, pois não havia partitura dela em lugar nenhum, apenas em sua casa em Serra Negra. Floyd levantou da cadeira e se aproximou do palco, admirado.
A canção agradou e todos aplaudiram quando ele terminou emocionado, mal sabendo como tinha feito aquilo.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) VI – CAPÍTULO 6
“SHOW EXTRA”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!
NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS
BOM DIA E OBRIGADA!