LEONEL VI - EM BUSCA DO AMOR PERDIDO - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO II – BUSCA DO AMOR PERDIDO

Quando os irmãos desceram, Leonel já estava conversando com Teodoro Fontes na sala.

Ele era um homem de trinta e oito anos, alto, cabelos claros, olhos azuis e nada parecido com os filhos, ou vice-versa.

Floyd, ainda no alto da escada, sentiu o sangue gelar ao ver os dois juntos, mas ao aproximar-se percebeu que a conversa estava sendo até muito cordial. Leonel surpreendeu-se ao olhar para ele e vê-lo vestido de forma tão formal, diferente do usual.

A camisa pólo, listada, calça se sarja preta e os cabelos longos penteados, presos por um rabo de cavalo, o deixavam até mais apresentável. Vitória tinha conseguido o milagre, mas o milagre não chegou a tocar Teodoro nem de longe.

Ao ver o filho descer as escadas, o humor de Ted mudou. Floyd aproximou-se dele e disse:

- Oi, pai...

Ted não respondeu. Só mediu o filho de alto a baixo e sorriu, irônico.

- Não adianta tentar produzir seu irmão, Vitória. Ele ainda tem cheiro de safadeza.

- Pai!... – ela ia começar a falar.

- Eu estava aqui dizendo ao seu amigo como é perda de tempo andar com você.

Floyd não levou o insulto em consideração, embora doesse dentro dele, sorriu e respondeu:

- Espero que ele tenha dito que já sabia. Como vai, pai?

- Esperava não te ver nunca mais.

- Quem é vivo sempre aparece. Mas eu estou só de passagem. Vim só pegar umas coisas que tinha deixado. Uma delas é minha irmã... A Vitória já te falou que vai comigo?

- Infelizmente... Mas eu te aviso, se alguma coisa acontecer com a minha filha, eu acabo com a sua raça.

- Não adianta, pai, a... minha raça ainda não está em extinção, muito pelo contrário. Está em franca expansão. Eu sou um só. Você não vai conseguir nada me matando.

- Não se perderia nada mesmo. Agora, com licença, Leonel, eu tenho que tomar um banho e preciso sair de novo. Foi muito bom te conhecer. Tenho saudades da sua tia. Não ganhei nada me separando dela. Aliás, foi a maior besteira que fiz na minha vida. A prova está aqui na minha frente.

Leonel olhou para Floyd constrangido e ainda conseguiu dizer:

- O senhor não devia falar assim do seu filho...

- Eu não tenho nenhum filho. Não sei o gênero dessa pessoa. Tenho só uma filha linda. Aliás... sobe comigo, Vitória? Eu preciso conversar com você. Fique à vontade, Leonel, a casa é sua.

Ele puxou a filha pela mão e, antes de segui-lo, Vitória segurou a mão do irmão em apoio. Os dois subiram.

Leonel ficou olhando para os dois e depois para Floyd que mal conseguia se mover de tanto constrangimento. O rapaz sentou-se no sofá, soltou o cabelo e começou a tirar a camisa, jogando-a no chão, com raiva.

Leonel a pegou e sentou-se ao lado dele.

- Nenhum de vocês se parece em nada com ele...

- Esse é um dos motivos para ele se casar várias vezes. Casou com a Harumi, mãe da Vitória com a esperança de ter um filho loiro de olhos verdes e puxados. Ela não conseguiu e ele se separou dela. A minha irmã tem cabelos bem pretos e grossos, o que foi um tapa na cara dele. Ele curte demais a Vitória, mas quer ter um filho parecido com ele e nunca consegue.

- Você tem outros irmãos?

- Tenho. Um de dez no Rio e uma garotinha de seis, em Los Angeles.

- Los Angeles?

- É. A quarta mulher do meu pai deu a ele uma filha em Los Angeles, durante a lua-de-mel dos dois. A garotinha nasceu loira como ele, mas tem olhos pretos como a mãe. Ele divorciou-se dela por isso, dois dias depois. O cara é um doente.

- Nossa!

- Na verdade ele nunca superou a separação da sua tia. Queria ter tido um filho com ela que tivesse os olhos verdes dela, mas foi tentar primeiro com a minha e...

- Caramba! Queria estar em Serra Negra pra contar isso pra Cris...

Floyd riu.

- Se eu te contasse todas as loucuras dele, daria uma semana de conversa.

- Com a sua mãe também foi assim?

- Não. Por mais incrível que possa parecer, minha mãe se parecia com a Cris, tinha os olhos verdes também, mas eu não me pareço nem com ele nem com ela. Nem pareço filho dos dois. Ele jogou em cima dela toda a desilusão de ter perdido a Cris. Traído a Cris. Jogava na cara dela todo dia que ela tinha engravidado de propósito e minha mãe começou a definhar... até morrer, quando eu tinha sete anos. E ele me colocou num colégio interno porque não tinha como me criar sozinho. Tinha vinte e sete anos e nenhuma vocação pra ser pai. Quando eu tinha dez anos, ele se casou com a mãe da Vitória que já tinha ela, dele, claro. Quando eu voltei pra casa, nem conhecia ele direito, imagine a nova mulher e a filha dele. Mas a Harumi me tratou melhor do que ele mesmo. Eu quase nunca o via. Ela percebeu que eu tinha algum talento pra música e me ensinou a tocar piano, depois me colocou num conservatório. Foi a conta de começar uma guerra porque ele não queria. Nunca ligava pra mim, mas não queria que eu estudasse música. Saí do conservatório, mas aí já sabia alguma coisa e fui pra rua pra formar minhas bandas... Nesse meio tempo, minha madrasta me iniciou na religião dela e comecei a estudar regressão. Estudei sozinho guitarra e um pouco de batera. E o resto você já sabe. A confusão na escola com o garoto que eu gostava... Ele me colocando na rua com dezessete anos e blá blá blá... Saí da minha tia, fui pra Serra Negra, quando a mãe da Vitória morreu, e aí surgiu o Gil, eu descobri que... curtia ficar com ele. Se ele descobre que o Gil contraiu Aids enquanto vivia comigo, nunca mais piso nessa casa. Não comenta nada, tá? Eu não gosto dele, mas essa casa ainda é minha e eu não quero ficar longe da minha irmã, nesse pouco tempo que me resta.

- Claro... Você nunca para de me surpreender?

- A Vitória e você são as duas pessoas que eu mais amo no mundo. Quero vocês dois do meu lado até o fim.

Os dois se abraçaram forte. Os olhos de Leonel encheram-se de água.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) VI – CAPÍTULO 2

“EM BUSCA DO AMOR PERDIDO”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/08/2020
Código do texto: T7035788
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