LEONEL V - MÉDIUM - CAP. 1

CAPÍTULO I – MÉDIUM

Cristina e Caio voltaram da rua e os dois estranharam ao ver Leonel dormindo no sofá. Floyd estava sentado na poltrona, apenas vigiando seu sono. Ao ver os dois entrarem, ele colocou o dedo indicador sobre os lábios e pediu silêncio. Os dois não entenderam nada. Floyd os levou para a cozinha e explicou:

- Ele está dormindo, mas está bem.

- Dormindo? Por quê? – Cristina perguntou.

- Depois ele mesmo vai te explicar tudo. Deixa ele aqui comigo. Amanhã ele volta pra casa.

- O Bruno não vai gostar disso, Floyd.

- Eu sei, mas sei também que vai fazer bem pro Leo. Confie em mim.

- Confio. Eu vou indo.

- Obrigado pelo refrigerante, dona Cristina, falou Caio. – A senhora tem uma conversa muito legal.

- Agora que eu sei onde vocês moram, virei mais vezes. Também gostei do nosso passeio. Até logo.

Cristina beijou os dois no rosto e foi para a porta. Olhou para o sobrinho e pediu:

- Cuida bem do meu lindinho, Floyd.

- Pode deixar, ele disse, sorrindo.

Ela saiu. Caio fechou a porta e perguntou:

- Esse sono dele não é o que eu estou pensando, é?

- É... Floyd disse, aproximando-se do rapaz. – Ele está em transe hipnótico. Está aprendendo a se conhecer.

- Quer que eu saia?

- Não... Vai pro quarto e fica lá. Não vai demorar.

Caio saiu da sala e foi para o quarto. Floyd voltou a sentar-se e olhou para Leonel. Num determinado momento viu uma lágrima rolar pelo rosto dele.

- Chora, amigo. Você tem muito que rever, mas vai fazer bem...

Eram quase sete horas da noite quando Leonel abriu os olhos e voltou do transe. Tomou fôlego e estava chorando. Viu Floyd no mesmo lugar e levantou-se, sentando-se no sofá. Escondeu o rosto nas mãos e soluçou muito.

- O que aconteceu? Eu tive um sonho horrível!

Ele cruzou os braços sobre os joelhos e chorou mais ainda. Floyd foi até a cozinha e pegou um copo de água para ele.

- Toma isso. Vai te fazer bem...

Leonel tomou apenas dois goles e enxugou o rosto. Floyd ficou em silêncio esperando que ele se acalmasse. Leonel olhou para ele e perguntou:

- Eu sonhei minha própria vida, não foi?

Floyd confirmou, balançando a cabeça.

- Eu era... meu avô... Leo Torres.

- Era...

Leonel respirou fundo e afastou os cabelos da testa suada, ainda muito emocionado.

- Haroldo... Meu Deus, você é meu avô Haroldo... Pai da... tia Cristina. Ela sabe?

- Sabe. Você contou pra ela no hospital.

- Eu?!

- Você... Sua personalidade como Leo Torres veio te socorrer pra não deixar você entrar em parafuso depois do atentado que você sofreu.

- Isso é... impossível...

- Não é tão impossível assim, tanto que aconteceu.

- Não só é impossível como também é trágico!

- Por que trágico?

- Eu estou me sentindo tão sujo! Tão baixo! Eu fiz com você o que fizeram comigo agora!

- Eu já te perdoei, cara. Todo mundo já te perdoou. Aliás, não havia o que perdoar. Não se martirize.

- Como você fez isso? Como sabe hipnotizar e como me fez sonhar tudo isso?

- Eu sou médium e tenho estudado regressão desde antes de sair de casa. Isso sempre me fascinou. Eu queria entender porque eu sentia atração física tão forte por mulheres e por homens também. Mas isso é muito complicado pra te explicar agora, ainda mais com você de cabeça quente.

- Você sempre soube de tudo isso?

- Desde antes de te conhecer.

- Então... por que você... se apaixonou por mim, se sabia...?

- Maior parte da sua revolta como Leo Torres estava no fato de saber que seu amigo Haroldo gostava demais de você, mas tinha se casado com a mulher que você amava. Eu me casei com a Gilda pra me proteger dessa... paixão... desse lado meu que nem eu mesmo aceitava. Pra me proteger de você...

- Ah, meu Deus...

- Mas eu também amava a Gilda. E eu voltei pra te fazer entender isso, e o que eu sinto por você. Sou bissexual, como muita gente na verdade é. O ser humano tem a capacidade de amar pessoas de qualquer gênero com a mesma intensidade. Independente de sexo. Mais do que qualquer outra coisa, Leo, eu sou seu irmão. Somos todos irmãos.

Leonel sorriu e o abraçou forte.

- Obrigado...

Depois do abraço, Leonel voltou a encostar-se no sofá e disse:

- A Cristina então foi minha primeira namorada...

- E sua alma consorte.

Leonel olhou para ele sem entender.

- O quê?

- Sua alma consorte. Vocês vão reencarnar várias vezes ainda, sempre juntos, e na maioria das vezes, casados.

Ele ergueu as sobrancelhas.

- Casados?

- Não nessa encarnação, claro, por que ela é sua tia, na última também não deu porque ela morreu criança, amando muito você, mas haverá outras e vocês poderão estar casados na próxima.

Leonel sorriu.

- Agora eu entendo minha paixão por ela e a dela por mim. Como Leo Torres eu previ o nascimento dela porque ela própria me avisou. E ela nasceu como sua filha.

- Floyd confirmou, sorrindo.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) V – CAPÍTULO 1

“MÉDIUM”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/08/2020
Reeditado em 11/08/2020
Código do texto: T7029809
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