LEONEL III - BILHETE PÓSTUMO - CAPÍTULO 16

CAPÍTULO XVI – BILHETE PÓSTUMO

Leonel e Floyd foram juntos à delegacia. Bruno já tinha ido embora. Ainda recusava-se a ficar com Floyd no mesmo ambiente.

O delegado levou Floyd para reconhecer o corpo do antigo parceiro e ele viu Gil pela última vez.

- É ele mesmo? – perguntou o oficial.

Floyd confirmou, balançando a cabeça. Tocou a mão do ex-companheiro e a sentiu gelada. Voltando à sala do delegado, ele sentou-se ao lado de Leonel e o delegado Sampaio perguntou:

- Há quanto tempo você o conhecia?

- Uns dois anos, um pouco mais...

- Moram juntos há muito tempo?

- Pouco mais de um ano...

- Pelo bilhete que ele deixou, vocês tinham um relacionamento... certo?

Floyd ficou olhando para o delegado e pela primeira vez sentiu-se envergonhado por isso. Ficava muito frio e degradante dito por alguém que não os conhecia. Leonel sentiu o constrangimento do amigo.

- Tínhamos... ele respondeu, finalmente.

- Quer ler o bilhete?

Floyd olhou para Leonel e finalmente para o delegado e respondeu:

- Quero...

Sampaio abriu uma pasta e retirou dela uma folha de papel dentro de um saco plástico. Entregou a ele. Floyd o segurou e ficou algum tempo olhando para ele.

- Pode abrir. Está embalado assim por causa da perícia, mas já foi vistoriado.

O rapaz abriu o saco plástico e retirou a folha de papel. Desdobrou-o e viu a letra irregular de Gil. Suas mãos começaram a tremer. Ele leu o conteúdo da carta apenas com os olhos:

- “Floyd, amor... ou quem pegar esse bilhete primeiro, eu preciso acabar com a farsa que é a minha vida, antes que ela se acabe pelo motivo óbvio que é a Aids. Não tenho coragem de ver como é o fim desse jeito. Não tenho muito mais que fazer aqui. O fim já estava determinado. Vou sair de cena antes. Também não aguento mais ter que conviver com a culpa de ter sido cúmplice do ataque que fizeram ao seu protegido, o Leonel. Espero que você me perdoe por ter aberto a porta pros caras. Você conhece os dois, tocaram com você por cinco meses um tempo atrás: Ulisses Silent e Saara Silva, mas eles já estão bem longe. Determinação do Leandro Marques, o próprio irmão do seu queridinho. Ninguém mais vai conseguir pegar os dois. Mas eu gostaria que a polícia brasileira, e mais especificamente a de Serra Negra, conseguisse botar as mãos neles. Gente assim não merece viver no meio de gente de bem. É por isso que eu estou indo embora. Me perdoa e peça ao Leonel que me perdoe também. Eu te amo e você sabe disso.”

Floyd fechou a folha, dobrando-a em quatro de novo e devolveu o bilhete ao delegado.

- Reconhece a letra?

Floyd confirmou.

- Ele pede desculpas a você. Por quê? Se não foi ele quem atacou o Leonel?

- O Gil... tinha mil motivos pra não gostar dele, mas não faria isso por gosto. Ele me disse que não teria coragem de tocar no Leonel. Sabia das implicações. Ele tinha Aids...

- Você conhece os dois envolvidos?

Floyd confirmou mais uma vez.

- Nós temos... ou tínhamos uma banda de rock alternativo... e eles tocaram com a gente por cinco meses há dois anos, como o Gil conta na carta.

- Tocaram, não tocam mais?

- Eu dispensei os dois.

- Por quê?

- Eu descobri, depois de um tempo de convivência, que eles estavam metidos com... drogas e roubo. Eles foram indicados pelo Gil, mas ele ficou com medo de me complicar e... ao Leonel e ele próprio sugeriu a saída dos dois... mas continuou se relacionando com eles paralelamente...

- E vocês dois tocam juntos? O Leonel faz parte da sua banda?

- Há três anos.

- Não me lembro de... ter visto aqueles rostos antes, falou Leonel, lembrando-se do momento em que os homens entraram no apartamento com Gil.

- Eles tocaram em shows que você não pôde ir, disse Floyd. – Quando você tinha prova decisiva na escola e seu pai não deixava você tocar, eles quebravam o galho pra mim, tocando teclado e quando você não pôde ir, por ter exame no vestibular, um deles, acho que o Ulisses, substituiu você no piano. Você nunca os viu mesmo.

- Por que você não disse que o tal Gilberto Dias estava envolvido na coisa, Leonel? – perguntou o delegado. – Isso é conivência, sabia?

- Eu sei, eu tive medo de colocar o Floyd numa fria. Mas, como o senhor sabe, eu fiquei... fora do ar depois do que aconteceu. Mesmo assim, pra mim o mais sério não foi nem o fato do Gil abrir a porta. Ele morava lá. Nem fazia parte das minhas lembranças naquele dia. Eu só me lembro dele entrando no apartamento. O importante foi o que aconteceu depois... e ele não fez mais nada.

- Vou fazer uma pergunta... bem indiscreta... mas que faz parte do meu trabalho. Vocês dois têm... algum envolvimento?

- Não! – Floyd respondeu prontamente. – O Leonel é só meu amigo.

- Bem, falou o delegado, coçando a nunca. – Agora vem a parte mais chata, mas a mais necessária, Leonel. Um detalhe que eu acredito que vai te chocar muito. Não disse ao telefone porque poderia atrapalhar tudo, mas... o principal envolvido está sendo vigiado bem de perto agora.

- Principal envolvido?

Carlos Lima Sampaio cruzou os dedos das mãos sobre a mesa e falou com cautela:

- Leonel, na carta, o Gilberto acusa... seu irmão de ter dado dinheiro aos dois homens para atacarem você.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) III – CAPÍTULO 16

“BILHETE PÓSTUMO”

O AMOR DE DEUS É IMENSO! USUFRUA DELE COM AMOR,

AMANDO SEU IRMÃO.

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/08/2020
Código do texto: T7024194
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