LEONEL III - EU DE VERDADE - CAPÍTULO 2
CAPÍTULO II – EU DE VERDADE
Leonel ficou ainda mais três dias no hospital. Foram feitos exames no rapaz para descobrir quem o havia barbarizado, mas não chegaram aos culpados. Devido à suposta amnésia que o médico mantinha como motivo para Leonel estar ainda muito confuso, apesar das investigações feitas e a pedido do rapaz, o caso foi arquivado momentaneamente.
Bruno ficou indignado com isso. Conversando com delegado Sampaio, ele expressou seu descontentamento.
- O senhor não pode arquivar o caso do meu filho sem descobrir que são os culpados, doutor!
- Seo Bruno, foi a pedido dele mesmo. O Leonel está bem fisicamente e está sendo muito difícil continuar passando por todo esse interrogatório que ele tem passado para descobrirem marginais que nem devem estar mais na cidade.
- E esse... Floyd? O senhor o investigou? Ele é homossexual assumido e tem uma vida bem desregrada. Meu filho estava no apartamento dele quando foi encontrado!
- Mas ele foi socorrido pelo mesmo Floyd, seo Bruno. Esse fato atenua em muito qualquer suspeita que possamos ter sobre ele, o senhor não acha? E ele... não é homossexual; é bissexual, e eu não posso prendê-lo por isso. Ser gay ou o que quer que seja até podia ser crime na idade média, mas não é mais. Lamento.
- Então tudo vai ficar por isso mesmo?
- Dê-se por feliz. Eu conversei com o médico dele, doutor Xavier, e ele me disse, depois de uma conversa tida com seu filho, no dia seguinte em que ele foi encontrado, que os culpados não eram os homens que o tinham violentado. O culpado era bem outro. O homem que mandou fazer isso com ele. Alguém mandou... pagou pra atacarem o seu filho.
- E por que não me disseram nada sobre isso, antes?
- Porque, nas palavras dele mesmo, esse mandante... foi o senhor.
- Eu?
- Isso mesmo. O doutor Xavier achou muito absurda e sem fundamento essa declaração, por isso manteve segredo. Ele me contou quando foi interrogado, mas como conhece toda sua família e eu também e sabemos que sua família é antiga aqui em Serra Negra, eu desconsiderei a acusação. Por isso, acho melhor o senhor respeitar a vontade do seu filho e levá-lo pra casa sem mais discussões. Graças aos céus ele está vivo e vai ficar bem. Espero que ele se recupere logo dessa amnésia.
O delegado afastou-se dele. Muito contrariado ainda, Bruno acabou por aceitar a vontade do filho, mas no dia em que Leonel recebeu alta, ele ainda resolveu insistir no fato de que deviam descobrir o tal criminoso, mas Leonel não mudou de ideia.
- Não me obrigue mais pra mexer com isso, pai, ele disse, enquanto vestia a jaqueta. – Eu estou vivo, estou bem. Esse cara vai pagar de qualquer jeito um dia. Esquece.
- Alguma coisa me diz que você sabe quem é e quer protegê-lo. Gostaria de não descobrir que é verdade. Seria absurdo demais!
- Por quê? O certo seria eu querer acabar com ele ou vê-lo na cadeia?
- E você discorda?
Leonel não respondeu. Bruno arriscou:
- O doutor Xavier disse ao delegado que... você falou que... sabe quem é o mandante.
- Quando?
- No dia seguinte da sua internação... Você disse a ele que eu fui o mandante do que aconteceu com você...
Leonel olhou para o pai e o abraçou forte.
- Não... Nunca!
- Mas você disse...
- Eu estava confuso, pai. Não estava dizendo coisa com coisa... Não leve isso a sério, por favor! Eu amo você e sei que você nunca faria isso!
- Mas você sabe quem mandou...
Leonel afastou-se dele.
- Não... Não sei... Mas se eu tivesse feito isso com alguém, pai, essa lei serviria pra mim também, não serviria?
Bruno ficou em silêncio por um momento, mas respondeu pouco depois.
- É um crime... Todo crime deve ser punido.
- Todo crime é punido, mas não é o homem que tem esse poder, por mais absurdo que pareça o que eu estou dizendo. A punição acontece. Simplesmente acontece. Talvez tenha acontecido isso comigo... porque eu já fiz o mesmo com alguém algum dia...
- Quem? Com quem, Leonel? Com quem você praticou um ato tão baixo, meu filho?
- Com ninguém... Eu quero... só sair daqui, pai.
Bruno franziu as sobrancelhas sem entender.
- Você está tão estranho, filho. É como se... alguma coisa dentro de você tivesse morrido ou... nascido, depois de tudo aquilo que você sofreu.
- Esse que você acha estranho, pai, sou eu de verdade. Eu inteiro... Vamos embora. Não aguento mais esse hospital.
Saíram do quarto.
LEONEL (REENCARNAÇÃO) III – CAPÍTULO 2
“EU DE VERDADE”
O AMOR DE DEUS É IMENSO! USUFRUA DELE COM AMOR,
AMANDO SEU IRMÃO.
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
BOA TARDE E OBRIGADA!