Gian Diep (cap 5)
Às 18:00 horas Gian já estava no primeiro banco do canteiro da avenida, que ficava de frente para a lateral do orfanato com grades de ferro altas, dava pra Gian ver muito bem tudo que se passava la dentro. até que enfim o homem careca que Gian estava à espera sai da parte interna do orfanato trazendo com ele um criança segurando sua mão. uma menina de no máximo 10 anos, cabelos longos, loiros, magra e trazia um tipo de mochila pendurada no ombro. os dois saíram do orfanato e vinham da direção de Gian, que nesse momento abaixou a boina e levantou o livro velho de geografia, as vozes interrogaram Gian freneticamente com uma enxurrada de perguntas que Gian não conseguia nem de longe responder.:- o que ele está fazendo saindo do orfanato com essa criança? ela esta levando ela pra casa? ele é algum tipo de parente dela?
Cada vez mais vozes surgiam e Gian não entendia o que acabara de ver. o careca e a menina viraram a esquina e seguiram para o supermercado, Gian foi logo atrás; entraram e pegaram um carrinho de compras, a menina fez questão de manobrar o carrinho por entre as seções do supermercado, Gian pegou uma cesta pequena para disfarçar, e quem sabe até comprar algo que o atraísse, eles pegaram bastante coisas na seção de biscoitos e lanches, muitos iogurtes e refrigerantes o que claramente eram compras para a criança. Gian percebeu uma fila enorme na parte dos frios e carnes, passou direto e parou na parte de higiene pessoal para procurar seu sabonete preferido que tinha cheiro de erva-doce, o qual Sandra nunca encontrava quando vinha comprar. talvez fosse por não procurar pois estavam na parte inferior e bem visíveis. o homem com a criança foram para a fila do caixa e Gian para não ser notado passou cinco minutos olhando e cheirando os sabonetes da seção, o que o fez ter a certeza de que o de erva-doce era mesmo o melhor. quando saíram Gian rapidamente pagou suas compras e pôs-se a segui-los. na saída Gian viu a filha do zelador conversando no mesmo local com o rapaz que trabalhava no açougue do supermercado. o homem com a criança atravessaram a rua e seguiram até a casa do homem que ficava perto da emissora de tv.
Gian estava meio que impaciente com as vozes, por isso precisa logo de respostas.
No orfanato o telefone toca e a diretora responsável atendeu gentilmente; quem falava era uma voz feminina educada e insegura com as palavras.
- alô, boa noite, quero que me esclareça algo por favor.
- com todo prazer.
- é que hoje eu vi saindo do orfanato um funcionário que levava consigo uma criança. isso é normal?
- posso lhe garantir que não é normal, mas o caso que a senhora viu é uma exceção que nós temos, trata-se de uma criança que perdeu os pais em um acidente de carro, e o rapaz que trabalha conosco viu o acidente e salvou a menina do meio das ferragens, com isso eles criaram um forte laço. por isso ás vezes ele pode levar a criança pra passar o final de semana com ele na sua casa. mas pela criança ele já a teria adotado.
-ah bom, obrigado, e desculpe qualquer coisa.
-por nada, pode contar conosco, somos transparentes. a senhora ja conhece nosso sistema de doações? no final do ano a senhora recebe a visita de algumas das nossas crianças para agradecer pessoalmente pela ajuda.
- conheço sim, já sou doadora, obrigada.
-obrigada e boa noite.
Sandra desliga o telefone e imediatamente liga para Gian. e conta tudo o que a mulher havia lhe explicado.
-obrigado Sandra.
-por nada seu Gian, ainda bem que não foi nada demais.
-É, ainda bem, desculpa te incomodar essa hora.
- tudo bem seu Gian, até amanhã.
Gian estava mais calmo, com a ajuda de Sandra pôde descobrir muito sobre a menina e o que fazia com o funcionário do orfanato. mas ainda estava curioso com toda essa história, então pegou sua boina, seu velho livro de geografia, seus binóculos, sua garrafa de água e seu cortador de unha cromado e saiu em direção a casa do funcionário do orfanato afim de observar e entender mais um pouco sobre esse homem que talvez tenha o visto na frente da casa da filha do zelador na noite do crime.