LEONEL II - GIL - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO II – GIL

A maçaneta da porta começou a se mexer e Gil entrou por ela, com cara de muito poucos amigos. Olhou para Leonel como se o quisesse engolir e falou:

- Vim só buscar minhas roupas. Não quero atrapalhar nada.

Leonel ia dizer alguma coisa, mas Floyd discretamente lhe pediu silêncio, apenas erguendo a mão.

- Quer deixar de ser infantil e me ouvir, Gil?

Gil cruzou os braços e esperou. Ele era um homem de vinte e seis anos. Cabelos e barbas compridos, que o deixavam mais velho do que a idade que tinha. As olheiras em volta dos olhos diziam que ele não dormia muito ou trocava a noite pelo dia. Morava com Floyd há pouco mais de um ano e Leonel não gostava da proximidade dele com o amigo. Não criticava suas escolhas, mas sabia que Gil estava atrasando sua vida.

- Eu já falei que o Leonel é só um amigo que precisa passar a noite aqui... disse Floyd.

- Precisa? Fugiu de casa? – ele perguntou, irônico.

Leonel levantou-se e falou:

- Eu vou embora, Floyd...

- Não, você fica. O apartamento é meu também. Eu pago metade do aluguel dessa droga aqui.

- Tudo bem, falou Gil. – Por mim pode começar a pagar pela metade que me pertence também. Divirtam-se!

Ele saiu, batendo a porta com força.

- Compliquei sua vida, não foi?

- Que nada! Ele volta! Isso é só frescura, ciuminho bobo. As roupas dele ainda estão aqui.

- Não seria melhor que ele fosse embora de vez mesmo?

Floyd deu de ombros e foi acender um cigarro.

- Não sei, mas ele não pode sair daqui. Não tem pra onde ir e... está doente.

- Doente?

- Aids... ele falou com calma, indo para a cozinha.

Leonel foi atrás dele.

- O Gil está com Aids!?

Floyd confirmou, enchendo uma caneca com água e colocando no fogo.

- E você convive com ele mesmo assim?

- Garoto, eu sei me cuidar. Estou mais é querendo saber o que te grilou tanto pra te fazer sair de casa e vir dormir aqui. Tua família é sempre toda certinha, seu pai te adora, sua tia só não namora com você porque você é filho do irmão dela e aí? Que aconteceu?

- Já falei que eu ainda não quero falar sobre isso, Floyd. Me dá um tempo.

- Pelo menos liga pra casa pra dizer onde está, garoto.

- Depois, disse Leonel, sentando-se à mesa.

- Já! Você ainda é menor de vinte e um e eu não quero seu pai colocando a polícia atrás de mim por sua causa. Já tenho problemas demais.

- Se eu ligar, ele coloca do mesmo jeito, Leonel disse, rindo.

- Melhor a verdade do que a ignorância. Se você contar, a coisa não fica tão grave. Vai, liga logo.

Leonel obedeceu. Quando Bruno ouviu a voz do filho do outro lado da linha, perguntou aflito:

- Graças a Deus! Você quer matar a gente de susto, Leonel? Onde você está?

- Na casa do... Floyd...

- Na casa de quem?!

- Do meu amigo músico, o Floyd.

- Você está brincando?

- Não... Eu estou bem, não precisa se preocupar...

- Você vai voltar pra casa agora, Leonel! Ou eu vou até aí te buscar.

- Se você vier, eu não vou estar mais aqui quando você chegar. Eu volto amanhã pra casa, pai. Preciso só pensar um pouco. Por favor, me dá um tempo.

Bruno respirou fundo e pensou, olhando para Cristina que estava a seu lado.

- Tudo bem... mas se esse desajustado fizer alguma coisa com você, eu acabo com ele, ouviu?

- Não vai acontecer nada comigo, pai. Fique sossegado. Confia em mim. Você sempre faz isso.

- Esse cara não é de confiança, Leonel...

- É sim, ele disse, sorrindo para o amigo que fazia mímicas imitando seu pai falando dele. – Amanhã, eu volto cedo pra casa. Tem o telefone de onde eu estou na agenda. Tchau.

Bruno colocou o fone no gancho e olhou para Cristina.

- Ele está na casa daquele tal de Floyd.

- Pelo menos está seguro... ela disse, aliviada.

- Seguro? Cris, esse cara é um homossexual, um desajustado!

- Ele não é homossexual, Bruno. É bissexual e não é tão desajustado assim.

- Ah, grande diferença!

- Floyd é um ótimo músico e é um bom rapaz.

- Um vagabundo!

- Ele é músico, como seu filho! E o Leonel tem vinte anos. Sabe se cuidar muito bem, ou você não confia na educação que deu a ele?

- Confiava, mas você acabou de colocar tudo abaixo enchendo a cabeça dele de bobagens. Se o Leonel voltar diferente da casa daquele... transviado, eu nunca vou perdoar você, Cris! Não vou!

LEONEL (REENCARNAÇÃO) II – CAPÍTULO 2

“GIL”

O AMOR DE DEUS É IMENSO! USUFRUA DELE COM AMOR,

AMANDO SEU IRMÃO.

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/07/2020
Código do texto: T7011410
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