LEONEL - PESADELO - CAPÍTULO 9

CAPÍTULO IX – PESADELO

Leonel foi para seu quarto e passou muito tempo meditando sobre tudo que a tia havia lhe dito.

Deitou-se na cama e exausto, fechou os olhos para tentar não pensar mais em nada e adormeceu com a roupa do corpo.

Sonhou coisas horríveis. Via-se discutindo muito com o irmão, mas não estavam em seu quarto. Estavam no quarto na tia. Leandro não tinha o mesmo rosto. Era o rosto de um homem mais velho. Eles gritavam um com o outro e ele se sentia estranho, como se, tonto, não conseguisse enxergar direito ou ouvir claramente as palavras do irmão.

Agrediram-se fisicamente e Leandro o empurrou violentamente, jogando-o contra o piano que Cristina tinha no quarto. Ele sentiu a dor do choque e sentiu o sangue lhe escorrer pela nuca. Caiu no chão e tentou gritar. Acordou gritando.

Ergueu-se na cama, assustado e suado, sentindo uma grande vontade de chorar. As lágrimas corriam pelo seu rosto e ele não conseguia parar de soluçar, como se aquela confusão tivesse realmente acontecido.

Bruno apareceu na porta, pois tinha ouvido o grito do filho. Sentou-se junto de Leonel, assustado e o abraçou.

- Filho, o que foi? O que aconteceu?

Leonel não conseguiu falar. Abraçou-se ao pai com força e Bruno tentava acalmá-lo, acariciando sua cabeça, como quando ele era criança.

- Deve ter sido um pesadelo, fica calmo. Já passou. Calma... Nossa, fazia muito tempo que você não tinha esses pesadelos.

Depois de algum tempo, o rapaz afastou-se do pai e enxugou o rosto, já mais calmo.

- Está melhor? – Bruno perguntou.

- Acho que sim...

- Você se deitou de roupa e tudo? O que aconteceu?

- Eu... fiquei conversando com a Cris até tarde e... estava cansado. Devo ter deitado e cochilei... acabei... apagando de cansaço...

- Você teve um pesadelo?

- Um sonho horrível... horrível...

- Quer me contar? Às vezes ajuda.

Leandro achou por bem não contar nada ao pai sobre aquilo, antes de pensar bem sobre tudo e de tirar suas próprias conclusões.

- Não... Eu já estou bem, obrigado, pai.

- Tira essa roupa e faz uma oração antes de dormir, rapaz. Isso, com certeza, ajuda. Boa noite, filho.

- Boa noite, pai.

Bruno saiu do quarto e ele tratou de colocar o pijama e dormir, mas o sonho ruim continuava em sua cabeça.

***************************************

Na manhã seguinte, ao sair do quarto, no corredor, Leonel parou e olhou para a porta do quarto de Cristina. Estava semiaberta e ele percebeu que ela já tinha saído. Entrou no quarto.

Olhou para tudo e pensou na possibilidade de que tudo o que a tia tinha contado fosse verdade. Fechou a porta e aproximou-se devagar do piano que a tia cuidava com tanto carinho, mesmo sem saber tocar uma nota. Passou a mão sobre ele e sentou-se na banqueta, apoiando os braços sobre a tampa. Respirou fundo, lembrando-se do pesadelo, e encostou a cabeça neles.

Aquele quarto era quase com um museu que Cristina tinha guardado para preservar a memória de Leo Torres. Nele havia um baú onde haviam coisas que tinha sido de Leo e Leonel foi abri-lo, temeroso do que fosse encontrar, mas disposto a enfrentar o que quer que fosse.

Reviu coisas antigas do avô, que o próprio Bruno rejeitava como tal, ainda intactas, apesar de muito antigas; releu cartas dse sua avó Gilda para ele, ainda ali guardadas; associou seu gosto por música à vocação e talento que Leo tinha para o piano; descobriu partituras de música escritas por ele e ainda inacabadas; abriu a tampa do piano e tocou algumas delas, notando semelhanças com seu estilo; olhou para o quadro.

- Isso é loucura... murmurou. – Isso não existe!

Ele fechou a tampa do piano com força e levantou-se. A porta se abriu e Bruno apareceu.

- Oi, pai...

- O que você está fazendo aqui?

- Nada...

- Eu ouvi música. Você estava tocando? Pensei que tivesse desistido disso.

- É, eu... conversei muito com a Cris ontem e... resolvi remexer nas coisas do... Leo.

- Por quê? Você nunca se interessou por ele.

- Curiosidade só. A Cris vive me chamando de Leo... Só fiquei... curioso. A gente conversou um pouco sobre ele ontem.

Bruno ficou preocupado. Entrou no quarto.

- Sua tia te encheu a cabeça com os devaneios dela? O que ela te falou sobre ele?

- Nada, não se preocupe, pai. Ela não me falou nada além do que você já me disse. A menos que haja mais alguma coisa mais que eu tenha que saber.

Leonel olhou o pai nos olhos e Bruno desviou os seus, olhando para o quadro.

- Eu não quero que você fique entrando nesse quarto, filho. Só não tirei essas velharias daqui porque sua tia não deixou.

- Por quê?

- Ela... Ela é ligada nessas coisas de família, tradição, geração, reencarnação... Na verdade, a Cris dá mais valor ao meu pai biológico que ao pai dela, meu pai de criação, seu vô Haroldo.

- E você?

- Que tem eu?

- Você dá alguma importância a ele?

Bruno olhou para o quadro de Leo e respondeu:

- Como eu posso dar valor a alguém que não conheci, filho? Eu nunca sequer o vi!

Leonel fechou os olhos por um instante e quando os abriu, disse:

- Você o viu, sim...

Admirado, Bruno olhou para o filho, estranhando a certeza com que ele havia dito aquilo. Aproximou-se dele.

- Você ouviu o que disse, Leonel?

Leonel sentou-se na banqueta do piano e colocou a mão sobre os olhos, sentindo-se estranho. Não respondeu. Estava mais confuso que o pai.

- Como você pode saber disso mais do que eu, rapaz? Seu avô é Haroldo Marques e eu não conheço outro pai. De onde você pode ter tirado essa estória de que eu já o vi se nem eu sei disso?

- Não sei, pai... Esquece. Eu vou... tomar café.

Leonel afastou-se dele e saiu do quarto. Bruno olhou para o quadro de Leo Torres e disse com raiva:

- Qualquer dia eu mesmo jogo essa velharia inútil fora. Já que ele também era um inútil! Você não vai confundir a cabeça do meu filho como quase confundiu a minha.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) – CAPÍTULO 9

“PESADELO”

O AMOR DE DEUS É IMENSO! USUFRUA DELE COM AMOR,

AMANDO SEU IRMÃO.

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!

BOM DIA E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/07/2020
Código do texto: T7009094
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.