LEO V - LEO TORRES - FINAL
CAPÍTULO VIII – LEO TORRES (FINAL)
Cristina acordou assustada e sentou-se na cama, chorando. Cobriu o rosto com as mãos e soluçou muito, até que foi aos poucos descobrindo onde estava. Olhou para os pés da cama e seus olhos começaram a reconhecer o vulto de Leo sentado aos pés da cama, olhando para ela, também com o rosto molhado de lágrimas.
Ela respirou profundamente e conseguiu perguntar.
- Então... foi assim?
Ele não respondeu. Ela levantou-se na cama e sentiu uma grande vontade de abraçá-lo. Ia se aproximar dele, mas Leo a impediu apenas com um gesto de sua mão.
- Não!
- Eu quero muito abraçar você... não quero que você vá embora.
- Cristina...
- A gente vai ter que passar toda eternidade longe um do outro?
- Não... Eu vou voltar, prometo.
- Me leva com você, então...
Ele sorriu e balançou a cabeça.
- Criança... Você não entendeu nada?
- Entendi... mas não me conformo... Você não pode estar... Fica comigo.
- Não posso... Mas eu vou estar sempre com você... e com o Bruno.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
- Como eu pude... tocar você?
- Você não me tocou. Você sentiu meu toque. Você me sente, como eu te sinto cada vez que você entra nessa casa. Você está me vendo porque sempre soube que eu estava aqui. Quando você tocou minha mão, aquilo não era nada mais que a sua sensibilidade agindo em função de mim. Eu precisava que você não duvidasse que eu estava aqui, antes de poder te contar tudo.
Cristina sorriu.
- Posso pegar sua mão de novo, antes de você ir?
Leo olhou para ela com ternura e lhe estendeu a mão aberta com a palma virada para cima. Cristina aproximou-se mais dele, hesitante, como se temesse que ele fosse desaparecer no ar.
O toque da mão dela na dele foi quase como um sonho. Cristina sentiu uma enorme paz invadindo seu corpo, quando ele a envolveu num abraço.
Quando abriu os olhos de novo, não era mais Leo que ela via, e sim Bruno, que a abraçava.
- Cris... Acorda, mana.
- Bruno!
- Sou eu, gatinha. O que foi? Você demorou e eu subi. O que foi que houve? Pegou no sono aqui? O que você tem? Está sentindo alguma coisa?
Cristina olhou em volta e o quarto estava novamente sujo e empoeirado. Leo tinha ido embora para sempre. Ela encostou o rosto no peito do irmão e chorou sentido.
Bruno olhou para o quadro do pai e tentou imaginar o que teria acontecido entre ele e a irmã naquele quarto. No fundo, lá dentro de seu coração, gostaria de tê-lo visto também...
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Bruno casou-se com Laís, logo que terminaram as reformas do casarão e passou a morar nele com a mulher e Cristina.
Gilda se casou com Ivan, dois meses depois, e foi passar a lua-de-mel na Argentina.
Durante esse tempo, Cristina continuou sonhando com Leo e passou a dormir em seu antigo quarto que continuou do mesmo jeito. Ela não quis que mudassem nada lá dentro, nem as fotos sobre o piano.
Numa tarde, Bruno procurou por ela e foi encontrá-la no quarto, olhando distraída pela janela. Bruno aproximou-se devagar por trás e a abraçou pela cintura, tentando assustá-la.
- Bu!
- Ai, Bruno! - zangou-se ela, rindo depois e batendo nele. – Você sabe há muito tempo que eu não tenho medo de fantasma.
- Você adora ficar aqui dentro do seu quarto só pra continuar paquerando meu pai, não é, garota?
- Não brinque com isso... ela falou séria, colocando a mão no rosto dele.
- Desculpe, mas é que eu sempre tenho a impressão de que você ainda espera por ele, quando fica horas aqui dentro desse quarto.
- Ele vai voltar, você vai ver.
- Você devia arrumar um namorado de carne e osso. Eu ainda quero ter sobrinhos, minha irmã.
Ela sorriu e não respondeu.
- Subi pra te contar uma novidade.
- Novidade? Que novidade?
- Adivinha! Te dou um doce se adivinhar.
- Ah, sei lá! Ganhou na loteria?
- Não, bobona! Melhor!
- Não faço a mínima ideia. Sou tão péssima em adivinhações... Conta logo!
- A sua cunhada está grávida!
Cristina sentiu uma coisa estranha no peito e ela se voltou para ele com os olhos brilhando.
- Eu sabia! Eu sabia!
- Sabia do que, Cris?
- O Leo... O meu Leo vai voltar!
- O quê? Pirou na batatinha de novo, maluca?
- O meu Leo vai voltar no seu filho!
Bruno franziu as sobrancelhas.
- O quê?
- Ele disse pra mim que um dia ia ter a oportunidade de dizer pra você o quanto te amava. Seu filho vai fazer isso por ele, Bruno!
Bruno se afastou dela e deu as costas, depois voltou-se e riu.
- Cristina Marques... Como... por Cristo... meu pai vai voltar nesse mundo... como meu filho?
- Eu sei que vai, eu sinto isso!
Ele balançou a cabeça e sorriu.
- Só na sua cabeça, mesmo. Mas eu não vou discutir com você, só acho que você devia parar de pensar tanto em Leo Torres. Ia fazer bem pra sua cabeça. Esse cara morreu há mais de dezesseis anos, passou!
- Esse cara era seu pai, Bu!
- É, foi, mas se eu fosse você tratava de começar a viver sua vida porque daqui um tempo vai ser tarde demais.
- Eu ainda vou te provar que estou certa.
- Tá, tudo bem. Não quero falar mais nisso, disse ele, beijando sua testa. – O lanche vai estar pronto daqui a pouco. A Laís passou numa confeitaria lá perto do hospital e comprou uma rosca de chocolate dos deuses. Ela já começou a comer por dois! Você vai amar. Desce logo, viu?
- Já desço. Ah, parabéns... papai!
Ele lhe mostrou a língua e foi para a porta, mas antes voltou-se, olhou em volta e brincou:
- Convida o Leo pra tomar café com a gente.
- Ele já está lá embaixo...
Bruno ficou sério e se arrepiou inteiro.
- Como assim?
- Ele está na barriga da Laís, esqueceu?
Bruno virou os olhos e passou a mão pelos cabelos.
- Você vai acabar me enlouquecendo com essa estória, Cristina! Desce logo.
Ele saiu do quarto. Cristina sorriu e olhou para o quadro de Leo na parede, com seu eterno sorriso. Sorriu para ele e viu aos poucos o rapaz aparecer ao lado da fotografia, sorrindo também.
Cristina suspirou e disse:
- Eu te amo...
- Eu também te amo... Até a volta!
- Até a volta!
Sete meses depois, Laís dava a luz um menino.
LEO V – CAPÍTULO 8
“LEO TORRES (FINAL)”
OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!
PELA PIEDADE, PELO AMOR E PELAS BÊNÇÃOS!
CONTINUE NOS PROTEGENDO
COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!
BOA TARDE E OBRIGADA!